terça-feira, julho 22, 2008
O Alho - 4
Na medicina popular e doméstica, o alho tem vasta aplicação para uso externo. Entre as mais conhecidas temos [1]:
Picadas de insetos: Colocar um pouco de alho amassado sobre elas.
Dores de dentes: Esmagar um dente de alho junto com cinza de borralho (ou farinha de trigo) e aplicar sobre o dente ou área dolorida.
Coceiras e pruridos: Queimar cascas e réstia de alho e aplicar sobre a área afetada. Serve também para tratar a sarna.
Calos: Cortar uma fina camada de alho e aplicar sobre o calo, prendendo com esparadrapo ou similar, pelo maior tempo possível, podendo-se renovar ao longo do dia.
Verrugas simples: O mesmo procedimento que para os calos. Procurar orientação médica caso o problema persista ou a lesão tenha aspecto suspeito.
Inflamações, infecções, feridas antigas: Aplicar o alho amassado e deixar secar. Pode-se repetir o procedimento várias vezes ao dia.
Frieiras e Pé-de-atleta: Amassar o alho e aplicar sobre as frieiras, expondo, de preferência, a área afetada ao sol. Se não puder expor ao sol, pode-se realizar a aplicação deixando-a secar, calçando meia e sapato em seguida, sem lavar.
Uma aplicação interna:
Corrimento vaginal: Um procedimento popular antigo é amarrar um ou dois dentes de alho (descascados e muito levemente amassados - bastando um leve "crac" depois de retirada a casca). Numa gaze, formando uma bolsinha, presa por uma linha forte e limpa, introduz-se essa bolsinha na vagina (não deve ser usado por virgens, obviamente) mantendo-a por duas horas, antes de deitar, diariamente, para casos de corrimentos crônicos antigos. O ideal é sempre submeter-se ao acompanhamento médico para conhecer as causas do corrimento, mas para os casos cujas causas não são claras ou definidas, este procedimento costuma ser eficaz. Se arder demais, retirar e reaplicar um pouco mais tarde, até que o ardor desapareça, quando então a bolsa pode ser mantida por mais tempo, se não incomodar.
O alho possui algumas contra-indicações e deve-se tomar certos cuidados no seu uso. O alho não é tóxico, mas, como todo alimento ou remédio natural ativo, deve-se evitá-lo em grandes quantidades, muito continuamente e nos seguintes casos:
Por conter compostos sulfurados (à base de enxofre) e substâncias irritantes, é contra-indicado para pessoas com problemas crônicos de estômago, gastrites agudas e úlceras. Doses muito grandes (ou mesmo pequenas, para as pessoas sensíveis) irritam o estômago e o fígado.
Pessoas sensíveis devem tomar maior cuidado com as doses e em situações de dores e, para espasmos ou outros sintomas, devem procurar um médico.
Não é indicado para recém-nascidos e mães em amamentação, uma vez que pode provocar cólicas no ventre do lactente. Melhor preferir o alho cozido ou frito, nestes casos. Gestantes também podem ter cólicas e espasmos se comerem muito alho.
Não indicado para casos de dermatites, pois como é desintoxicante, pode piorar o quadro em alguns casos. Portadores de acne e moléstias de pele em geral, também devem ser cuidadosos. Os princípios ativos do alho saem pelos poros com o suor e irritam uma epiderme que já apresenta problemas. É necessário o acompanhamento médico.
Em doses muito elevadas, pode provocar dor de cabeça, de estômago, dos rins e até tonturas, vômitos e diarréia, além de mau hálito.
Pessoas com pressão arterial muito baixa podem reduzí-la ainda mais se consumirem alho. É necessário cuidado e observação, evitando-se os excessos.
Não indicado para pessoas que tenham hipersensibilidade ao óleo de alho. Algumas pessoas apresentam reação alérgica ao contato com o alho.
O velho problema de quem aprecia o ardido e aromático bulbo (alho) é o hálito (o "bafo") que ele provoca. Na verdade, o odor do hálito "de alho" devido à presença de partículas ou de resíduos do mesmo na boca, produz apenas o hálito característico imediatamente ao consumo, durando não muito mais que meia hora, no máximo, tendendo a desaparecer. O principal efeito que mantém o odor (caso ele se mantenha) ocorre devido aos gases voláteis, ricos em alicina e compostos de enxofre, que são emanados do estômago durante a sua digestão e ascendem pelo esôfago à boca. Outro efeito que pode se somar ao anterior é que, ao ser digerido e assimilado, a alicina e os compostos sulfurosos ganham a circulação sangüínea e chegam aos pulmões, onde são expelidos e produzem assim o "bafo de alho", em muitas pessoas. Obviamente que este último efeito ocorre com mais intensidade quando quantidades maiores de alho são consumidas.
Então, o que fazer? Durante uma refeição em que se esteja ingerindo alho cru, a dica básica é ingerir pequenas quantidades de azeite de oliva (na salada, por exemplo) e um suco ácido, pois eles tendem a neutralizar e diminuir o odor. Depois, assim que terminar a refeição, procure escovar os dentes (e usar fios dentais) e use anti-sépticos bucais aromáticos, sem esquecer a velha balinha de hortelã ou similares...
Para evitar o odor proveniente do alho no estômago, tome suco concentrado de maçã, ou mesmo coma duas maçãs, pois essa fruta tende a reduzir as emanações dos gases de alho. O sumo fresco de maçã é uma dica antiga e infalível para o mau hálito.
Para o caso de persistência do hálito de alho, provavelmente devido à presença dos componentes na respiração, o melhor é tomar um chá forte de hortelã ou menta, que disfarçam o problema e até ajudam a eliminar.
Em todos os casos, os anti-sépticos bucais aromáticos estão indicados e podem ser usados a cada hora, não por causa da sua capacidade de combater germes, mas pelo aroma perfumado que ajuda a reduzir o hálito carregado.
Para quem usa suplementos à base de alho, há produtos confeccionados com alho desodorizado, à disposição no comércio.
Fonte:
[1] Dr. Márcio Bontempo, Alho: Sabor e Saúde, Editora Alaúde, 2007.
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