sexta-feira, maio 18, 2007

 

Osho e Tantra: Saraha, o Fundador do Tantra - 3


Você pode nem ter ouvido o nome de Saraha, mas ele é o fundador do Tantra e um dos maiores benfeitores da humanidade. Ele nasceu dois séculos depois de Buda. O Tantra converteu o Tibete, e Saraha é o seu fundador, assim como Bodhidharma é o fundador do Zen. Bodhidharma conquistou a China, a Coréia, o Japão... Saraha conquistou o Tibete.


Algumas coisas sobre a vida de Saraha. Ele nasceu em Vidarbha, que é parte do estado de Maharashtra, na Índia. Ele era filho de um brâmane muito instruído que estava na corte do rei. Ele tinha 4 irmãos, todos grandes eruditos. Saraha, no entanto, era o caçula e o mais inteligente deles. Saraha renunciou a tudo e se tornou um sannyasin, um buscador, discípulo de Sri Kirti.

O rei ficou chocado com isso, porque Saraha era brâmane; se ele quisesse se tornar um sannyasin, deveria se tornar um sannyasin hindu, mas em vez disso ele escolheu um mestre budista, Sri Kirti. A primeira coisa que Sri Kirti disse a Saraha foi: "Esqueça-se de tudo sobre o Veda; esqueça toda a sua aprendizagem, toda aquela tolice." Foi difícil para Saraha, mas ele abandonou toda a sua aprendizagem e se tornou novamente inculto.

Esta é uma das maiores renúncias... É fácil renunciar à riqueza, é fácil renunciar a um grande reino, mas renunciar ao conhecimento é uma das coisas mais difíceis do mundo. Em primeiro lugar, como renunciar? O conhecimento está no seu interior; você pode fugir do seu reino, pode ir para o Himalaia, pode distribuir a sua riqueza, mas como pode renunciar ao seu conhecimento? É muito doloroso voltar a ser ignorante; essa é a maior austeridade que existe, tornar-se novamente ignorante, tornar-se novamente inocente como uma criança. Mas Saraha conseguiu e ele passou a ter a fama de um grande meditador.

Saraha teve uma visão de que uma mulher do mercado seria a sua professora. Primeiro, uma mulher, e segundo, no mercado! O Tantra floresceu no mercado, no meio da vida. Ele não é uma atitude de negação, mas de completa positividade. O Tantra nunca foi machista; para entrar no Tantra você precisará da cooperação de uma mulher sábia. A mulher que Saraha encontrou fazia arcos e flechas e, portanto, era da casta mais baixa da Índia. Isto também é simbólico: o instruído precisa ir ao vital, o falso precisa ir ao real.

O terceiro ponto a ser lembrado sobre o Tantra é que ele diz: quanto mais culta e mais civilizada for uma pessoa, menor a possibilidade dessa pessoa ter uma transformação tântrica. Quanto menos civilizada, quanto mais primitiva, mas viva é a pessoa. Quanto mais você fica civilizado, mais fica falso e artificial. Ao ficar muito refinado, você perde suas raízes na terra, fica com medo do mundo confuso e começa a fazer pose como se não fosse do mundo. O Tantra diz que para encontrar a pessoa real você precisará ir às raízes. Os que ainda não são civilizados nem instruídos nem cultos são mais vivos, têm mais vitalidade. No mundo daqueles que ainda são primitivos há a possibilidade de começar a crescer; você cresceu numa direção errada; eles ainda não cresceram e podem escolher a direção certa; eles têm mais potencial, não têm nada para desfazer e podem agir diretamente.

[continua]

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