segunda-feira, abril 29, 2024
Quiroga - 5799
SACRIFÍCIO DE DESEJOS
Pensa bem, se a satisfação dos teus desejos fosse realmente o que parece, a prioridade absoluta de tua alma, é certo que não medirias esforços e consagrarias todo teu empenho e recursos nesse sentido, mas na prática de nossa civilização é raro isso acontecer, porque apesar de ardermos interiormente pelos desejos que desejamos, e que ansiamos ver satisfeitos, ainda assim, em nome de suposto combate ao egoísmo, sacrificamos nossos desejos e os substituímos pelos deveres, raramente havendo convergência de ambos.
Valorizamos muito a satisfação de nossos desejos, mas também nos dedicamos a manter a “a saúde da normalidade” de nossos relacionamentos pessoais e de trabalho, e por isso fazemos concessões e sacrificamos desejos, mas para sermos sinceros com nossas almas é imprescindível reconhecer que agimos assim protestando silenciosamente, discordando de como nos metemos nessa enrascada de viver ardorosos desejos para satisfazer, mas de os sacrificar em nome da preservação do contrato social que rege a “saúde da normalidade” civilizada.
E assim consolidamos um perpétuo estado de discórdia e conflito com nossa própria alma, tentando um equilíbrio entre os deveres e os desejos e é graças, ou melhor dito “desgraças” a essa discórdia com nossa própria alma que acabamos transferindo esse estado de coisas aos nossos relacionamentos, vivendo num inútil estado de discórdia constante, quando deveríamos nos auxiliar mutuamente nesse caos autocriado, para nos livrarmos desse peso ancestral que não tem nada mais a ensinar a nossa humanidade.
Se para grandes coisas sua alma imagina ter nascido, então lhe cabe agir com grandeza, evitando cair na tentação da mesquinharia, que é a moeda corrente de quase todos os relacionamentos humanos civilizados. Saia dessa.
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