quinta-feira, janeiro 31, 2008

 

Exercício da Vida


A vontade da alma


As escolhas mais decisivas para o curso da vida partem do centro do ser, da nossa alma. Mas, embora seja ela que determine os rumos básicos que temos de seguir, a personalidade, o nosso eu externo, também possui certo poder de decisão.

Como personalidade, usamos o livre-arbítrio, e por meio dele aprendemos a escolher. É pelo exercício de inumeráveis escolhas que vamos aprendendo a abandonar o que prejudica a evolução, até o momento em que começamos a perceber a voz da alma e a sermos atraídos por ela.

A capacidade de decisão da personalidade varia, portanto, segundo os graus evolutivos que vamos atingindo, varia de acordo com nossa abertura para o mundo da alma.

Essa capacidade de decisão é bastante forte e dominante enquanto nos deixamos conduzir pelos aspectos materiais do nosso ser: o físico, o emocional e o mental. Redimensiona-se gradualmente, todavia, à medida que optamos pela evolução superior. A partir dessa opção, a vontade da alma vai prevalecendo nas nossas escolhas. Passamos a aceitar razoavelmente a orientação interior, a permitir que nos conduza os atos.

Quando transferimos nossas decisões para a alma, dela começam a vir provas para nos purificar e oportunidades para evoluirmos. A personalidade então vai-se tornando mais flexível e obediente e, por fim, compreendemos qual é a nossa tarefa como alma encarnada.

Para cumprir essa tarefa necessitamos de indicações internas, provindas da alma, que conhece as leis evolutivas e o nosso destino. Assim, quando nos entregamos à vontade da alma, quando é ela que nos guia os atos, consuma-se o que está previsto para nossa vida sobre a Terra.

O caminho à frente

Um período de purificações e ajustes antecede a vida regida pela vontade da alma. Desse período pode fazer parte o que costuma chamar de "fase do arrependimento".

No sentido espiritual, arrependimento é a predisposição para reconhecer erros e imediatamente agir de modo a equilibrá-los. Não é apenas lamentação e não deve ser confundido com a tendência de chorar pela dor que causamos ou de pedir desculpas sem que nada se transforme em nós. A lamentação por si só não tem valor evolutivo; só deprime e perturba nosso equilíbrio, e nada resolvemos com ela.

O arrependimento verdadeiro é um impulso para sanar as desarmonias que causamos no passado. Se nos arrependemos dessa maneira, isto é, se passamos a agir equilibradamente, preparamo-nos de fato para novas etapas do caminho.

Como evoluímos por ciclos, há prazos estabelecidos internamente para darmos certos passos. Cada ciclo nos oferece uma série de oportunidades, que pela lei do carma ficam disponíveis. Se não as acolhermos, teremos dificuldade de, no final do ciclo, passar para o seguinte.

Em outras palavras, o curso correto da evolução seria cumprirmos os ciclos, não deixarmos para depois o que podemos fazer agora. Contudo, se não conseguirmos dar os passos previstos, teremos de algum modo outras oportunidades de evolução, pois vivemos num universo regido pela lei do amor. Assim, se temos de repetir um ciclo, podemos aplicar o que já aprendemos. Se nos deixarmos levar pelo aspecto negativo de nosso "fracasso", nada mais seremos que instrumento de provas para os que estão cumprindo etapa semelhante. Mas, se adotarmos atitudes positivas, podemos ser um estímulo ao avanço para todos, que usufruirão nossa experiência anterior de queda.

Servir pela lei do amor

Quando já estamos sendo guiados pela alma, amplia-se mais e mais a nossa capacidade de servir, de ajudar os semelhantes. Vemos dentro de cada ser uma essência espiritual. Sabemos que todos vêm da mesma fonte criadora, e que o amor é a primeira lei do sistema solar. Assim, a todos tratamos naturalmente com amor, inclusive ao que apresentam características diferentes da maioria, ou alguma limitação.

Pela lei do amor, todo ser tem seu lugar no universo, onde melhor pode desenvolver sua aptidão, sua forma de doar-se. Mas ninguém é capaz de reconhecer esse lugar usando somente a mente ou o desejo de servir. Apenas no profundo do nosso ser sabemos onde está.

