domingo, janeiro 23, 2011

 

Relaxamento e Celebração


Pare de perseguir objetivos na vida e passe a celebrar. O relaxamento é a situação em que a sua energia não vai para lugar algum, nem para o futuro nem para o passado: ela fica com você, no aqui e no agora. No casulo silencioso da sua própria energia, em seu calor, você fica aninhado. Esse momento é tudo o que há. Não existe outro. O tempo pára e vem o relaxamento. Se o tempo está passando, não existe relaxamento. O relógio pára, não existe tempo. Este momento é tudo o que existe. Você não pede mais nada, apenas usufrui do momento presente. Coisas comuns são apreciadas porque elas são belas. Na verdade, nada é comum - se Deus existe, tudo é extraordinário.

Há apenas as pequenas coisas... Andar na grama quando as gotas de orvalho ainda não evaporaram e sentir-se totalmente presente - a textura, o toque da grama, o frescor do orvalho, a brisa da manhã, o sol se elevando no céu. Do que mais você precisa para ser feliz? Basta deitar á noite no lençol fresco da sua cama e sentir a textura; sentir o lençol se aquecendo, envolvido pelo manto da escuridão, pelo silêncio da noite. Com os olhos fechados, sinta a si mesmo. Do que mais você precisa? Isso já é demais - uma gratidão profunda brota em você e isso é relaxamento.

Relaxamento significa que este exato momento é mais do que suficiente, mais do que você pediu ou esperava. Não há nada mais a pedir, o que você tem já é mais do que suficiente, é mais do que você poderia desejar - a sua energia não vai para lugar algum. Ela vira um casulo tranquilo. Dentro da sua própria energia, você se dissolve. Esse momento é o relaxamento, que não vem nem do corpo nem da mente; vem do todo. É por isso que os budas nunca se cansam de dizer "Não deseje nada", porque sabem que, se existir o desejo, você não consegue relaxar. Sempre dizem "Enterre os mortos", porque, se você se preocupar demais com o passado, você não consegue relaxar. Sempre dizem "Desfrute deste exato momento".

Jesus disse: "Olhe os lírios do campo. Aprenda com eles - eles não trabalham, porém são mais bonitos e têm mais esplendor do que o rei Salomão. Eles se adornam com um perfume mais delicioso do que o do rei Salomão. Olhe, aprenda com os lírios do campo!".

O que ele queria dizer com isso? "Relaxe! Você não precisa trabalhar duro - na verdade, tudo é providenciado!" Jesus diz: "Se ele olha pelos pássaros do céu, pelos animais, pelas feras selvagens, pelas árvores e plantas, por que se preocupar? Ele não cuidará de você?" Isso é relaxar. Por que se preocupar tanto com o futuro? Olhe os lírios do campo, observe-os e seja como eles - e depois relaxe. O relaxamento não é uma postura, mas uma transformação completa na sua energia.

A energia pode ter duas dimensões. Uma delas é motivada, vai para um determinado lugar, segue um objetivo; o momento presente é só um meio, e o objetivo será um outro lugar que precisa ser alcançado. Essa é uma das dimensões da sua energia, a dimensão da atividade, voltada para um certo objetivo. Nesse caso, tudo é um meio de se conseguir alguma coisa; algo precisa ser feito e você tem de atingir o objetivo, para depois relaxar. Mas, para esse tipo de energia, o objetivo nunca chega, porque ela nunca pára de transformar todo momento presente num meio para chegar a alguma outra coisa que está sempre no futuro. O objetivo está sempre no horizonte. Pode-se correr o tempo todo, mas a distância será sempre a mesma.

Existe também um outro tipo de energia, a celebração desmotivada. O objetivo está aqui, agora; o objetivo não está em algum outro lugar. Na verdade, você é o objetivo. Não há outra realização que não seja o momento presente - aprenda com os lírios do campo. Quando você é o objetivo, quando ele não está no futuro, quando não há nada para se alcançar, basta celebrar esse momento: isso indica que você já o alcançou. Essa energia desmotivada é o relaxamento.

Portanto, para mim, existem dois tipos de pessoa: aquela que quer alcançar objetivos e aquela que celebra a vida. As pessoas voltadas para objetivos são loucas; pouco a pouco, vão ficando malucas e elas mesmas causam essa maluquice. O outro tipo de pessoa não persegue objetivos - não é alguém que esteja em uma busca, mas alguém que celebra.

É isso o que eu ensino: celebre! O que você já tem é até demais: as flores desabrocham, os pássaros cantam, o sol brilha no céu - celebre! Você está respirando, está vivo e tem consciência - celebre! E, então, de repente, você relaxa, a tensão se dissipa e acaba a angústia. Toda a energia que antes gerava angústia agora se torna gratidão: seu coração passa a bater com uma profunda gratidão e isso é uma prece, é a essência de todas as preces.

Não é preciso ter nada para conseguir isso. Só compreenda o movimento da energia, o movimento desmotivado da energia. Ela flui, mas não na direção de um objetivo; flui como uma celebração. Move-se, mas não tem um fim, move-se por causa da sua própria energia transbordante.

Não há lugar algum para ir, isto aqui é tudo. Toda a existência culmina neste exato momento. Toda a existência já está fluindo neste exato momento. Tudo o que existe é o fluir para este momento - aqui e agora. Viva desmotivadamente, deixe que a vida seja só um transbordamento da sua energia. Compartilhe, mas não negocie, não faça barganhas. Dê porque você tem, não para conseguir algo em troca, do contrário você ficará infeliz.

O que é preciso praticar, então? Você deve ficar cada vez mais à vontade. Ficar cada vez mais no aqui e agora. Ficar cada vez mais na ação e cada vez menos na atividade. Ficar cada vez mais oco, vazio, passivo. Ser cada vez mais um observador - indiferente, sem expectativas, sem desejos. Ser feliz consigo mesmo, do jeito que você é. Celebrar.

Fonte: Osho, Corpo e Mente em Equilíbrio, Editora Sextante, 2008. ISBN 978-85-7542-349-3.

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