sexta-feira, dezembro 02, 2005
Como Viver
Buda afirmou que somos os artífices de nossos próprios destinos. De fato, Deus nos brindou com o livre-arbítrio, ou direito de escolha, permitindo-nos seguir o caminho que desejarmos, alertando-nos, contudo, por intermédio de Seus emissários, sermos os únicos responsáveis pelos bens ou males por que viermos a passar, visto nos tornarmos responsáveis por tudo quanto criamos.
Assim sendo, não nos cabe atribuir a Ele nenhuma culpa pelos sofrimentos por que passamos, decorrentes única e exclusivamente de nossas próprias atitudes. Somos nós que nos punimos ou premiamos, com os resultados daquilo que fazemos. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
É indiscutível que Ele nos ama de tal forma que nos pede, falando silenciosamente aos nossos corações, para nos entregarmos a Ele a cada instante de nossas vidas, deixando-O manifestar-se em todos nossos pensamentos, palavras e atos, a fim de alcançarmos uma vida tranqüila, harmoniosa e repleta de resultados benéficos em qualquer empreendimento.
Como disse São Paulo aos Coríntios, somos os Templos Vivos de Deus, cabendo-nos apenas ter consciência desta verdade, ou seja, de que Ele habita em nosso interior, para obtermos a realização dos mais lindos sonhos. Somos UM com o Pai, como afirmou Jesus.
No livro O Caminho do Mago, de Deepak Chopra, diz o autor que, quando Deus olha para os homens, para os animais, para as plantas, para as pedras, para os rios e mares, só vê Sua própria imagem, pois somos Suas criações. Ao sentirmos essa unidade, veremos em cada irmão nosso próprio reflexo. Não na parte externa, mas no íntimo, no âmago de seus corações, onde reside a divindade que, em muitos, continua adormecida.
Imaginemos ser Deus uma imensa árvore, da qual somos galhos, e que, portanto, devemos funcionar de acordo com a Sua vontade. Se quisermos viver por nossa própria conta, eliminando tal vínculo, teremos que quebrar o galho que somos dessa árvore bendita. O que ocorre então com o galho cortado da árvore?...Por certo murchará e morrerá ao fim de algum tempo, o que significa que não podemos viver sem Deus. No entanto, se continuarmos ligados a ela, floresceremos e daremos os mais saborosos frutos.
Se aceitarmos que somos Suas manifestações aqui na Terra, tudo quanto fizermos consistirá na divulgação de Suas mensagens de Amor, Paz, Sabedoria e Verdade, esquecendo-nos de nós mesmos, como personalidades divididas, deixando-nos guiar por Suas Divinas Mãos.
Nada conseguiremos pelo simples fato de ouvirmos uma instrução ou orientação, sem a seguirmos, lembrando-nos das palavras de Ramakrishna ao salientar que o simples fato de repetirmos centenas de vezes o nome de qualquer bebida alcoólica não nos leva à embriaguez. Para que tal aconteça, necessitamos bebê-la. Da mesma forma, não adianta falarmos sobre determinado ensinamento sem o pormos em prática, pois nos limitamos a repetir o que outros conseguiram realizar, sem nos esforçarmos para alcançar aquilo que desejamos.
A graça de Deus não nos vem de graça, cabendo-nos atentar para a recomendação bíblica: “Faça de sua parte que Eu o ajudarei.” Estamos aqui, portanto, para cumprir as missões que nos foram confiadas e, assim sendo, só conseguiremos qualquer resultado quando procurarmos executar as tarefas a nós atribuídas.
Se as fizermos com amor, empenho, entusiasmo e dedicação, os resultados serão os melhores possíveis. Se, porém, agirmos com má vontade, reclamando serem nossos serviços muito pesados e em desacordo com nossas personalidades, as conseqüências serão bem diferentes. Finalmente, se nos negarmos a executar os serviços que nos foram confiados, por mais humildes que sejam, nada conseguiremos a não ser uma vida de sofrimentos.
Creiam que estamos aqui porque Deus necessita de nossas mentes, de nossas mãos, de nossos pés e, acima de tudo, de nossos corações, para podermos manifestar todas as Suas características de Amor Incondicional, Luz Inefável e Sabedoria Infinita. Deus é a Vinha Verdadeira e nós somos os Seus frutos.
Procuremos, portanto, ser frutos saborosos, repletos de Sua doçura, de Sua bondade, de Seu amor, para espalharmos apenas Suas Bênçãos mais elevadas a todos os companheiros, a fim de transformarmos esta Terra bendita no Reino de Deus, onde só impere a Sublime Felicidade.
Para tanto se faz mister uma vida material virtuosa e veraz, como base ou alicerce para nossa elevação ou crescimento espiritual, porque aquele que alcança a Verdade, atinge o ápice da felicidade, pois se torna liberto de todos os males. Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.
Fonte:
José Maria Nogueira, “Como Devemos Viver”, O Pensamento (Órgão do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento), pp. 281-285, novembro/dezembro 2005.