segunda-feira, janeiro 24, 2011

 

O Corpo


O ser humano está no corpo, mas não é o corpo. O corpo é lindo, tem de ser amado e respeitado, mas a pessoa não pode se esquecer de que ela não é o corpo, ela é só quem mora nele. O corpo é um templo que o hospeda, mas você não é uma parte dele. Ele é uma contribuição da terra, enquanto você vem do céu. Em você, como em todos os seres encarnados, a terra e o céu se encontram: trata-se de um caso de amor entre ambos.

No momento em que você morre, nada morre de fato. Só quem está de fora tem essa falsa impressão. O corpo volta para a terra para passar por um breve repouso e a alma volta para o céu para ter também um pequeno repouso. Várias outras vezes o encontro acontecerá. De milhões de formas diferentes, o mesmo jogo continuará. É um acontecimento eterno, nunca termina.

No entanto, se alguém fica muito identificado com o corpo, isso cria infelicidade. Se você começar a achar que é o próprio corpo, a vida fica pesada demais. Coisas pequenas passam a incomodar, qualquer dorzinha é forte demais: basta um arranhão para a pessoa ficar agitada e desorientada.

É preciso manter uma pequena distância entre você e o seu corpo. Essa distância é criada quando a pessoa fica consciente do fato de que ela não pode ser o corpo. "Eu estou consciente dele, portanto ele é um objeto da minha consciência, e qualquer coisa que seja objeto da minha consciência não pode ser a minha consciência. Ela está observando, testemunhando e tudo o que é testemunhado está separado de mim".

Quando essa experiência se aprofunda, a infelicidade começa a desaparecer e evaporar. A dor e o prazer se aproximam, o sucesso e o fracasso se tornam a mesma coisa, a vida e a morte já não são diferentes. A pessoa não tem escolha; vive num estado sereno de ausência de escolhas. Essa tem sido a busca de todas as religiões. Nesse estado, Deus desce à terra. Na Índia, nós o chamamos de samádi; no Japão, de satori; os místicos cristãos o chamam de êxtase.

A palavra "êxtase" é muito significativa, quer dizer "movimento para fora". O movimento para fora do seu próprio corpo, com a consciência de que você está separado dele. No momento em que isso acontece, você volta a fazer parte do paraíso perdido: o paraíso é recuperado.

Fonte: Osho, Corpo e Mente em Equilíbrio, Editora Sextante, 2008. ISBN 978-85-7542-349-3.

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