terça-feira, abril 17, 2007
Quando comer ?
Fonte: Luiz Kühne, Manual da Ciência da Expressão do Rosto, A Editora, Lisboa, 1908.
Crê-se, geralmente, que devemos comer quando sentimos fome. Mas está na nossa vontade a possibilidade de regular o nosso modo de vida e de fixar a manifestação do apetite. A maior parte das pessoas vive de uma forma tão pouco racional que nunca tem verdadeiramente apetite. Se quizermos observar o que se passa no campo, veremos que os animais sentem fome principalmente de manhã e é, então, o período que tomam a sua refeição mais abundante. Há para isso uma boa razão: é o sol que faz sentir a sua influência com mais vigor.
O dia está dividido em duas partes: a que reanima e vivifica e a que acalma. O período de animação revela-se com o nascer do sol, que incita toda a creação à atividade. O mesmo se dá com a creatura humana: é impossível subtrair-se à influência do sol. Se o homem responde ao apelo da natureza, se se levantar cedo, se sair e respirar a atmosfera vivificadora, bem depressa se convencerá dos efeitos salutares que obtém.
Evidentemente, precisará também dar grande importância ao período de calma que começa desde que o sol tenha passado pelo zênite, isto é, logo depois do meio dia. O efeito desta parte do dia será o de um gradual decrescimento, uma diminuição das atividades, até que, por fim, ao pôr do sol, virá a hora do repouso, da quietação, hora essa em que a humanidade, assim como as outras espécies de animais, deseja adormecer e sossegar.
Enquanto dura o período de animação, sentimo-nos aptos para o trabalho e o nosso corpo está vigoroso e cheio de energia; o período calmante relaxará as nossas forças e vem-nos o desejo de repousar, de dormir. Tudo isso terá a sua influência nos órgãos digestivos. De manhã, a digestão far-se-á melhor, diminuindo de atividade depois do meio dia e tornando-se muito fraca à noite.
Disso se depreende que deveremos comer sobretudo de manhã ou na primeira parte do dia, enquanto que, à tarde, apenas está indicado tomar pequenas quantidades de alimento. Os doentes, muito especialmente, nunca deveriam esquecer-se deste preceito; será o melhor meio de utilisarem as suas forças e de conseguirem o máximo de vitalidade possível.
Objetar-me-ão talvez que as pessoas doentes muitas vezes não têm apetite de manhã e que, sem a sensação da fome, não se deverá comer. Todavia essa falta de apetite, pela manhã, é muito simplesmente um sintoma duma digestão muito enfraquecida, ou então de que os orgãos digestivos têm sido obrigados a funcionar a horas inoportunas.
Os nossos sistemas modernos de iluminação contribuem bastante para fazermos da noite dia. Mas por mais admiráveis que possam ser, essas invenções da nossa civilização trazem-nos muitas vezes grandes desvantagens. As refeições fazem-se a horas, cada vez, mais tardias. Essa alimentação, feita muito tarde, nunca poderá ser perfeitamente digerida; fatiga o aparelho digestivo de tal forma que, pela manhã, ele não terá vontade alguma de funcionar, nem mesmo a energia necessária para trabalhar. E além disso, durante a noite, o corpo não terá podido gozar o necessário repouso, porque os alimentos, ainda mal digeridos, excitá-lo-ão ao trabalho e, quando chega a manhã, sentirá provavelmente maior cansaço do que na véspera, à noite.
É preciso portanto conformarmo-nos com estes conselhos e os doentes deverão absolutamente seguí-los, se têm algum desejo de curar-se. Desde que se deitem sem ceiar, ou, quando muito, tendo tomado, apenas, uma refeição ligeira, todas as manhãs começarão a sentir fome.
Naturalmente, será necessário modificar os hábitos da vida e começar a ir para a cama cedo. Levantar, pela manhã cedo. Na segunda noite, já se sentirá a necessidade de dormir mais cedo do que habitualmente e o organismo acostumar-se-á bem mais depressa do que se imagina, a esta nova ordem de coisas.
