domingo, maio 27, 2007

 

Boca e Saúde - 4


Doenças Digestivas: Um Novo Enfoque para Úlceras, Indigestões e Azias


Sempre que o indivíduo perde espaço bucal, a língua se pressuriza e entra em disfunção. A língua dentro da boca funciona como uma verdadeira válvula de oxigenação e de equilíbrio do funcionamento fisiológico dos vários sistemas biológicos, como o sistema respiratório, circulatório e digestivo. Ninguém pode viver sem a língua. Pode-se apenas remover uma pequena parte dela, mas esta parte jamais poderá ultrapassar vinte porcento, sob pena do indivíduo perecer. Noventa porcento de quase todas as mazelas humanas têm algum início etiológico na boca.

Um processo sensitivo proprioceptivo é um processo biofisiológico que nos proporciona a tomada de consciência de tudo o que se passa em nós e à nossa volta e que nos dá a possibilidade de defesa, de ataque e de vida.

Quando qualquer alimento é introduzido em nossa boca, no exato momento em que ele entra em contato com as papilas sensoriais da língua, são disparadas informações nervosas e bioquímicas pelo nosso corpo: todo o sistema toma conhecimento dos elementos químicos, de sua quantidade e qualidade dentro da boca. Uma imensa rede de informações nervosas é disparada e imediatamente se forma um tipo especial de saliva para aquele momento em particular, com a finalidade de dissolver e retirar os elementos químicos realmente necessários para a manutenção do corpo.

Engolimos saliva numa média de 1.400 vezes por dia. Às vezes até mais que isso. Se esta saliva estiver alterada, muito ácida ou demais alcalina, com desequilíbrio em seu pH, ela vai alterar e desorganizar o suco gástrico, provocando perturbações digestivas que podem resultar em indigestões, gastrites e úlceras. É, portanto, vital o equilíbrio do pH da nossa saliva. Sua função é preparar o alimento para a correta digestão ao nível do estômago e dos intestinos, separando certos elementos químico-energéticos contidos no bolo alimentar, para serem aproveitados pelo organismo segundo as solicitações de cada sistema orgânico, de cada órgão e de cada célula.

A saliva sofre solicitações de toda ordem em sua composição química, dependendo das necessidades biofísica-psicossocial e até comportamental do indivíduo. Para cada momento de tempo e de espaço, existe um tipo especial de saliva. Até os nossos tensionamentos mais sutis podem ser detectados pela saliva. Tente cuspir quando você estiver nervoso ou assustado. A saliva, nesta situação, some e a boca fica seca.

Pois bem: sabemos que todo o ato proprioceptivo forma um tipo de saliva especial para aquele momento. Assim, vai depender desta propriocepção, a nível da língua, o equilíbrio básico do pH de nosso aparelho digestivo e os sucos gástricos em elaboração. Ora, se a saliva se encontra alterada é óbvio que também vamos ter sérias alterações em nossos sucos gástricos, daí a razão das úlceras gástricas, duodenais, azias e indigestões.

A importância do sistema proprioceptivo da língua pode ser testada por qualquer um: experimente tomar um copo de coca-cola ou de cerveja em goles pequenos e bochechar umas vinte ou trinta vezes cada gole, antes de engolir. No segundo ou terceiro gole perde-se toda a vontade de beber. Quando o sistema proprioceptivo está alerta, nós só comemos aquilo que realmente precisamos e na quantidade justa e exata para suprir as necessidades do organismo. As pessoas costumam empanturrar-se de comida ou de bebida quando ludibriam o sistema proprioceptivo: engolem tudo muito rápido, não permitem a intimização dos alimentos com a saliva e com os receptores sensoriais da língua.

Quando não damos tempo para a propriocepção digestiva bucal, passamos não só a comer mais do que o necessário, como comemos também aquilo que não precisamos. A biocibernética bucal descobriu que a compressão da língua, por falta de espaço bucal, gera não só a perda proprioceptiva desse órgão, como também gera o tensionamento dos ductos salivares. Prensados, estes condutos terão seus diâmetros diminuídos ou interrompidos, impedindo a sua saída correta, adequada e no tempo certo dos sucos que vão compor a saliva. A quebra deste equilíbrio altera a saliva, desorganiza a bioquímica do corpo e o pH bucal.

Como visto, a causa dos desequilíbrios sistêmicos, na maioria das vezes, é uma alteração morfofisiológica do contexto bucal, uma diminuição de suas formas. Nesta situação, há falta de espaço fisiológico para a língua. Quando se faz as correções biocibernéticas bucais, aumentando os espaços, as primeiras melhoras que os pacientes apresentam são relacionadas ao sistema digestivo. Indigestões, azias e gastrites desaparecem completamente em questão de dias. Já em trinta, sessenta e noventa dias, regridem totalmente até as úlceras gástricas e duodenais mais renitentes. No livro citado, comenta-se que até uma úlcera duodenal amplamente caracterizada através dos sintomas doloridos e confirmada por radiografias regrediram e desapareceram, quando sua origem foi caracterizada por um desequilíbrio do pH salivar, em razão de uma postura bucal não correta.

[continua]

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