sábado, setembro 02, 2006

 

Apreciando o Drama Teatral

"Rir é o melhor remédio"
Ditado popular.

Todo este mundo é simplesmente como uma peça de teatro, portanto não o leve muito a sério. A seriedade o forçará a ter problemas. Não encare o mundo com seriedade. Nada é sério; todo este mundo é apenas uma peça teatral. Se puder vislumbrá-lo como um teatro, você ganhará novamente sua consciência original.

A poeira se acumula porque você é muito sério. Essa seriedade cria problemas e somos tão sérios que, mesmo enquanto assistimos a um drama, acumulamos poeira.

Vá a um cinema e observe os espectadores. Não olhe a tela, esqueça o filme; não olhe a tela, observe apenas os espectadores no cinema. Alguém estará chorando e as lágrimas estarão escorrendo, alguém estará rindo, alguém ficará excitado sexualmente. Só observe as pessoas. O que estão fazendo? O que está lhes acontecendo? E não há nada na tela, a não ser imagens - imagens de luz e sombra.

A tela está vazia. Mas por que eles se tornam excitados? Eles estão chorando, gritando, rindo. A imagem não é somente uma imagem; o filme não é somente um filme. Eles se esqueceram de que se trata apenas de uma história. Eles a consideraram seriamente. Tornou-se viva, é "real"!

E isso está acontecendo em todos os lugares, não apenas nos cinemas. Observe toda a vida que há em seu redor. O que ela é? Muitas pessoas viveram neste planeta. Onde você está sentado, pelo menos dez corpos mortos estão enterrados nesse lugar e eles também eram sérios como você. Agora eles não existem mais. Para onde foram essas vidas? Para onde foram os problemas que tinham? Eles estavam lutando - lutando por um único centímetro de terra e a terra ainda está lá e eles deixaram de existir.

E não estou dizendo que os problemas que tinham não eram problemas. Eles eram, como são seus problemas, simplesmente problemas. Eram "sérios" - questões de vida e de morte. Mas onde estão os problemas dessas pessoas? E se toda a humanidade desaparecesse um dia, o planeta ainda existiria, as árvores cresceriam, os rios fluiriam e o sol nasceria e a Terra não sentiria nenhuma ausência, nem teria interesse em saber onde a humanidade se encontrava.

Observe a extensão; olhe para trás, olhe à frente, olhe todas as dimensões que compõem o seu ser, o que é a sua vida. Parece ser um sonho demorado e tudo o que você leva tão a sério, neste momento, se torna irrelevante no momento seguinte. Você não pode sequer lembrar-se disso. Lembre-se de seu primeiro amor, como era sério. A vida dependia dele. Agora você nem sequer o recorda, está esquecido. E o que você considera fundamental para sua vida hoje será esquecido no final.

A vida é um fluxo, nada permanece. É como se fosse uma imagem em movimento, tudo mudando para algo mais. Porém, na ocasião, você a julga muito séria e fica perturbado.

Na Índia, consideramos este mundo não uma criação de Deus, mas uma peça, um jogo, um leela. O conceito de leela é maravilhoso, porque a criação parece séria. O Deus cristão e judáico é muito sério. Mesmo por um único ato de desobediência, Adão foi expulso do Jardim do Éden - e não só ele foi expulso, como toda a humanidade foi expulsa por causa dele. Ele era nosso pai e estamos sofrendo por causa dele. Deus parece ser muito sério: ele não deve ser desobedecido, caso contrário se vingará.

E a vingança tem-se prolongado por tanto tempo! O pecado não parece ser tão sério. Na realidade, Adão o cometeu por causa da própria tolice de Deus. Deus Pai disse a Adão: "Não chegue perto da árvore, a Árvore do Conhecimento, e não coma do seu fruto".

Essa proibição se tornou um convite e isso é psicológico. Naquele jardim grande somente aquela Árvore do Conhecimento tornou-se atrativa. Ela era proibida. Qualquer psicólogo pode lhe dizer que Deus cometeu um erro. Se o fruto daquela árvore não era para ser comido, teria sido melhor simplesmente não ter falado sobre ela. Não haveria possibilidade de Adão alcançar aquela árvore e toda a humanidade ainda estaria no Jardim do Éden.

Porém, a ordem "Não coma" criou o problema; esse "não" criou todo o problema.

