quarta-feira, agosto 07, 2024

 

Quiroga - 5889

 BOAS E MÁS PESSOAS

Diante da inocência infantil, de que maneira sábia o mundo adulto poderia agir para preparar as crianças a ingressarem na civilização sem elas terem de pagar o preço de perderem a confiança na humanidade?

Como perder a inocência sem perder a confiança? Eis a questão!

Normalmente perdemos a inocência quando experimentamos na própria pele a ambiguidade dos sentimentos, e a traição daqueles que supostamente deveriam cuidar de nós, por sermos ingênuos, ou seja através de situações em que, além da inocência, perdemos também a confiança.

E sem confiar em que, apesar das ambiguidades da civilização, continuaria havendo boa vontade e cuidado nos milhares de boas pessoas existentes, que mundo estaríamos construindo? 

Boas e más pessoas encontraremos inevitavelmente ao longo da existência, porque todos nós somos também pessoas boas e más.

Não existe pessoa boa incapaz de cometer maldades, nem tampouco pessoa má que não possa agir com bondade.

A ambiguidade nos torna completos, sobre esse primeiro passo nos ambientamos melhor animicamente para tratar todo mundo com delicado realismo, evitando forçar a realidade a se encaixar, ora numa denominação ora noutra.

Aceitando a complexidade de nossa estrutura de ser talvez encontremos formas melhores de iniciar a infância para a vida adulta sem que se perca a confiança.

A vida é mágica, mas isso não significa que não se deva fazer nada para que os sonhos se tornem obras consumadas. Essa magia seria ilusória, porque a verdadeira se apoia em movimentos concretos e determinantes.



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