quinta-feira, dezembro 27, 2007
O Olho Espiritual
Fonte: Omraam Mikhaël Aïvanhov, Acerca do Invisível, Edições Prosveta, Lisboa, 1988.
Muitas das infelicidades que acontecem aos humanos advêem de o seu olho interior não os ter prevenido dos perigos que corriam tomando esta ou aquela decisão, lançando-se neste ou naquele empreendimento. Eles partiram tranqüilamente, sem nada ver, e lançaram-se nas dificuldades. Se tivessem sabido desenvolver o seu olho interior, este tê-los-ia avisado, pois este olho, a que por vezes se chama terceira visão, é como um radar: envia ondas que, ao regressar, nos previnem dos obstáculos que estão no nosso caminho. Mas muitas vezes esse radar está avariado porque a vida desordenada que se levou opõe-se ao seu bom funcionamento.
É verdade que existem casos em que este olho espiritual, mesmo desenvolvido, não nos previne: é quando certos acontecimentos são determinados antecipadamente pelo carma, pelos 24 Anciãos, e devem realizar-se obrigatoriamente. Então, mesmo que os vejamos ou os sintamos chegar, não poderemos evitá-los. Mas, a não ser nesses casos, se tivermos sabido preparar-lhe as condições, este olho espiritual está lá para nos ajudar, para nos avisar e, sobretudo, para nos guiar. Sim, mas desde que esteja liberto de todas as camadas opacas, de todos os materiais fluídicos que se depositaram sobre ele. Não se trata de elementos físicos, mas de emanações fluídicas formadas pela própria pessoa, pela sua forma de viver, que se acumulam em seu redor e a impedem de ver claro, como se se tratasse de um nevoeiro ou de uma nuvem de poeira.
Só a pureza permite desenvolver a intuição. É porisso que damos tanta importância à pureza: viver uma vida pura, consumir alimentos puros, respirar ar puro, ter pensamentos puros e sentimentos puros. E se nos referimos sempre ao Sol é porque ele é a imagem da pureza. Sobre a Terra não encontrareis a verdadeira pureza, nem mesmo na água das nascentes ou no cristal da rocha. Só a luz do Sol se aproxima da pureza absoluta, se bem que, quando ele chega até nós, após ter atravessado a atmosfera terrestre, também ela já esteja carregada de numerosas influências que alteraram o seu brilho original (Já tomou seu banho de sol hoje?).
A luz divina é comparável a um rio que nasce nas montanhas: na nascente ele é puro, mas à medida que desce para os vales, para as planícies, recebe toda a espécie de sujidades e detritos nele lançados pelos habitantes dessas regiões, e, quando chega ao mar, que diferença em relação à pureza que tinha na origem! Passa-se mais ou menos o mesmo com os raios do sol: o sol é uma fonte, ele faz jorrar a sua luz, mas, ao circular através do espaço para chegar até nós, os seus raios são obrigados a atravessar regiões poluídas; porisso, quando chegam à Terra já não são tão puros como quando foram emitidos pelo sol. A verdadeira pureza só a encontrareis no Alto, na Fonte. Claro que podereis começar por procurá-la na água de um lago, no céu azul, ou nos cristais de neve, que são um reflexo longínquo, muito longínquo, da pureza celeste; mas a verdadeira pureza só a encontrareis se em cada dia vos elevardes (na vertical, não na horizontal) através do pensamento até as regiões da luz divina.
Todo o destino do homem depende da pureza do seu olho interior. Quando cometeis um erro, quando transgredis as leis divinas, a vossa visão espiritual fica obscurecida, deixais de ser avisados ou guiados, acabais por vos meter em complicações de que não conseguis sair. Tomai consciência, portanto, dessa relação existente entre a vossa conduta quotidiana e a clareza da vossa visão. Aquele que se decide a viver uma vida reta, honesta, nobre, purifica-se; os seus órgãos sutis começam a funcionar, e assim, bem guiado, bem dirigido, ele encontra as fontes, as pradarias, os lagos, as pastagens e as montanhas da sua verdadeira Pátria.
