sexta-feira, julho 30, 2010

 

Evolução e Industrialização


Após alguns séculos, a Revolução Industrial deixou um legado de insatisfação, conflitos e poluição.

Os gigantescos empreendimentos são produtos de uma civilização sem Deus, e causam a destruição dos nobres objetivos da vida humana.

Quanto mais continuarmos a aumentar essas indústrias problemáticas para sufocar a energia vital do ser humano, tanto mais haverá inquietação e insatisfação das pessoas em geral, embora apenas umas poucas pessoas possam viver suntuosamente através dessa exploração.

A energia produtiva do trabalhador é mal usada quando ele é ocupado em empreendimentos industriais... A produção de máquinas operatrizes e ferramentas aumenta o modo de vida artificial de uma classe de proprietários interessados e mantém milhares de homens à mingua e na inquietação. Esse não deve ser o padrão da civilização.

Fábrica é sinônimo de inferno. À noite, as pessoas infernalmente ocupadas tiram proveito de vinho e mulheres para satisfazer seus sentidos cansados, mas não são sequer capazes de dormir bem porque seus vários planos especulativos mentais constantemente interrompem seu sono.

As masmorras de minas, fábricas e oficinas desenvolvem propensões demoníacas na classe trabalhadora. Enquanto isso, o capital realizado floresce à custa da classe trabalhadora, e consequentemente há severos conflitos entre eles, de muitas maneiras.

O auge da qualidade da ignorância é a fabricação das 'necessidades da vida' em indústrias e oficinas, excessivamente importantes na era de Kali (ou a era da máquina). Por que? Porque, na realidade, não há necessidade das mercadorias manufaturadas.

Qual a necessidade de uma vida artificial e luxuosa de cinema, carros, rádio, televisão, carne e hotéis? Acaso essa civilização produziu algo além das desavenças individuais e nacionais? Estaria essa civilização promovendo a causa da igualdade e fraternidade (cooperação) ao enviar milhares de homens a fábricas infernais e aos campos de batalha (guerras) por causa dos caprichos de um homem particular?

O verdadeiro problema consiste em a pessoa livrar-se do cativeiro manifesto sob a forma de nascimento, velhice e morte. Alcançar essa liberdade, e não criar necessidades excessivas, é o princípio básico da civilização védica... A civilização materialista moderna é exatamente o oposto da civilização ideal. Todos os dias, os pseudolíderes da sociedade moderna inventam algo que contribui para complicar ainda mais o modo de vida das pessoas, prendendo-as cada vez mais ao ciclo de nascimentos e mortes.

Hoje em dia, as pessoas estão muito atarefadas, procurando petróleo no meio do oceano. Elas estão ansiosas por providenciar o futuro suprimento de petróleo, mas não fazem nenhuma tentativa de melhorar as condições de nascimento, doença, velhice e morte.

Os materialistas pensam que são muito avançados. Mas, de acordo com o Bhagavad-gita, eles não têm inteligência e são desprovidos de todo bom-senso. Eles tentam gozar este mundo material até o limite extremo e porisso sempre se ocupam em inventar algo para aumentar o gozo dos sentidos. Considera-se que tais invenções materialistas são avanço da civilização humana, mas o resultado final é que as pessoas se tornam mais e mais violentas e mais e mais cruéis.

De acordo com a economia védica, considera-se que uma pessoa é rica pela quantidade de cereais (alimentos do mundo vegetal) e vacas que ela tenha. Com apenas essas duas coisas, vacas e cereais, a humanidade pode resolver todos seus problemas econômicos... Todas as outras coisas além destas duas coisas são necessidades artificiais criadas pelo homem para destruir sua vida valiosa no nível humano e perder seu tempo com coisas que não são necessárias.

Se temos suficientes cereais, frutas, vegetais e ervas, então qual a necessidade de manter um matadouro e matar os pobres animais? Um homem não precisa matar animal algum se ele tem suficientes cereais e vegetais para comer. O fluxo das águas de um rio fertiliza os campos, e isso é mais do que necessitamos. Os minerais são produzidos nas montanhas, e as jóias (pérolas) no oceano. Se a civilização human tem suficientes cereais, minerais, jóias, água, leite, etc., por que então deveria ansiar por terríveis empreendimentos industriais à custa do trabalho de alguns homens desafortunados?

