quarta-feira, outubro 25, 2023

 

Quiroga - 5612

 JUSTIFICANDO OS ERROS

Apesar de conscientemente rejeitar a ideia de que haja rancor ou ressentimento em nossas almas, mesmo assim a qualquer momento permitimos a sobrevivência de algum ressentimento, porque nos debruçamos silenciosa e intimamente sobre esse e o justificamos com argumentos que não resistiriam a uma análise objetiva, mas nessa hora, quem se importa com a objetividade?

Nós, os humanos, somos muito menos racionais do que pretendemos, na maior parte do tempo em nós prevalece o estado passional, prevalece a raiva que censuraríamos em outrem, mas que deixamos sobreviver em nós, dissimulada de ressentimento, para que pareça a justa reação a algo errado que nos fizeram.

E não é de se descartar que façam coisas erradas contra nós, assim como tampouco há de se descartar que façamos coisas erradas contra outras pessoas, e todos, uns e outros, argumentamos justificando que, no caso deles ou delas, ou de nós mesmos, a ação se justifica, e assim vamos nos destruindo mutuamente em vez de nos servirmos sabiamente uns aos outros.

E tudo isso perdura enquanto não nos dedicarmos com o mesmo empenho e energia com que nos lançamos à discórdia ao que de mais importante há para qualquer ser humano neste momento da história, a transição da consciência individual, autocentrada e egoísta, para a consciência grupal, ampla e inclusiva.

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