quarta-feira, maio 08, 2013

 

Oscar Quiroga - 1947

Fantasias


Fazer mentalmente a contabilidade de tudo que poderia ter sido se não tivesse acontecido outra coisa diferente, eis o exercício da fantasia! Como sobra vitalidade e nossa humanidade ainda não é destra na arte de pensar, gasta muito tempo nesse exercício da fantasia, que não apenas não leva a nada, mas que também produz uma espécie de labirinto subjetivo em que a alma fica confinada, aparentemente se deliciando com imagens lindas, do que poderia ter sido, não tivesse acontecido coisa diferente. Aceitasse a realidade dos fatos, lidasse com esses e procurasse, numa ocasião futura, fazer diferente, nossa humanidade não se deteria tão excessivamente na fantasia e, pelo contrário, a evitaria, pois constataria que ela a prende num lindo calabouço, mas calabouço enfim! O oposto da fantasia não é a chatice, mas a serenidade mental.

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