quinta-feira, julho 24, 2008

 

O Colesterol - 1


Colesterol é um tipo de substância gordurosa (lipídio) essencial à vida e, portanto, presente em todo o nosso corpo. Ele é produzido (sintetizado) principalmente pelo nosso fígado e, também, adquirido através da nossa dieta alimentar. Problemas orgânicos surgem quando a quantidade de colesterol é excessiva ou deficiente em nosso organismo.

Apenas cerca de um terço do colesterol existente nos alimentos que ingerimos é absorvido pelo nosso corpo. Os outros dois terços é expelido através das nossas fezes [1]. Colesterol alto pode levar ao surgimento de doenças cardiovasculares que, por sinal, são a principal causa de mortes no Brasil e no mundo. Um em cada três brasileiros morre por problemas cardiovasculares, mais especificamente por arterosclerose - o acúmulo de placas de gordura nas artérias, com conseqüências gravíssimas, como infartos e derrames. Cigarro, hipertensão, diabete e outros fatores têm, também, um papel importante em todo esse drama.

A dificuldade é que o colesterol é um assassino silencioso. Longe de ficar aparente na barriga, nos pneus e nos culotes, como os outros tipos de gordura que acumulamos, ele circula pelo sangue sem dar sinais e ninguém vê. Reduzir o seu excesso não nos faz mais bonitos para encarar o espelho, não deixa o corpo mais ágil para subir e descer escadas e nem sequer nos torna mais bem-aceitos socialmente.

Manter os níveis de colesterol correto é um investimento comparável a um seguro de previdência privada: os benefícios só aparecem após muitos anos abrindo mão de uma porcentagem do salário, sem torrá-lo em prazeres imediatos. No controle do colesterol, a disciplina é imposta via certas restrições na dieta, pelo tempo dedicado ao exercício físico e, se necessário for (geralmente não é), pelo uso de medicamentos - enfim, pela mudança de hábitos. Não se trata aqui apenas de aumentar a quantidade, mas a qualidade dos anos que temos pela frente. Afinal, se por vezes não tira a vida, um infarto sempre faz estragos, a começar pelo impacto emocional. Que dirá, então, do desgaste físico de cirurgias de ponte de safena, angioplastias, cateterismos, derrames, demência (principal causa de demência costuma ser vascular)...

Culpada e condenada pelos médicos por causar tantos males, vamos reconhecer: essa gordura, que já foi muito associada ao ovo de galinhas, é essencial para uma série de estruturas e produtos do nosso organismo. Todas as células - isso mesmo, todas - precisam de colesterol. Ele integra suas membranas, tornando-as mais fluidas, o que permite a entrada e a saída de substâncias. Os neurônios do cérebro também são forrados dele, que serve de matéria-prima para formar uma grossa capa gordurosa com a função de isolante. Graças a ela, os impulsos nervosos podem ser transmitidos com eficiência e rapidez. Os ovários, os testículos e as glândulas supra-renais também utilizam o colesterol para sintetizar seus hormônios (cortisol, testosterona, progesterona e aldosterona). Ou seja, não há homem ou mulher capaz de sobreviver sem essa substância.

Por causa desses motivos nobres, a natureza nos criou como verdadeiras fábricas de colesterol. Afinal, o fornecimento de uma substância tão importante para o nosso organismo não pode depender apenas de meios externos. Seria arriscado demais. Assim, somente cerca de 30% do colesterol de que dispomos chega ao sangue por meio do que comemos. No mais, o corpo mesmo se vira para gerar. Os próprios órgãos e tecidos produzem parte do colesterol que utilizam, mas a grande maioria dele é fabricada pelo fígado, o centro regulador da oferta e da demanda dessa molécula vital.

[continua]

Referência:
[1] Livro de Raul Dias dos Santos, Derrube o Colesterol!, Editora Abril (Saúde! é vital), São Paulo-SP, 2008.

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