O avanço da civilização humana não depende de empreendimentos industriais, mas sim da posse de riqueza natural e alimentos naturais, os quais são supridos pela Suprema Personalidade de Deus de modo que possamos poupar tempo para a nossa auto-realização e termos o sucesso neste corpo de forma humana.

Podemos citar o exemplo de Dvaraka, a milenar cidade do Senhor Krishna. Dvaraka era cercada por jardins floridos e pomares de frutas, junto com reservatórios de água e lótus florescentes. Não se faz menção de engenhos e fábricas abastecidas por matadouros, que são a parafernália necessária das metrópoles modernas. Todas as pessoas dependiam das dádivas naturais de frutas e flores, sem empreendimentos industriais que promovem barracos sujos e favelas como zonas residenciais.

As dádivas naturais, tais como cereais e vegetais, frutas, rios, as colinas de jóias e minerais, e os mares cheios de pérolas, são supridas pela ordem do Supremo, e, de acordo com Seu desejo, a natureza material os produz em abundância ou os restringe de tempo em tempo. A lei natural é que o ser humano pode aproveitar essas divinas dádivas da natureza e com elas prosperar satisfatoriamente, sem ser cativado pela motivação predatória de assenhorear-se da natureza material.

Todas essas dádivas naturais dependem da misericórdia do Senhor. Aquilo de que necessitamos, portanto, é ser obedientes às leis do Senhor e alcançar a perfeição da vida humana através do serviço devocional.

Todos agem sob a influência da natureza material, e somente os tolos pensam que podem melhorar sua condição explorando aquilo que Deus criou.

A prosperidade da humanidade não depende de uma civilização demoníaca desprovida de cultura ou conhecimento, mas que possui apenas arranha-céus gigantescos e automóveis enormes que estão sempre correndo nas rodovias. Os produtos da natureza são o suficiente.

Grãos alimentícios em profusão podem ser produzidos através de atividades agrícolas, e um vasto suprimento de leite, iogurte e ghi pode ser obtido através da proteção às vacas. Mel abundante pode ser obtido com a proteção às florestas.

Infelizmente, na civilização moderna, em vez de se dedicarem à agricultura, os homens estão atarefados em matar as vacas, que são um manancial de iogurte, leite e ghi, estão derrubando todas as árvores que fornecem mel, e abrem fábricas que produzem porcas e parafusos, automóveis e vinho. Desse jeito, como as pessoas podem ser felizes? Elas devem sofrer todas as misérias infligidas pelo materialismo. Seus corpos tornam-se enrugados e aos poucos deterioram-se, chegando ao ponto de tornarem-se nanicos, e, devido à transpiração sórdida, exala um odor repugnante, decorrente do consumo de todos os tipos de coisas asquerosas. Isto não é uma civilização humana.

A natureza já tem um arranjo para nos alimentar: o Senhor fornece alimento tanto para o elefante quanto para a formiga...

Portanto, pessoas inteligentes não devem trabalhar mui arduamente com o propósito de obter confortos materiais. Ao contrário, todos devem poupar suas energias para avançar em consciência de Krishna.

Os demônios estão muito interessados em propor planos através dos quais as pessoas trabalhem arduamente, mas os devotos de Krishna querem ensinar a consciência de Krishna para que as pessoas satisfaçam-se com uma vida simples e com o avanço da consciência de Krishna.

Os sofrimentos da vida humana são causados por um objetivo de vida profano, a saber: o objetivo de dominar os recursos materiais. Quanto mais a sociedade humana se envolver em explorar os recursos materiais inexplorados visando obter gozo dos sentidos, mais enredada na armadilha da energia material ilusória do Senhor ficará ela, e desta maneira a aflição do mundo será intensificada em vez de atenuada.

[continua]

Fonte: A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, Vida Simples, Pensamento Elevado, impresso pela Fundação Bhaktivedanta, Pindamonhangaba-SP-Brasil, 1991.

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Genio.
 
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