quarta-feira, abril 26, 2023

 

Quiroga - 5453


 AUTOCENTRAMENTO

Não há nada de errado no egoísmo que te orienta a te esforçares para garantir teu bem-estar pessoal, teu progresso e tua felicidade, porém, se a tua existência inteira girar excessiva ou exclusivamente em torno de tuas necessidades e desejos, teus relacionamentos sofrerão grande desgaste, mesmo na eventualidade de que na pessoa que te acompanhar também predomine a mesma dinâmica. Esse inevitável resultado é porque o autocentramento é como um buraco negro cósmico, vai secando e engolindo tudo que estiver por perto, até desidratar a si mesmo e se autodestruir.

A história do autocentramento é sempre a mesma, se repete em todos e em cada um dos seres humanos, variando apenas a proporção e intensidade de suas fases. A história do autocentramento é sempre a mesma, começa coroada com a dignidade do progresso e termina produzindo miséria.

Somos educados para ser autocentrados, a própria estrutura das tradições incentiva o autocentramento, por isso é tão difícil abrir os olhos e reconhecer os equívocos que decorrem do excesso de autocentramento; sem ir mais longe, esse mundo que abominamos é o somatório de todos os excessos egoístas.

A conta do autocentramento excessivo nunca fecha bem, porque na eventualidade imaginária de que nossa humanidade sofra uma mutação cibernética e torne a si mesma um Ego artificial que não precise de mais nada nem de ninguém, a razão de ser do reino humano teria se perdido, a civilização deixaria de existir, não haveria entre nós nada em comum, ficaríamos indiferentes à atração que sentimos uns pelos outros, a atração (mesmo disfarçada de rejeição) que nos motiva ao relacionamento, a encontrar algo em comum que nos una, unidos nem que seja pelo conflito, mas unidos mesmo assim.

O reino humano existe e tem sua razão de ser nos relacionamentos inter-humanos, e na relação de nossa humanidade com os outros reinos da natureza, visíveis e invisíveis.

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