sexta-feira, agosto 10, 2012
Oscar Quiroga - 1692
A sentença
Nossa humanidade está aprisionada no centro do labirinto que seus
próprios passos criaram e não pode salvá-la a palavra amorosa de Jesus
nem o exemplo de Buda, que derrotou a morte sentado sob uma árvore. Esse
labirinto é sua própria criação, um filho com o qual mantém uma relação
ambígua, pois sua existência declara a forte paixão que o criou, mas
também a necessidade de esquecê-lo, pois sua mera presença ameaça o
edifício de justificativas intrincadas que servem ao obscuro propósito
de nossa humanidade continuar olhando para outro lado, fingindo que a
miséria que a assola não é com ela. Assim, imperfeita e preservadora de
sua imperfeição, escreve sua própria sentença de morte, porque o belo e
infinito Universo não promove imperfeições.
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