Pelo fato de Adão haver desobedecido, foi expulso do Céu e a vingança parece ter continuado ao longo do tempo. E os cristãos afirmam que Jesus foi crucificado apenas para nos redimir - para nos redimir do pecado que Adão cometeu. Portanto, todo o conceito cristão de História se apóia em duas pessoas: Adão e Jesus. Adão cometeu o pecado e Jesus sofreu para nos redimir dele, permitindo-se ser crucificado. Ele sofreu para que o pecado de Adão pudesse ser perdoado.

Contudo, não parece que Deus já tenha nos perdoado. Jesus foi crucificado, porém a humanidade continua sofrendo do mesmo modo.

O próprio conceito de Deus como um pai é feio, pleno de seriedade.

O conceito hindu não é o de um criador. Deus é apenas um jogador; Ele não é sério. Este é somente um jogo. Há regras, porém as regras de um jogo. Você não precisa encará-las com seriedade. Nada é pecado - somente existe o erro e você sofre por causa do erro, não porque Deus o pune. Você sofre caso não siga as regras do jogo. Deus não o está punindo.

Todo o conceito de leela atriui à vida uma cor dramática; torna-se um longo drama. E a técnica se baseia nesse conceito: se você está infeliz, considerou a vida com muita seriedade.

Não tente descobrir um meio para ser feliz. Apenas mude sua atitude. Você não consegue ser feliz com uma mente séria. Com uma mente festiva você pode ser feliz. Considere toda essa vida um mito, uma história. Ela é, e, após considerá-la desse modo, você não será infeliz. A infelicidade resulta de um excesso de seriedade.

Tente por sete dias; lembre-se de um coisa somente, durante sete dias - que o mundo todo é apenas uma peça - e você não será o mesmo novamente. Apenas por sete dias! Você não perderá muito porque nada tem a perder. Você pode tentar. Durante sete dias encare tudo como uma peça teatral, apenas como um espetáculo.

Esses sete dias lhe darão muitos vislumbres de sua natureza buda e de sua pureza interna. E, após ter obtido um vislumbre, você não será o mesmo outra vez.

Você será feliz e não consegue conceber que tipo de felicidade pode lhe acontecer, porque não teve nenhuma felicidade. Você conheceu apenas graus de infelicidade: algumas vezes estava mais infeliz, outra, menos infeliz e, quando estava menos infeliz, você a denominava felicidade. Você não sabe o que é a felicidade, porque não é capaz de saber.

Quando você considera o mundo de modo muito sério, não pode saber o que é felicidade. A felicidade acontece apenas quando você se baseia na atitude de que o mundo é apenas uma peça. Portanto, tente isso e faça tudo de um modo muito festivo, celebrando, participando de um "ato" - não da coisa real. Se você for um marido, atue, seja um marido-ator; se você for uma esposa, seja uma esposa-atriz. Torne a vida parecida com um jogo.

E, evidentemente, há regras; qualquer jogo precisa de regras para ser jogado. O casamento tem suas regras e o divórcio possui suas regras, porém não as considere com seriedade. Elas são regras e uma regra gera outra. O divórcio é ruim porque o casamento é ruim: uma regra gera outra! Porém, não as considere seriamente e então observe como a qualidade de sua vida muda imediatamente.

Vá para casa esta noite e comporte-se com seu marido ou com seus filhos como se estivesse participando de uma peça de teatro, e veja a beleza dela. Se estiver desempenhando um papel, tentará ser eficiente, porém não ficará perturbado. Não há necessidade. Você desempenhará o papel e irá dormir. Porém, lembre-se: é um papel, e durante sete dias mantenha continuamente essa atitude. Então a felicidade pode vir a você e, depois de saber o que é felicidade, você não precisará mover-se na infelicidade, porque ela é a sua escolha.

Você é infeliz porque optou por uma atitude errada em relação à vida. Você consegue ser feliz se optar por uma atitude certa. Buda a considera uma base, um fundamento - "atitude certa". O que é atitude certa? Qual o critério? Para mim o critério é: a atitude que o torna feliz é a atitude certa e não há um critério objetivo. A atitude que o torna infeliz e sofredor á a atitude errada. O critério é objetivo; sua felicidade é o critério!

Fonte: Osho, Meditação Para Pessoas Ocupadas, Editora Gente, 2005.

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