terça-feira, fevereiro 28, 2023

 

Quiroga - 5397


 NATURALIDADE DE SER

Não há ser humano respirando entre o céu e a terra que possa se considerar livre de qualquer tipo de ambiguidade em seus sentimentos, a única diferença que encontramos é o quanto de consciência há a esse respeito, e o quanto algumas pessoas varrem para baixo do tapete sua própria ambiguidade, fingindo que isso é com os outros.

É melhor partir do princípio de que a ambiguidade é inevitável, e que em vez de questionar que haja qualquer coisa parecida nos teus sentimentos em relação a algumas pessoas que te servem de referência, porque são próximas e cotidianas, ou que haja ambiguidade nos teus sentimentos em relação às tarefas e obrigações que cumpres cotidianamente, melhor aceitar com naturalidade essa duplicidade paradoxal, porque ser humano algum, que seja sincero com sua própria alma, poderia se declarar absolutamente coerente.

Exigir coerência da própria alma é mais um dos tentáculos da severidade moralista a que todos nos acostumamos, porque é familiar, mas é ela que socava ao longo do tempo a relação leve e alegre com a vida que todos poderíamos desfrutar, sem ficar nos cobrando, e cobrando dos outros uma postura artificial, e pior ainda, levando isso a sério como se fosse o fim do mundo simplesmente ser como verdadeiramente somos.

Sermos com naturalidade quem somos, por que isso seria errado?

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