terça-feira, janeiro 23, 2007

 

O Segredo da Vida, da Luz e do Amor - 15


A Confusão das Idéias


A Lei Cósmica da Desintegração entra em atividade desde o momento que o poder dirigente da Inteligência é tolhido de qualquer forma. Assim, desde o momento em que o indivíduo deixa de reconhecer a Deus como seu Guarda, Protetor e Guia, as manifestações inferiores da Força Cósmica Universal o atacam de todos os lados. Não entraremos no estudo do fato material do Dilúvio e passaremos apenas a analisar o simbolismo da Arca.

Como a "Água" [do Dilúvio] significa o princípio psíquico, então a Arca designará aquilo que se apóia no princípio psíquico e que tem uma natureza oposta, porém, correspondente, a saber: o nosso corpo. A Arca não é independente da água, porém é formada com o fim de flutuar sobre ela, e assim, também, o corpo é expressamente adaptado à natureza do homem de modo a formar com ela o princípio espiritual da Vida, uma individualidade completa.

Ora, é precisamente no reconhecimento dessa Totalidade que se encontra refúgio contra todas as perturbações psíquicas. Não se pode esquecer de que o corpo é, em igualdade com a alma, instrumento de manifestação do Espírito. É a união dos três num só todo, que constitui a realidade completa da Vida e, portanto, o corpo, que também é sagrado, é representado pela santidade da Arca.

A Arca de Noé era uma construção sólida, feita conforme um modelo, cujos detalhes foram dados pelo Divino Arquiteto, exemplificando assim as proporções exatas do corpo humano; e pode-se notar ainda, de passagem, que as proporções do corpo humano representam as principais medidas do sistema solar.

Em resumo, podemos dizer que a Arca, com sua liberdade de movimento sobre as águas, simboliza o fato de que a realização completa da Vida só pode ser alcançada na Tríplice Unidade de corpo, alma e espírito, e não pela separação entre eles. A verdadeira realidade está na harmoniosa integração dos três em um.

O mundo de Deus é um mundo de Verdade, em que as formas evanescentes não podem tomar o lugar da Realidade perfeita, e a Arca é um dos símbolos dessa realização. Essa realização completa da Tríplice Unidade é o primeiro passo para a libertação final. Porém, no ato de escapar do perigo do Dilúvio, o indivíduo encontra outro perigo do lado contrário: o de considerar o lado corporal da vida como sendo tudo, como se acha simbolizado na Bíblia pela Torre de Babel.

Deixando-se absorver pelas forças do plano astral, a humanidade perdeu o seu equilíbrio e materializou o Dilúvio, que a devorou. Em seguida, veio a nova humanidade, com a sua reação materialista, produzindo a Torre de Babel.

Deve-se lembrar que essa torre foi construída de tijolos, isto é, de uma substância que é apenas barro, a mesma "terra vermelha" de que Adão foi formado e, portanto, é inteiramente diversa da Jerusalém Celeste, que é construída com ouro e pedras preciosas.

Uma casa designa naturalmente uma habitação, e a construção da Torre de Babel para livrar-se das águas de um dilúvio é a reação contra o elemento psíquico, a qual nega completamente a existência das coisas espirituais e considera o corpo e seu ambiente material como sendo o homem completo. É o mesmo erro anterior de construir o edifício da Perfeição com base numa só parte, a qual agora passava a ser a material, quando, anteriormente, era a psíquica. Isto equivale a querer matematicamente que um terço seja igual a Um.

A conseqüência natural disso foi a confusão das línguas.

Com efeito, a linguagem é uma expressão do Pensamento, e se as idéias relativas à realidade não contiverem a infinitude de causas secundárias que aparecem no mundo material, não poderão achar-se agrupadas ao redor de uma Unidade Central e, por conseguinte, em vez de constituírem um conhecimento certo, formarão apenas uma multidão de opiniões discordantes baseadas nos aspectos variáveis do mundo externo.

Assim, a humanidade materializada caiu na confusão e divergência de opiniões que vêm dominando desde há muitos séculos.

Existem certos grandes princípios universais que se estendem por todos os planos da existência, descendo desde o mais alto até o mais baixo. Não são numerosos, e não é difícil compreender as relações que existem entre eles, porém, você tem dificuldades em reconhecer a identidade dos mesmos princípios quando os encontra num plano diferente, como, por exemplo, nos planos físico e psíquico, respectivamente, e, por conseguinte, parecem numerosos e complicados.

Pela instrução de Jesus à Samaritana, sabe-se que Deus é o Espírito Universal, e, como universal, não pode ter personalidade.

Todos temos que resolver o problema de nossa relação com a Mente Infinita por nós mesmos, e ninguém pode ajudar-nos nessa luta, que se passa na obscuridade de nosso foro íntimo.

As pessoas que viram a Veradade não podem mais fechar os olhos. O ponto de vista que guia seus passos não pode ser compreendido pelos que o rodeiam.

A concentração de esforço é o primeiro fator da vitória. O nome de Israel se compõe de três sílabas, cada uma das quais tem um grande valor. A primeira , Is, exprime a aspiração do ar e, assim, designa o Princípio da Vida em geral e, particularmente, a vida individual. No Egito, a individualização do Princípio da Vida tinha o nome de culto de Isis, ou princípio feminino. A sílaba Ra é o nome do grande deus solar egípcio, ou princípio masculino. A terceira sílaba, El, denota o Ente Universal e sua individualização no homem (Elohim). Enfim, as três sílabas combinadas denotam a harmonia entre os três elementos: corpo, alma e espírito.

Para que o ser humano possa alcançar a liberdade, é preciso que realize esses três aspectos do Ser: o físico, o psíquico e o espiritual.

Nunca se deve perder de vista que existe UMA SÓ VIDA, embora haja três expressões diversas em nós, e é pela harmonização dos três elementos que poderemos constituir nossa entidade perfeita e capaz de manifestar todas as qualidades expressas no nome Israel.

A vida é uma atividade perpétua; não, porém, uma luta incessante. O valor de nossas obras é proporcional à nossa energia de viver e é exatamente na proporção em que expandimos nossos atos que nossa capacidade de vida aumenta.

Ninguém pode desenvolver-se em seu lugar. A rapidez e a firmeza do seu desenvolvimento dependem de seus esforços em adquirir conhecimento das leis físicas, psíquicas e espirituais que regem o desenvolvimento normal do indivíduo.

[continua]

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