terça-feira, março 24, 2009

 

Carne e Mortalidade


"A vida só vem da vida, e da morte só vem doenças e morte", Jesus Cristo.

Como as carnes de animais são duplamente mortas antes de serem ingeridas (mata-se primeiramente o animal e, depois, mata-se suas propriedades vitais no fogo, cozinhando-as), é óbvio que a ingestão dessas substâncias mortas são prejudiciais ao nosso corpo, como relatado no artigo abaixo [1].

Reduzir carne vermelha diminui mortalidade
Pesquisa publicada no Jama acompanhou 500 mil pessoas durante dez anos
Para pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% em mulheres poderiam ter sido adiadas com a redução de carne vermelha

Um estudo divulgado hoje no Jama, Journal of the American Medical Association (revista da Associação Médica Americana) aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 mil norte-americanos de 50 a 71 anos de idade.

Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas - o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 gramas a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.

No caso de doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta as chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração.

Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade de coronária do hospital Albert Einstein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol".

Além disso, ele alerta para os condimentos. "O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação".

Câncer

Os riscos de câncer estão principalmente relacionados à forma de preparação de qualquer tipo de carne. Sabe-se que, durante o cozimento em altas temperaturas (como se preparam normalmente todas as comidas cozidas!), são formadas aminas heterocíclicas, substâncias reconhecidamente cancerígenas. As maiores temperaturas são atingidas ao grelhar na chapa e ao fritar com pouco óleo o alimento. Por esse motivo, indica-se a preparação no forno ou em um cozido.

O churrasco também traz perigo. Durante a preparação, a fumaça do carvão libera alcatrão e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias também cancerígenas. "A associação é feita principalmente com as carnes vermelhas, porque elas são preparadas mais frequentemente em churrasco ou na chapa", afirma Fábio Gomes, nutricionista do INCA (Instituto Nacional do Câncer).

Segundo o cirugião oncológico Benedito Mauro Rossi, do Hospital A.C. Camargo, a relação entre consumo de carne e câncer está muito bem estabelecida, inclusive no Brasil. A distribuição geográfica do câncer no intestino, por exemplo, mostra que no Amapá, a incidência do tumor é de 1,51 caso por 100 mil habitantes, enquanto que no Rio Grande do Sul, a terra do churrasco, a incidência é de 28,5 casos por 100 mil habitantes.

Outro mecanismo desencadeante de câncer seria o excesso de ferro no organismo, ocasionado pelo alto consumo de carne vermelha, uma importante fonte desse mineral. Muito ferro pode causar danos oxidativos e agredir as células do intestino grosso, o que leva ao câncer.

Já as carnes processadas, como linguiças, charque e hambúrgeres, são conservadas com nitritos e nitratos, substâncias que, no estômago, são transformadas em nitrosaminas, que aumentam as chances de ocorrer um câncer no estômago e no intestino. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU) é de que a ingestão de carne (excluindo frango e peixe) não ultrapasse os 300 g por semana (no Brasil o consumo médio é de 484 gramas por semana).

Como a carne vermelha é boa fonte de ferro, para compensar sua menor ingestão é indicado aumentar o consumo de vegetais folhosos verde-escuros, que também são ricos nesse mineral.

Referência:
[1] Julliane Silveira e Cláudia Colluci, Jornal Folha de S. Paulo, Seção Saúde, pg. C7, 24 de março de 2009.

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