quarta-feira, fevereiro 24, 2010

 

Os Pontos de Saída


Embora estejamos cheios de amor, júbilo, saúde e otimismo quando compomos o nosso planejamento de vida encarnada no Outro Lado (mundo não-físico, espiritual), temos total consciência de que a existência encarnada que está por vir será no mínimo difícil. Porisso, acrescentamos ao nosso planejamento cinco diferentes pontos de saída da vida física, cinco oportunidades de retornar novamente ao Lar quando sentirmos que já cumprimos praticamente todos os objetivos aos quais nos propusemos antes de aqui chegar. Podemos nos utilizar de qualquer um deles durante a nossa existência - do primeiro, que geralmente acontece quando somos bebês ou crianças bem pequenas, ao quinto, que em geral é planejado para a nossa velhice.

Exemplos clássicos de prontos de saída são cirurgias, doenças, acidentes, quedas - qualquer acontecimento que possa significar uma ameaça de vida. Todos já ouvimos falar de pessoas que sobreviveram a um acidente ou a uma doença que pareciam fatais, o que simplesmente significa que elas optaram por não utilizar aquele ponto de saída. Também ouvimos falar de pessoas que não sobreviveram a um acidente mais simples, a uma doença menos grave, a uma cirurgia de menor importância, ou, em outras palavras, pessoas que decidiram fazer valer um dos seus pontos de saída que, aos olhos dos outros, parecia algo banal. Embora nada seja mais devastador do que a perda (por morte) de um filho, podemos encontrar uma minúscula partícula de consolo no reconhecimento de que até mesmo o corpo de um bebê abriga um espírito sem idade, eterno, que compôs um planejamento antes de vir à Terra e que optou pelo primeiro ponto de saída (partida) que ele mesmo projetou.

Alguns pontos de saída são tão sutis que mal os percebemos quando nos deparamos com eles. Por exemplo, podemos perder um avião que irá cair no percurso. Suspiramos aliviados, pensando no que teria acontecido conosco se não tivéssemos ficado presos num engarrafamento de trânsito. Mas raramente pensaremos nos motivos que nos afastaram da morte (com ciência da Equipe de Supervisão). Escapar por pouco ou evitar um ponto de saída significa que você optou por não utilizá-lo. Assim, quando repensar a sua vida e tentar identificar os pontos de saída que se apresentaram até hoje, não conclua que, se não passou por um trauma que quase resultou em morte, você ainda não teve disponível um ponto de saída. A rigor, nunca sabemos com certeza dos perigos que nos ameaçaram.

Por outro lado, não entre em pânico se olhar para trás e perceber que já teve três ou quatro pontos de saída aos quarenta e poucos anos. Já passei dos sessenta e só vou retornar ao Lar depois dos noventa. Quando planejamos os pontos de saída, coordenamos sua ocorrência com o resto do nosso planejamento. Não os determinamos com um mesmo intervalo de tempo e nem os agrupamos segundo algum esquema supostamente lógico da Terra. O momento em que os pontos de saída devem acontecer é decidido em total harmonia com o planejamento do qual eles fazem parte e com o espírito que os criou, ainda que essa perfeição só se torne visível aos nossos olhos quando também retornarmos ao Lar, onde, então, poderemos compreender as causas de tudo.

Há pouco tempo, estive com uma cliente chamada Maria, cujo filho de seis meses morrera da chamada síndrome da morte súbita infantil, no ano anterior. Ela ainda sofria muito com essa perda, o que era totalmente compreensível. Quando lhe expliquei sobre os pontos de saída, ela me respondeu que não conseguia imaginar como um recém-nascido poderia sentir que já havia cumprido os objetivos de seu planejamento. Entretanto, à medida que nossa conversa foi se aprofundando, descobrimos juntas que a morte daquela criança acabara por reacender o profundo amor que existia entre Maria e seu marido, um amor que parecia ter ficado perdido no tempo, trazendo também, pela primeira vez, uma verdadeira aproximação entre minha cliente e a mãe, através do consolo que procuraram dar uma à outra. Tal como o espírito desse bebê, existem espíritos cujos objetivos são desprovidos de qualquer egoísmo, que estão aqui para o benefício de sua família, da sociedade, da comunidade médica, do sistema judiciário, ou como doadores de algum órgão. Depois, fiquei extremamente feliz por ter podido dar a Maria uma notícia maravilhosa: o outro filho que ela e o marido estão planejando virá em breve e será um menino. Irá nascer num casamento repleto de amor e de real dedicação, terá a avó mais apaixonada do mundo e viverá uma vida longa, feliz, com muita saúde.

Há mais um ponto essencial do qual não podemos nos esquecer e que insisto em salientar sempre que esse assunto é abordado: o suicídio (consciente) jamais, em tempo algum, é projetado, muito menos usado, como um ponto de saída. Nenhum planejamento inclui o suicídio e, como nosso planejamento é um contrato com Deus, tirar a própria vida significa quebrar completamente esse contrato.

Referência:
Sylvia Browne, As Bênçãos do Outro Lado, Editora Sextante, 2003.

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