Devemos também decidir-nos a trabalhar tanto quanto possível no período vivificador do dia; é este, e não o período de calma, que foi reservado para o trabalho. É durante a primeira parte do cia que os atos mais importantes da humanidade - a procriação, por exemplo - devem ser executados. A fecundação será mais perfeita e a fecundidade mais sã. E visto que se trata de melhorar a geração futura, e de torná-la mais vigorosa, deveremos procurar-lhe condições mais favoráveis.
Há exemplos, em que certos homens que se julgavam estéreis porque de noite nunca tinham podido procriar, conseguiram ter filhos, copulando pela manhã, durante o período vivificador. Não são apenas os doentes, também os entes sãos deveriam abster-se de praticar o ato sexual à noite; o corpo está fraco, fatigado do trabalho, das irregularidades, das contrariedades do dia, e tudo isto tem uma influência nefasta na fecundação. Todos nós procuramos evitar qualquer coisa que possa ser fatal ou prejudicial aos nossos filhos!
Se esses que vivem uma vida irregular, praticassem o coito pela menhã, o fruto da sua fecundação seria melhor, visto que muitas imperfeições não seriam transmitidas tão diretamente ao germe, pois o organismo, depois de uma noite de repouso, teria recuperado uma parte das suas energias. Atentemos nas consequências fatais do alcoolismo: os filhos procriados por pais em estado de embriaguês, serão mentalmente inertes, ou mesmo idiotas.
Arrangemos, pois, a nossa vida de forma a cumprir com todos os nossos deveres importantes antes do meio dia, tomando as nossas refeições principais neste período, e quando chegarmos à tarde poderemos ir começando descançar, e pouco a pouco, quando vier a noite, já sem sentirmos grande fadiga, meter-nos-emos na cama.
É para a noite que as doenças agudas sobretudo se manifestam, porque nessa ocasião o organismo não oferece grande resistência. Qual, dentre nós, não percebe que a febre aumenta de intensidade para a noite? Isso, é claro, resulta da fadiga orgânica que há a essa hora.
O ano também tem um período de animação e um período de calma. Durante o período de calma, as doenças chamadas epidêmicas propagar-se-ão, porque as febres não encontrarão fortes resistências, como vimos suceder na parte repousante do dia.
Os animais, que vivem em liberdade, sentem uma menor necessidade de alimento quando se aproxima o inverno (vide a hibernação dos ursos), de forma que o pouco que encontram na terra quase sempre lhes basta. A energia digestiva diminui gradualmente nessa época do ano; porisso, a espécie humana em tal época deverá alimentar-se menos: é perfeitamente normal praticar o jejum de inverno. Porém, nós costumamos regular a nossa vida habitualmente de um modo oposto. É no inverno que celebramos toda a espécie de festas e os médicos são os primeiros a aconselhar-nos a necessidade de consumir mais alimento no inverno do que no verão, para sentirmos menos frio. Isto é um erro de onde podem resultar conseqüências muito graves. Observando os animais que vivem ao ar livre, certificamo-nos da verdade.
Nos trópicos, em que a posição relativa do sol quase não se modifica, a influência da lua parece imperar. Aí, o período de animação alterna com o da calma, duas vezes por mes. O dia terá evidentemente as suas duas partes distintas, como entre nós (Alemanha). Tem-se observado, nos países quentes, que a madeira abatida durante os quartos crescentes da lua não se conserva, ao passo que a cortada nos minguantes é boa e sólida.
Kuhne explica o fenômeno dos períodos de atividade e de repouso usando o sol e a rotação da Terra. Ele afirma que o "atrito" da manhã, quando os raios solares vêm pela nossa frente (devido à rotação da Terra e a posição fixa dos raios solares) será muito mais forte que durante a tarde, quando os raios já nos batem por detraz. Podem talvez levantar-me a objeção de que o calor aumenta muitas vezes logo depois do meio dia; mas isso explica-se muito facilmente: o calor já produzido não se perde e a ele vem juntar-se o calor novo.
Até nós, do mesmo modo, a força motriz da terra estende a sua influência. De modo que no período vivificador, os raios solares, vindo procurar-nos, estimulam-nos, enquanto que no período de tranqüilidade, a nossa atividade diminuirá. Precisamos, portanto, por a nossa vida de acordo com a natureza.
