quinta-feira, outubro 11, 2012
Oscar Quiroga - 1750
O ser e o espelho
Os espelhos são teimosos, reproduzem tudo sem nunca errar, atuam
em perfeita sincronia. Você pode tentar desviar o olhar, mas os espelhos
exercem uma atração que vai muito além do narcisismo, a atração dos
espelhos é a mesma que a da verdade, nós queremos ver com nossos
próprios olhos a imagem de nós mesmos e com semelhante fervor queremos
conhecer a verdade que nos liberte. O ser interior que verdadeiramente
somos, ou se esforça constantemente para que o personagem que o
representa no mundo seja a imagem refletida por um espelho liso e de
camada metálica homogênea, ou se esquece de si mesmo e se acostuma com
uma imagem de si refletida em espelhos que deformam, tais como esses que
encontramos em parques de diversões. O trabalho existencial é duplo,
ser quem somos e adotar espelhos fiéis.
Marcadores: Quiroga