sábado, fevereiro 09, 2013
Oscar Quiroga - 1863
Carnaval
Nem precisava ser carnaval, o exagero está garantido pelo urdume
cósmico em que nossa humanidade tece a trama que livremente determina.
Essa sincronia de fatores exagerados no céu e na Terra será motivo de
divertimento para muita gente, afinal, há uma poesia envolvida nisso,
além de, evidente, muito dinheiro também. A apoteose das sensações, de
todos os cheiros, cores e sons que se possam experimentar, a convivência
de ricos e pobres, de famosos e anônimos, o carnaval não deixa de ser
um microcosmo do que, na prática, é a existência normal de nossa
humanidade. Nada deve ser censurado, quem levantar um dedo moralista na
direção do carnaval acabará apenas acusando a si próprio de sofrer uma
chatice incomensurável, uma incapacidade de perceber que a vida dos
sentidos é assim, luxuriante.
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