Meu comentário: Jesus, no livro O Evagelho Essênio da Paz, recomenda que a nossa primeira (e talvez única) refeição diária seja feita próxima do meio dia. Isto não conflita com a recomendação acima do Kuhne.
O dia está dividido em duas partes: a que reanima e vivifica e a que acalma. O período de animação revela-se com o nascer do sol, que incita toda a creação à atividade. O mesmo se dá com a creatura humana: é impossível subtrair-se à influência do sol. Se o homem responde ao apelo da natureza, se se levantar cedo, se sair e respirar a atmosfera vivificadora, bem depressa se convencerá dos efeitos salutares que obtém.
Evidentemente, precisará também dar grande importância ao período de calma que começa desde que o sol tenha passado pelo zênite, isto é, logo depois do meio dia. O efeito desta parte do dia será o de um gradual decrescimento, uma diminuição das atividades, até que, por fim, ao pôr do sol, virá a hora do repouso, da quietação, hora essa em que a humanidade, assim como as outras espécies de animais, deseja adormecer e sossegar.
Enquanto dura o período de animação, sentimo-nos aptos para o trabalho e o nosso corpo está vigoroso e cheio de energia; o período calmante relaxará as nossas forças e vem-nos o desejo de repousar, de dormir. Tudo isso terá a sua influência nos órgãos digestivos. De manhã, a digestão far-se-á melhor, diminuindo de atividade depois do meio dia e tornando-se muito fraca à noite.
Disso se depreende que deveremos comer sobretudo de manhã ou na primeira parte do dia, enquanto que, à tarde, apenas está indicado tomar pequenas quantidades de alimento. Os doentes, muito especialmente, nunca deveriam esquecer-se deste preceito; será o melhor meio de utilisarem as suas forças e de conseguirem o máximo de vitalidade possível.
Objetar-me-ão talvez que as pessoas doentes muitas vezes não têm apetite de manhã e que, sem a sensação da fome, não se deverá comer. Todavia essa falta de apetite, pela manhã, é muito simplesmente um sintoma duma digestão muito enfraquecida, ou então de que os orgãos digestivos têm sido obrigados a funcionar a horas inoportunas.
Os nossos sistemas modernos de iluminação contribuem bastante para fazermos da noite dia. Mas por mais admiráveis que possam ser, essas invenções da nossa civilização trazem-nos muitas vezes grandes desvantagens. As refeições fazem-se a horas, cada vez, mais tardias. Essa alimentação, feita muito tarde, nunca poderá ser perfeitamente digerida; fatiga o aparelho digestivo de tal forma que, pela manhã, ele não terá vontade alguma de funcionar, nem mesmo a energia necessária para trabalhar. E além disso, durante a noite, o corpo não terá podido gozar o necessário repouso, porque os alimentos, ainda mal digeridos, excitá-lo-ão ao trabalho e, quando chega a manhã, sentirá provavelmente maior cansaço do que na véspera, à noite.
É preciso portanto conformarmo-nos com estes conselhos e os doentes deverão absolutamente seguí-los, se têm algum desejo de curar-se. Desde que se deitem sem ceiar, ou, quando muito, tendo tomado, apenas, uma refeição ligeira, todas as manhãs começarão a sentir fome.
Naturalmente, será necessário modificar os hábitos da vida e começar a ir para a cama cedo. Levantar, pela manhã cedo. Na segunda noite, já se sentirá a necessidade de dormir mais cedo do que habitualmente e o organismo acostumar-se-á bem mais depressa do que se imagina, a esta nova ordem de coisas.
Devemos também decidir-nos a trabalhar tanto quanto possível no período vivificador do dia; é este, e não o período de calma, que foi reservado para o trabalho. É durante a primeira parte do cia que os atos mais importantes da humanidade - a procriação, por exemplo - devem ser executados. A fecundação será mais perfeita e a fecundidade mais sã. E visto que se trata de melhorar a geração futura, e de torná-la mais vigorosa, deveremos procurar-lhe condições mais favoráveis.
