sábado, abril 09, 2005

 

O Chumbo e o Ambiente


O chumbo é um exemplo de "metal pesado", isto é, um elemento químico metálico que na sua forma pura é pesado. Exemplos: chumbo, mercúrio, estanho, cromo, zinco, cobre e urânio. A maioria dos metais pesados são extremamente tóxicos porque, como íons ou em certos compostos, eles podem ser introduzidos para dentro do corpo, onde eles tendem a se combinar com e inibir o funcionamento de certas enzimas. Quantidades minúsculas podem causar efeitos fisiológicos e neurológicos severos.

O uso do chumbo também é um exemplo da violação do Princípio da Ação de Precaução que diz "(1) o ônus da prova da segurança deve recair sobre o proponente de uma nova tecnologia, não sobre o público; (2) quando existir ameaças de dano sério ou irreversível, a falta de certeza científica não deve ser usada como desculpa para adiar medidas que previnam a degradação do meio ambiente."

O chumbo é um tema ambiental importante porque ele é um elemento químico que não se degrada ou se transforma em algum outro material, sendo extremamente difícil a limpeza após sua dispersão no nosso meio ambiente. O chumbo já contamina uma grande parte de nosso ambiente e é prejudicial ao nosso organismo em doses muito pequenas [como a maioria dos metais pesados]; uma vez absorvido no corpo, o chumbo combina-se com e inibe o funcionamento de certas enzimas - geralmente causando conseqüências fisiológicas e neurológicas severas.

O chumbo é um veneno potente. Exposição por curto prazo a altas doses de chumbo pode deixar você seriamente doente. Exposição por longo tempo pode causar numerosos problemas de saúde, como:

. anemia e outras desordens do sangue;
. dano ao seu sistema nervoso e cérebro;
. doença do rim;
. deterioração da reprodução em homens (impotência e esterilidade) e em mulheres (diminuição da fertilidade, ciclos menstruais anormais e aborto espontâneo)

Pessoas que tiveram empregos onde havia altos níveis de exposição ao chumbo possuem 3,4 vezes mais chance de desenvolverem a doença de Alzheimer REF

A sobre-exposição ao chumbo pode também causar defeitos de nascença, retardo mental, desordens de comportamento e a morte de fetos e de crianças jovens. Você pode expor sua família ao chumbo se você trazê-lo para casa com você [por exemplo, em sua pele, seu cabelo ou suas roupas].

Como todos sabem, o chumbo está presente em quase todas as munições das armas de fogo usuais e contribui para matar o meio ambiente (exemplo, os pássaros podem ingerir a bala de chumbo, etc). Podemos também nos envenenar se recebermos esses tiros, obviamente.

3 milhões de crianças norte-americanas (10-15% de pré-escolares) possuem níveis de chumbo suficientemente altos para prejudicar seus desenvolvimentos neurológicos (como problemas de leitura, déficit de atenção, etc). Exposição crônica a baixos níveis de chumbo está relacionado com baixo peso de nascimento, desenvolvimento mental prejudicado, perda auditiva.

Hoje em dia, nenhum nível de chumbo é considerado ser realmente seguro. No entanto, o Seviço de Saúde Pública dos EUA fixou valores de nível "aceitável" de chumbo no sangue (em microgramas por decilitro):

. até 1969, 60 era considerado seguro; porém, depois foi decrescendo...
. 1970 - 40
. 1975 - 30
. 1985 - 25
. 1991 - 10

O nível máximo permitido de chumbo na água de beber é de 0,05 mg/litro. De 20 a 50% de todo o chumbo nas crianças é atribuível à água de beber, dependendo das circunstâncias (EUA, em 1990). Chumbo a 500 ppm no solo ou em resíduo sólido qualifica a substância como "resíduo perigoso".

A poluição por chumbo no meio ambiente dos EUA é predominantemente devido a usos dessa substância no passado. O envenenamento por chumbo pode ocorrer por:

. gasolina com chumbo [usando chumbo tetraetila]. O chumbo da gasolina é o responsável por 80-90% de toda a contaminação por chumbo existente no meio ambiente.
. tinta que usa chumbo
. poeira e solo contendo os casos anteriores
. água de beber (de canos de chumbo e soldas)
. produtos incinerados (e.g., tintas de impressão e papel)
. baterias (consomiu 83% do chumbo usado nos EUA, nos anos 1990)
. tinturas para cabelo
. brinquedos de plástico vinil para crianças
. pesos de chumbo usados para balancear as rodas de veículos automotores
. emissões de certas indústrias

Sob as condições tecnológicas atuais, apenas dois usos praticamente essenciais do chumbo são justificáveis: baterias de chumbo-ácido e blindagem de radiação eletromagnética. Os EUA continuam a introduzir no comércio mais de um milhão de toneladas de chumbo por ano. A indústria de baterias de armazenamento de potência, nos EUA, é o maior usuário final de chumbo, responsável por 83% dos 1,4 milhões de toneladas métricas consumidas em 1993. Este país também é o maior reciclador de sucata de chumbo do mundo, conseguindo cerca de 72% de sua produção total de chumbo refinado a partir da reciclagem de sucata. Entre 1987 e 1996, as emissões de chumbo nos EUA cairam 50%, enquanto que os níveis de concentração no meio ambiente [no ar] declinaram 75 porcento. REF

O capitalismo corporativo é a causa básica do problema do chumbo, no passado e no presente: os lucros privados são obtidos às custas das pessoas e do meio ambiente.