Grandes segredos estão escondidos nesta frase de Jesus: "Se teu olho estiver puro, todo o seu corpo estará puro". Muitos pensaram que se tratava dos olhos do corpo físico, mas do ponto de vista lógico isso é um absurdo: o estado do corpo não depende do estado dos olhos, os olhos físicos não podem purificar nem sujar o corpo, isso não tem sentido; pelo contrário, os olhos é que dependem do estado do corpo e, mais precisamente, da pureza do sangue. Além disso, Jesus não falou dos olhos, mas de um olho: "Se o teu olho estiver puro...". É claro, portanto, que ele não falava dos olhos físicos, mas do olho espiritual que aconselha o homem, que lhe indica por onde passar, a quem se ligar, como agir, como se alimentar no plano físico e sobretudo no plano psíquico, de forma a evitar introduzir no seu sangue, nos seus pensamentos, na sua alma, elementos impuros e nocivos. Esse olho mantém-no num estado de pureza e é nesse sentido que poderemos dizer que o olho age sobre o corpo.
Aquele cujo olho está puro começa verdadeiramente a ver, a sentir, a compreender, e permite que as correntes proveniente do mundo divino entrem no seu corpo e o purifiquem. Quando se tiverem dispersado todas as camadas opacas que podem obscurecê-lo, é este olho que estabelece um contato verdadeiro com o Céu, de forma a deixar passar a luz divina. E como a luz tem sempre um poder purificador, se soubermos verdadeiramente como nos expor aos seus raios, estes serão capazes de expulsar de nós todas as impurezas (Já tomou seu banho de luz hoje?). "Se o teu olho estiver puro, todo o teu corpo estará puro", quer dizer, se o teu olho estiver puro, todo o teu corpo estará na luz.
Portanto, o olho espiritual de que Jesus falava é este órgão ou, se quiserdes, esta faculdade graças à qual podemos ter a visão do Céu e das criaturas que nele habitam. Essas criaturas são como que forjadas de luz, delas emanam perfumes deliciosos, todo o seu ser canta e propaga uma sinfonia indescritível... O segredo para obter esta visão sublime está em trabalhar sem descanso sobre a nossa matéria prima, em nos desembaraçarmos de tudo o que pode obscurecer-nos ou aviltar-nos, em alimentarmos em nós pensamentos puros, sentimentos puros, atividades puras, e um dia teremos a visão clara daquilo que é a vida no Céu e daquilo que ela deve ser sobre a Terra. É através deste olho espiritual, que é o intermediário entre o Céu e nós, que toda essa vida do Céu vem refletir-se na Terra. Pois não é o intelecto, mas sim a contemplação divina, que pode dar solução a todos os problemas que se põem aos humanos. Portanto, é graças à pureza que podemos concretizar a oração de Jesus: "...assim na Terra como no Céu".
Então, se fordes sensatos, razoáveis, se estiverdes atentos, começareis esse trabalho em vós mesmos e cada vez mais a clareza virá, o vosso olho interior se purificará, todas as vendas e impurezas que o envolvem cairão e vós podereis ver, sentir, compreender e contemplar esse mundo divino onde vivemos, de onde viemos e que é a nossa verdadeira pátria; essa pátria de que quase não nos lembramos... Devemos começar desde já a voltar os nossos olhos para esse mundo de esplendor e de perfeição absoluta, devemos desde já comtemplá-lo continuamente para que ele se inscreva, pouco a pouco, nas profundezas do nosso ser e até no nosso corpo físico, a fim de que também este possa vibrar em uníssono com o mundo divino.
Muitas vezes, ouvimos dizer que foi a Igreja que inventou a moral para dominar e explorar o povo crédulo e ignorante. É certo que, em numerosos casos, o clero colocou a religião ao serviço de interesses e de paixões inequivocamente condenáveis. Mas a verdadeira religião e a verdadeira moral não se baseiam no proveito próprio: fundamentam-se numa ciência profunda sobre as causas e as conseqüências de cada pensamento, de cada sentimento, de cada ato. O mal do clero foi não ter procurado explicar as regras que impunha. Dizia-se às pessoas que fizessem isto e aquilo, como se se estivesse a falar para crianças a quem se pede obediência sem nunca se lhes dar explicações. Porisso, à semelhança das crianças, quando puderam elas desobedeceram. Contudo, para bem da sua evolução, essas pessoas deveriam ter sabido que a verdadeira religião, tal como a verdadeira moral, se baseia num conhecimento preciso das grandes leis cósmicas.
