terça-feira, março 12, 2013

 

Oscar Quiroga - 1893

Revelações


Normalmente contidos, os seres humanos sob pressão, interna e externa, acabam um dia cedendo aos seus mais íntimos impulsos e ficam aí, no centro do palco, nus e transparentes, revelados nas suas fibras mais escondidas, naquilo que normalmente era contido. Há um quê de elegância na contenção, promove o equilíbrio de, por exemplo, andar sobre saltos altos. Porém, há também um quê de neurose na contenção, que nada tem de elegante, o ato de recalcar sistematicamente o que se deseja fazer em benefício de participar de situações com as quais não se tem identificação nenhuma. Quando a contenção neurótica é praticada por anos a fio, o ser humano se esquece de como eram as coisas antes, porém, um dia como hoje, por exemplo, faz detonar os impulsos que revelam ao mundo e a cada ser humano o que serpenteia de verdade em seu interior.

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