Para chegarmos a esse conhecimento e nos tornarmos mais úteis, devemos focalizar os níveis internos da consciência com fidelidade, constância e desapego. É desses níveis que emana a sabedoria necessária para ajudarmos o próximo sem interferir em seu destino. O fundamental é ter essa busca interna como prioridade em nossa vida. É a partir disso que nossos dias se vão tornando puro serviço da alma, em benefício de qualquer pessoa que precise de auxílio.

Que é o amor?

O amor é a capacidade de coesão, de união. Se não existisse, prevaleceriam no universo as forças contrárias à unidade, e este se desintegraria. Isso é verdade também para todos os seres que habitam o universo, que fazem parte dele.

O amor mantém os átomos reunidos e integrados e dinamiza o desenvolvimento da consciência em todos os graus de expressão.

Há consciências e pessoas que canalizam com pureza a energia do amor, manifestam-no impessoalmente, sem apego ou possessividade. Mas, por enquanto, essa expressão mais límpida do amor é em geral misteriosa e desconhecida, pois a maioria o confunde com afeições pessoais, com possessividade e dependência.

Devido ao ser humano comum ainda se polarizar no nível emocional e no instintivo, sua genuína necessidade de integração - em si mesmo e no universo - é por ele interpretada como necessidade de complementar-se com um semelhante. Busca então o amor fora e, por esse movimento, não estabelece contato com a fonte de amor, que se encontra no interior de si mesmo.

No caminho do descobrimento do amor universal e puro, podemos ficar estacionados em uma de suas etapas, apegados a pessoas ou a situações. Por não o compreendermos como uma energia cósmica, infinita, desconhecemos que encontramos uma expressão dele mais profunda e abrangente toda vez que renunciamos aos nossos objetos de amor.

É a sabedoria que traz essa compreensão e dissolve ilusões emocionais e mentais. A sabedoria, aspecto mais elevado do amor, traz a sensibilidade interior, o conhecimento intuitivo da real necessidade dos demais seres. Portanto, dá-nos a capacidade de ajudar sem interferir.

A sabedoria indica a direção real e correta a ser seguida. Pertence ao coração, e não à mente analítica e discriminadora. O amor-sabedoria traz compreensão sem requerer pensamentos lógicos, e nele não há enganos nem ilusões.

E se nos perguntarem como chegamos ao amor-sabedoria, responderemos que se trata de um caminho misterioso, trilhado pela renúncia ao que já foi conseguido e pela oferta desinteressada e incondicional do melhor que existe em nosso ser.

Amor sábio e amor comum

O amor é sábio quando libertador, curativo e impessoal, quando nos leva ao encontro das necessidades dos semelhantes e do universo em que estamos inseridos. Movidos por ele, estabelecemos metas em consonância com a evolução da vida. O amor sábio nos impulsiona a buscar o essencial e não as aparências, sempre efêmeras. Faz-nos ver o que há de positivo em cada circunstância, sem nos deixar limitar por nada.

O amor sábio não se restringe ao reino humano. Transfigura e aperfeiçoa tudo o que toca. Assim, o que está limitado se expande e se integra no que é a sua mais interna essência.

O amor sábio torna o ser humano compassivo e disponível para tudo e para todos. Devotado à consumação de propósitos elevados, é irradiado por fontes cósmicas.

O amor comum, por sua vez, leva o ser a identificar-se com aparências e circunstâncias. Está sujeito ao ritmo da evolução natural, que tem avanços e recuos. É, portanto, incerto e sofre influências das forças antagônicas, que restringem a pessoa sobretudo a resolver problemas de subsistência no plano físico, a satisfazer carências várias no emocional e a manter preconceitos no mental. Nesses planos há muitas carências, e o engano dos que são movidos pelo amor humano, comum, está em considerá-los o único instrumento de ação e de vida existente.

As decepções do amor humano levam o ser a descobrir as infinitas possibilidades do amor-sabedoria e a necessidade de vivê-lo. Com o brotar da sabedoria, sua consciência é atraída para níveis internos, e o alimento que dali flui transforma-o inteiramente.

Fonte: Síntese de palestra de Trigueirinho.

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