quinta-feira, novembro 29, 2007

 

Magnetismo e Saúde - 3


ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA CONTRA A DEPRESSÃO
[1]
Procedimento indolor e não-invasivo revela-se eficaz no tratamento de alguns transtornos mentais em pacientes com restrição medicamentosa

Uma nova técnica de abordagem e tratamento de desordens neuropsiquiátricas permite explorar, ativar ou inibir funções cerebrais de forma indolor e não-invasiva. Trata-se da estimulação magnética transcraniana (TMS, na sigla em inglês). Neste método, pulsos eletromagnéticos dirigidos sobre o crânio atravessam os tecidos e geram correntes elétricas fracas, capazes de provocar alterações na atividade das células nervosas.

Segundo Roni Broder Cohen, da Faculdade Paulista de Medicina, que se especializou em TMS na Escola Médica de Harvard, a técnica é aprovada para uso clínico em diversos países - no Brasil, um dos pioneiros no método, o neuroestimulador magnético teve seu uso autorizado pela Anvisa em junho de 2000.

Como diretor do Centro Brasileiro de Estimulação Magnética, Cohen assinala as principais indicações da estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr):

1. Depressão resistente: Cerca de 30% dos pacientes não respondem aos fármacos antidepressivos. Para esses indivíduos, até recentemente a única alternativa era a eletroconvulsoterapia (eletrochoque). A EMTr é bem indicada nesses casos, com eficácia semelhante e a vantagem de não provocar tantos efeitos colaterais.

2. Restrição ao uso de fármacos: A depressão pós-parto acomete 15% das mulheres, e o tratamento com antidepressivo exige a interrupção da amamentação. A EMTr é um recurso muito útil para esses casos. Pacientes com doença hepática ou renal, que não podem tomar muitas medicações, sob o risco do agravamento de sua condição disfuncional orgânica ou por intoxicação com os medicamentos, são diretamente beneficiados por essa técnica.

3. Problemas com os efeitos colaterais dos remédios: Os antidepressivos causam aumento de peso, dificuldades de concentração e queda da libido, conseqüências que alteram a vida social do paciente. Diante do dilema "ficar deprimido pela doença ou acabar se deprimindo e prejudicando seu relacionamento pela falta de prazer", muitos acabam abandonando o tratamento medicamentoso. Por essa razão é expressivo o número de pacientes homens que buscam a EMTr a fim de suspender os fármacos.

Pessoas idosas, que tomam diversas medicações, são em geral muito mais sensíveis aos efeitos colaterais dos antidepressivos, quer pela quantidade de interações medicamentosas, quer pela maior sensibilidade do organismo em si. Pacientes imunodeprimidos ou oncológicos, que apresentam quadro de depressão coexistente, são também beneficiários desse tipo de técnica rápida, eficaz e não-invasiva.

Cohen estima que a taxa de resposta terapêutica favorável situa-se em torno de 75%, superior aos fármacos e semelhante às taxas encontradas com a eletroconvulsoterapia (ECT).

A duração do efeito da técnica varia de três meses a três anos ou mais, dependendo de fatores como condições socioambientais (stress no trabalho, relacionamentos, etc.), além dos recursos internos de adaptação às adversidades do meio. "Essas variáveis independem da eficácia do tratamento, assim como o sucesso de uma cirurgia para úlcera do estômago não pode ser medido pela recidiva de sintomas, caso o paciente continue ingerindo quantidades exageradas de pimenta, café, etc." [em outras palavras, caso o paciente continue com os maus hábitos que levaram ao surgimento do problema de saúde].

Referência:
[1] Luiz Marin, Estimulação magnética contra a depressão, Scientific American: Ciência & Saúde, Edição no. 4, 2007.

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