Abraço, Rui.

Veja um artigo recente, sobre o problema do chumbo no Brasil:

Comunidade de Vila Mota, no Paraná, ainda convive com o chumbo. A mineração não existe mais lá desde 1996
( foto:divulgação)
Especiais

Convívio com o chumbo
02/12/2005

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A situação não é catastrófica, mas preocupa quem conhece o problema. Um dos resultados do projeto Paisagens geoquímicas e ambientais do Vale do Ribeira, coordenado pelo geólogo Bernardino Ribeiro de Figueiredo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revela que pelo menos duas comunidades, num total de cem famílias, convivem perigosamente com o chumbo, metal altamente tóxico.

“Das famílias estudadas, 60% apresentaram concentrações maiores de 10 microgramas de chumbo por decilitro da sangue, ou seja, acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde”, disse Figueiredo à Agência FAPESP. “Outros 13% apresentaram concentração superior a 20 mg/dl”, conta o pesquisador que coordenou, nesta quinta-feira (1/12), um workshop na sede da FAPESP para apresentar os resultados do projeto.

“O chumbo encontrado no solo das comunidades de Vila da Mota e Capelinha, na zona rural da cidade de Adrianópolis, no Paraná, está em alta quantidade por causa da mineração que existiu na região por 50 anos até 1996”, explica Figueiredo – o Vale do Ribeira compreende partes dos Estados de São Paulo e Paraná.

Segundo Figueiredo, a fábrica Plumbum jogou fumaça carregada com o metal em uma área de até 1,5 quilômetro ao redor da indústria mantida na região. A contaminação das pessoas que vivem naquela zona é a prova mais clara de que medidas de contenção de risco precisam ser tomadas.

As análises feitas pela equipe do projeto mostraram que ovos, verduras e legumes consumidos pelas duas comunidades continham alta concentração de chumbo em índices acima do tolerável. “Isso ocorre porque as hortas estão sendo feitas em áreas contaminadas”, explica o pesquisador.

Para Figueiredo, além da pavimentação das ruas e das lavagens das casas, medidas que diminuem o contato com o pó contaminado, as hortas feitas pela população não poderiam mais ser feitas com solo rico em chumbo. “O maior risco é sempre para as crianças, principalmente aquelas que costumam brincar na rua e ingerir a poeira”, disse.

O passivo ambiental deixado pela indústria mineradora também precisa ser mais bem cuidado, na opinião do pesquisador. “Hoje, as ruínas da fábrica e as pilhas de descartes deixadas no local estão totalmente acessíveis”, reclama Figueiredo.

Ele lembra que, apesar de não existir um estudo do efeito do chumbo sobre aquela população, as causas do excesso desse tipo de metal no sangue são bem conhecidas. “O chumbo pode causar anemia, disfunção em alguns órgãos e até um certo grau de retardamento no caso das crianças”, conta.

Além da Unicamp, participaram do projeto pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, do Serviço Geológico do Brasil e da Universidade Estadual de Londrina.

Química ambiental

A triste realidade de alguns dos moradores do Vale do Ribeira não é a única informação científica revelada pelo projeto Paisagens Geoquímicas e Ambientais do Vale do Ribeira. Também nesta quinta-feira duas publicações foram apresentadas.

Depois de 187 amostragens em uma área de 28 mil quilômetros quadrados com menos de 500 mil habitantes, os pesquisadores envolvidos no projeto redigiram dois documentos: o Atlas geoquímico do Vale do Ribeira e o Atlas geoambiental: subsídios ao planejamento territorial e à gestão ambiental da bacia hidrográfica do rio Ribeira de Iguape, que deverão ajudar a preencher diversas lacunas no conhecimento sobre a região.

A primeira obra apresenta 35 mapas geoquímicos. Em cada um deles é possível saber a distribuição, em termos de intervalo de valores, da água e de diversos outros elementos químicos. Nesse caso, existem figuras que mostram o pH, a condutividade e o oxigênio dissolvido.

“No Atlas geoambiental estão apresentados 11 subdomínios, com características de relevo, geológicas, de solo e de meio ambiente em geral. Queremos que esse trabalho chegue às prefeituras e aos responsáveis pelos planejamentos territoriais da região”, explica Bernardino Figueiredo, coordenador das duas publicações.

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=4706

Para saber mais:
1. http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3859&ReturnCatID=1773


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Comments:
Existem algumas notícias na internet dizendo que várias marcas de baton teriam chumbo em sua composição. Vale uma investigação!

"According to the email, many big-name lipsticks such as YSL, Christian Dior, Lancôme and Clinique contain lead. The idea is that lipsticks that stay on longer do so because of their higher lead content. Like everything else these days, lead causes cancer. The email helpfully suggests a test you can do to “prove” the presence of lead: you put some lipstick on the back of your hand and use a gold ring to scratch it. If the lipstick turns black, it contains lead."

Abraços, Rui.
 
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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