quarta-feira, abril 10, 2013

 

A Sinistra Fábrica de Comida


Você nunca sabe tudo o que está incluído em um alimento industrializado que você compra. Existe uma alta probabilidade que ele contenha substâncias que prejudicam a sua saúde. Portanto, prefira sempre ingerir o alimento que você colhe diretamente da natureza. Abaixo um artigo recente [1] que é um alerta a esse respeito. Boa Leitura.

O mundo está engordando. Mais da metade dos norte-americanos adultos pesa mais do que deveria. Na China, pela primeira vez há mais gente acima do peso do que abaixo; a França viu seu índice de obesidade passar de 8,5% em 1997 para 14,5%; no México, essa taxa triplicou nas últimas três décadas.

Para o jornalista norte-americano Michael Moss, ganhador do incensado Prêmio Pulitzer em 2010, a resposta para o fenômeno pode ser resumida em três palavras: sal, açúcar e gordura.

Esses ingredientes, segundo ele, são a fundação da indústria de processamento de alimentos, que a cada dia coloca nos supermercados toneladas de comidas deliciosas - e engordativas.

Aquelas três palavras foram usadas por Moss no título de seu livro [2], em que relata suas investigações sobre o processo produtivo e as práticas comerciais da indústria alimentícia: "Salt Sugar Fat", lançado há pouco nos EUA.

Seu subtítulo, "Como os gigantes da comida nos fisgaram", não deixa dúvida de que esse não é um catálogo de receitas.

Também não é um texto didático de orientação alimentar, mas duvido que mesmo gordinhos praticantes não procurarão repensar sua dieta depois da leitura.

E é bem possível que a eventual conversão do leitor à alimentação saudável não se dê apenas pelas evidências científicas do mal provocado pela "junk food" mas também por revolta contra as práticas da indústria de alimentos processados.

MAQUINAÇÕES

Não que o livro seja um libelo inflamado; ao contrário, é pura reportagem investigativa, fruto de quatro anos de trabalho. Em suas páginas, todos têm voz: indústria, varejo,  cientistas, ativistas em prol da saúde pública e representantes governamentais.

A história que emerge, porém, revela maquinações para seduzir o público que, não raro, vão além dos limites legais - ou morais ou éticos.

Algumas das maiores empresas do setor, aliás, chegaram à conclusão de que estavam exagerando e que poderiam ser consideradas responsáveis pela epidemia de obesidade no mundo.

Em 1999, o tema foi colocado em discussão em uma reunião secreta dos gigantes da indústria. Para alguns deles, era preciso pelo menos mostrar interesse em reduzir o potencial engordativo da comida processada, ligada a alguns tipos de câncer.

A tentativa fracassou sem nunca ter decolado. No fim da apresentação, Stephen Sanger, então presidente da General Mills, disse que os consumidores compravam o que fosse saboroso. "Não venham me falar de nutrição", disse.

De fato, a indústria não só oferece o que o consumidor quer mas faz com que ele queira mais. Essa magia, diz Moss no livro, é obtida pela manipulação das quantidades de açúcar, gordura e sal em cada alimento para ativar os nossos centros de prazer.

Mesmo com toda sua sedução e poder, a indústria foi obrigada a se adaptar às exigências de entidades de defesa do consumidor e a agentes regulamentadores.

Esses últimos, porém, se mostraram ao longo dos anos presas fáceis do lobby corporativo, demorando para agir e formulando regras aquém do recomendado por médicos e ativistas.

CONSUMIDOR

Perdido no meio desse imbróglio, resta ao consumidor, segundo Moss, procurar se informar mais e melhor sobre a comida exposta nas gôndolas de supermercados. "Nós temos o poder de fazer escolhas. Nós decidimos o que comprar. Nós decidimos o quanto comer", afirma ele. 

Uma proclamação que parece um tanto frágil frente a todos os ardis da indústria revelados ao longo do livro.

Referências:
[1] Rodolfo Lucena, A fantástica fábrica de comida, Seção Saúde+Ciência, Jornal Folha de S. Paulo, pg. C7, 8 de abril de 2013.
[2] Michael Moss, Salt Sugar Fat, Editora Random House, 480 páginas. Disponível pela Amazon.com por US$ 15,40 (R$ 30,62).

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