quarta-feira, dezembro 21, 2022
Quiroga - 5329
ANOS DIFÍCEIS
Uma coisa é certa, o processo evolutivo de nossa humanidade vem se desenvolvendo em constante aceleração. Em menos de 400 anos a civilização, embora tenhamos progredido geometricamente, como todos somos submetidos a um processo educacional que tem em sua coluna vertebral a veneração ao sofrimento, nós ignoramos os avanços e nos focamos nos retrocessos, os colocando no lugar de protagonistas da história.
Enquanto isso, tudo está bem no mundo de além de nosso limitado entendimento.
Se 2022 foi um ano difícil, a causa não há de ser buscada na coreografia cósmica, mas na teimosa incompetência humana de expressar o que seja maior do que ela, sempre preferindo reduzir o colossal Universo ao alcance do próprio entendimento, o qual é bastante estreito.
Está tudo certo nessa ordem maior que buscamos com medo e ansiedade, porém, se a Vida de todas as vidas continuar encontrando em nós uma variedade de densos véus de ignorância que distorcem e viciam os rios de vida que procuram expressão, continuaremos também vivendo em exílio, presos dentro de um calabouço, o qual está com a porta aberta, mas nós, as almas presas dentro dele, nos martirizando por imaginar que não exista saída, e que por aqui o único destino seja sofrer pela ignorância a que nos agarramos como se fosse um salva-vidas, só que é uma âncora.
A Vida, no entanto, continua seu ofício implacável, exercendo a pressão indicada para reverter a ignorância e nos tornarmos transparentes, enquanto nós, por aqui, apegados que somos ao nosso mundinho temeroso de crescer, a isso chamamos de “anos difíceis”.
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