De ora em diante, é necessário compreender a importância desta relação entre a vida pura e a clareza da visão espiritual. Quando o vosso olho interior vos dá uma visão correta das coisas, vós sois avisados, protegidos: quando ele sente que correis o risco de vos perder em regiões obscuras, previne-vos de que deveis mudar de direção: sentis uma hesitação, uma inquietação... É a prova de que esse olho vos diz: "Atenção! Vais cair num pântano, não vás mais longe, volta para trás". E, em seguida, quando conseguis regressar ao bom caminho, ele diz-vos: "Agora, sim, estás no bom caminho; segue-o, ele conduzir-te-á ao Templo que brilha no Alto, o templo do Santo-Graal, a Pátria Celeste".
É verdade que existem casos em que este olho espiritual, mesmo desenvolvido, não nos previne: é quando certos acontecimentos são determinados antecipadamente pelo carma, pelos 24 Anciãos, e devem realizar-se obrigatoriamente. Então, mesmo que os vejamos ou os sintamos chegar, não poderemos evitá-los. Mas, a não ser nesses casos, se tivermos sabido preparar-lhe as condições, este olho espiritual está lá para nos ajudar, para nos avisar e, sobretudo, para nos guiar. Sim, mas desde que esteja liberto de todas as camadas opacas, de todos os materiais fluídicos que se depositaram sobre ele. Não se trata de elementos físicos, mas de emanações fluídicas formadas pela própria pessoa, pela sua forma de viver, que se acumulam em seu redor e a impedem de ver claro, como se se tratasse de um nevoeiro ou de uma nuvem de poeira.
Só a pureza permite desenvolver a intuição. É porisso que damos tanta importância à pureza: viver uma vida pura, consumir alimentos puros, respirar ar puro, ter pensamentos puros e sentimentos puros. E se nos referimos sempre ao Sol é porque ele é a imagem da pureza. Sobre a Terra não encontrareis a verdadeira pureza, nem mesmo na água das nascentes ou no cristal da rocha. Só a luz do Sol se aproxima da pureza absoluta, se bem que, quando ele chega até nós, após ter atravessado a atmosfera terrestre, também ela já esteja carregada de numerosas influências que alteraram o seu brilho original (Já tomou seu banho de sol hoje?).
A luz divina é comparável a um rio que nasce nas montanhas: na nascente ele é puro, mas à medida que desce para os vales, para as planícies, recebe toda a espécie de sujidades e detritos nele lançados pelos habitantes dessas regiões, e, quando chega ao mar, que diferença em relação à pureza que tinha na origem! Passa-se mais ou menos o mesmo com os raios do sol: o sol é uma fonte, ele faz jorrar a sua luz, mas, ao circular através do espaço para chegar até nós, os seus raios são obrigados a atravessar regiões poluídas; porisso, quando chegam à Terra já não são tão puros como quando foram emitidos pelo sol. A verdadeira pureza só a encontrareis no Alto, na Fonte. Claro que podereis começar por procurá-la na água de um lago, no céu azul, ou nos cristais de neve, que são um reflexo longínquo, muito longínquo, da pureza celeste; mas a verdadeira pureza só a encontrareis se em cada dia vos elevardes (na vertical, não na horizontal) através do pensamento até as regiões da luz divina.
Todo o destino do homem depende da pureza do seu olho interior. Quando cometeis um erro, quando transgredis as leis divinas, a vossa visão espiritual fica obscurecida, deixais de ser avisados ou guiados, acabais por vos meter em complicações de que não conseguis sair. Tomai consciência, portanto, dessa relação existente entre a vossa conduta quotidiana e a clareza da vossa visão. Aquele que se decide a viver uma vida reta, honesta, nobre, purifica-se; os seus órgãos sutis começam a funcionar, e assim, bem guiado, bem dirigido, ele encontra as fontes, as pradarias, os lagos, as pastagens e as montanhas da sua verdadeira Pátria.
Grandes segredos estão escondidos nesta frase de Jesus: "Se teu olho estiver puro, todo o seu corpo estará puro". Muitos pensaram que se tratava dos olhos do corpo físico, mas do ponto de vista lógico isso é um absurdo: o estado do corpo não depende do estado dos olhos, os olhos físicos não podem purificar nem sujar o corpo, isso não tem sentido; pelo contrário, os olhos é que dependem do estado do corpo e, mais precisamente, da pureza do sangue. Além disso, Jesus não falou dos olhos, mas de um olho: "Se o teu olho estiver puro...". É claro, portanto, que ele não falava dos olhos físicos, mas do olho espiritual que aconselha o homem, que lhe indica por onde passar, a quem se ligar, como agir, como se alimentar no plano físico e sobretudo no plano psíquico, de forma a evitar introduzir no seu sangue, nos seus pensamentos, na sua alma, elementos impuros e nocivos. Esse olho mantém-no num estado de pureza e é nesse sentido que poderemos dizer que o olho age sobre o corpo.