Há exemplos, em que certos homens que se julgavam estéreis porque de noite nunca tinham podido procriar, conseguiram ter filhos, copulando pela manhã, durante o período vivificador. Não são apenas os doentes, também os entes sãos deveriam abster-se de praticar o ato sexual à noite; o corpo está fraco, fatigado do trabalho, das irregularidades, das contrariedades do dia, e tudo isto tem uma influência nefasta na fecundação. Todos nós procuramos evitar qualquer coisa que possa ser fatal ou prejudicial aos nossos filhos!
Se esses que vivem uma vida irregular, praticassem o coito pela menhã, o fruto da sua fecundação seria melhor, visto que muitas imperfeições não seriam transmitidas tão diretamente ao germe, pois o organismo, depois de uma noite de repouso, teria recuperado uma parte das suas energias. Atentemos nas consequências fatais do alcoolismo: os filhos procriados por pais em estado de embriaguês, serão mentalmente inertes, ou mesmo idiotas.
Arrangemos, pois, a nossa vida de forma a cumprir com todos os nossos deveres importantes antes do meio dia, tomando as nossas refeições principais neste período, e quando chegarmos à tarde poderemos ir começando descançar, e pouco a pouco, quando vier a noite, já sem sentirmos grande fadiga, meter-nos-emos na cama.
É para a noite que as doenças agudas sobretudo se manifestam, porque nessa ocasião o organismo não oferece grande resistência. Qual, dentre nós, não percebe que a febre aumenta de intensidade para a noite? Isso, é claro, resulta da fadiga orgânica que há a essa hora.
O ano também tem um período de animação e um período de calma. Durante o período de calma, as doenças chamadas epidêmicas propagar-se-ão, porque as febres não encontrarão fortes resistências, como vimos suceder na parte repousante do dia.
Os animais, que vivem em liberdade, sentem uma menor necessidade de alimento quando se aproxima o inverno (vide a hibernação dos ursos), de forma que o pouco que encontram na terra quase sempre lhes basta. A energia digestiva diminui gradualmente nessa época do ano; porisso, a espécie humana em tal época deverá alimentar-se menos: é perfeitamente normal praticar o jejum de inverno. Porém, nós costumamos regular a nossa vida habitualmente de um modo oposto. É no inverno que celebramos toda a espécie de festas e os médicos são os primeiros a aconselhar-nos a necessidade de consumir mais alimento no inverno do que no verão, para sentirmos menos frio. Isto é um erro de onde podem resultar conseqüências muito graves. Observando os animais que vivem ao ar livre, certificamo-nos da verdade.
Nos trópicos, em que a posição relativa do sol quase não se modifica, a influência da lua parece imperar. Aí, o período de animação alterna com o da calma, duas vezes por mes. O dia terá evidentemente as suas duas partes distintas, como entre nós (Alemanha). Tem-se observado, nos países quentes, que a madeira abatida durante os quartos crescentes da lua não se conserva, ao passo que a cortada nos minguantes é boa e sólida.
Kuhne explica o fenômeno dos períodos de atividade e de repouso usando o sol e a rotação da Terra. Ele afirma que o "atrito" da manhã, quando os raios solares vêm pela nossa frente (devido à rotação da Terra e a posição fixa dos raios solares) será muito mais forte que durante a tarde, quando os raios já nos batem por detraz. Podem talvez levantar-me a objeção de que o calor aumenta muitas vezes logo depois do meio dia; mas isso explica-se muito facilmente: o calor já produzido não se perde e a ele vem juntar-se o calor novo.
Até nós, do mesmo modo, a força motriz da terra estende a sua influência. De modo que no período vivificador, os raios solares, vindo procurar-nos, estimulam-nos, enquanto que no período de tranqüilidade, a nossa atividade diminuirá. Precisamos, portanto, por a nossa vida de acordo com a natureza.
Meu comentário: Jesus, no livro O Evagelho Essênio da Paz, recomenda que a nossa primeira (e talvez única) refeição diária seja feita próxima do meio dia. Isto não conflita com a recomendação acima do Kuhne.
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