terça-feira, novembro 28, 2023

 

Quiroga - 5646

 A SERENIDADE

Nos raros momentos em que a mente está serena, que de tão raros que são nos parecem estranhos, e que nos surpreendem com o peculiar estado de ânimo que percebemos, porque as preocupações se ausentam, tanto que chega até a dar uma ponta de saudade delas, nesse raro instante surge uma música, ou talvez seja apenas um ritmo distante, mas muito profundo e marcante, muito doce, o cântico das órbitas celestes e de nosso coração girando em sintonia com potências magníficas, e a experiência não nos produz medo ou a insegura ansiedade, mas alegria.

Somente nessa hora nós somos quem verdadeiramente somos, distantes dos artifícios que nos escravizam e dos quais parece impossível nos livrarmos, ou se eventualmente surge uma possibilidade como essa, ela vem atrelada a um investimento caríssimo em terapias, exercícios, workshops e retiros espirituais, visitas a templos e grupos de estudo do além, sem a garantia de colocar nossa consciência num lugar estável de compreensão amorosa ao nosso respeito e ao relativo papel que cada um de nós, individual e potencialmente, exerce no Universo.

No fundo, sabemos que não existe terapia, coaching, retiro espiritual ou manobra mágica que nos brinde com a certeza de que o caminho seja esse, porque para recuperar a Graça da serenidade, nada que venha de fora de nós pode fazer algo além de, na melhor das hipóteses, criar um cenário propício para que nós, na intimidade de nosso ser invisível e interior, apontemos intencionalmente nossos desejos aos seres celestiais, e permaneçamos firmes nesse relacionamento.

Não há objetivo mais importante do que esse para um ser humano nascido.

A sinceridade promove certa insegurança, porque nunca se sabe ao certo se as pessoas preferem a verdade ou mentiras confortáveis. Porém, este momento não é a respeito das outras pessoas, mas de sua própria alma.

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