Aquele cujo olho está puro começa verdadeiramente a ver, a sentir, a compreender, e permite que as correntes proveniente do mundo divino entrem no seu corpo e o purifiquem. Quando se tiverem dispersado todas as camadas opacas que podem obscurecê-lo, é este olho que estabelece um contato verdadeiro com o Céu, de forma a deixar passar a luz divina. E como a luz tem sempre um poder purificador, se soubermos verdadeiramente como nos expor aos seus raios, estes serão capazes de expulsar de nós todas as impurezas (Já tomou seu banho de luz hoje?). "Se o teu olho estiver puro, todo o teu corpo estará puro", quer dizer, se o teu olho estiver puro, todo o teu corpo estará na luz.
Portanto, o olho espiritual de que Jesus falava é este órgão ou, se quiserdes, esta faculdade graças à qual podemos ter a visão do Céu e das criaturas que nele habitam. Essas criaturas são como que forjadas de luz, delas emanam perfumes deliciosos, todo o seu ser canta e propaga uma sinfonia indescritível... O segredo para obter esta visão sublime está em trabalhar sem descanso sobre a nossa matéria prima, em nos desembaraçarmos de tudo o que pode obscurecer-nos ou aviltar-nos, em alimentarmos em nós pensamentos puros, sentimentos puros, atividades puras, e um dia teremos a visão clara daquilo que é a vida no Céu e daquilo que ela deve ser sobre a Terra. É através deste olho espiritual, que é o intermediário entre o Céu e nós, que toda essa vida do Céu vem refletir-se na Terra. Pois não é o intelecto, mas sim a contemplação divina, que pode dar solução a todos os problemas que se põem aos humanos. Portanto, é graças à pureza que podemos concretizar a oração de Jesus: "...assim na Terra como no Céu".
Então, se fordes sensatos, razoáveis, se estiverdes atentos, começareis esse trabalho em vós mesmos e cada vez mais a clareza virá, o vosso olho interior se purificará, todas as vendas e impurezas que o envolvem cairão e vós podereis ver, sentir, compreender e contemplar esse mundo divino onde vivemos, de onde viemos e que é a nossa verdadeira pátria; essa pátria de que quase não nos lembramos... Devemos começar desde já a voltar os nossos olhos para esse mundo de esplendor e de perfeição absoluta, devemos desde já comtemplá-lo continuamente para que ele se inscreva, pouco a pouco, nas profundezas do nosso ser e até no nosso corpo físico, a fim de que também este possa vibrar em uníssono com o mundo divino.
Muitas vezes, ouvimos dizer que foi a Igreja que inventou a moral para dominar e explorar o povo crédulo e ignorante. É certo que, em numerosos casos, o clero colocou a religião ao serviço de interesses e de paixões inequivocamente condenáveis. Mas a verdadeira religião e a verdadeira moral não se baseiam no proveito próprio: fundamentam-se numa ciência profunda sobre as causas e as conseqüências de cada pensamento, de cada sentimento, de cada ato. O mal do clero foi não ter procurado explicar as regras que impunha. Dizia-se às pessoas que fizessem isto e aquilo, como se se estivesse a falar para crianças a quem se pede obediência sem nunca se lhes dar explicações. Porisso, à semelhança das crianças, quando puderam elas desobedeceram. Contudo, para bem da sua evolução, essas pessoas deveriam ter sabido que a verdadeira religião, tal como a verdadeira moral, se baseia num conhecimento preciso das grandes leis cósmicas.
De ora em diante, é necessário compreender a importância desta relação entre a vida pura e a clareza da visão espiritual. Quando o vosso olho interior vos dá uma visão correta das coisas, vós sois avisados, protegidos: quando ele sente que correis o risco de vos perder em regiões obscuras, previne-vos de que deveis mudar de direção: sentis uma hesitação, uma inquietação... É a prova de que esse olho vos diz: "Atenção! Vais cair num pântano, não vás mais longe, volta para trás". E, em seguida, quando conseguis regressar ao bom caminho, ele diz-vos: "Agora, sim, estás no bom caminho; segue-o, ele conduzir-te-á ao Templo que brilha no Alto, o templo do Santo-Graal, a Pátria Celeste".