terça-feira, outubro 24, 2023

 

Quiroga - 5611

 O ESTADO DO MUNDO

Na medida em que o rancor e o ressentimento vão se enraizando na alma de nossa humanidade e adotando suas variadas e dissimuladas manifestações nos relacionamentos sociais, e na medida em que vamos normalizando esse estado de coisas, nos convencendo de ser tudo isso mesmo e que mudanças utópicas deveriam ser descartadas para assumir que o jogo é esse e que seria melhor aprender a jogá-lo e nada mais, vamos também agregando barbárie, em doses tão pequenas e hipócritas no dia a dia, que nos parecem inofensivas demais, tendo em vista, aí sim, as atrocidades que os poderes constituídos cometem.

O mundo que tratamos como uma entidade abstrata é o somatório do tipo de pessoa que somos na intimidade de nossas casas, nos relacionamentos próximos, nos pensamentos que elaboramos, nas justificativas que apresentamos diante dos erros que cometemos, nos comentários que fazemos com ar de sabedoria, mas que são pura teoria, distante de nossas experiências.

Para o corpo único de existência, que é o reino humano, o pouco ou o muito de barbárie ou de civilização que cada um de nós pratique no anonimato do coração, é o que define o estado do mundo.

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