domingo, outubro 14, 2018

 

Políticos no Além



Quando as pessoas, e os políticos em particular, despertam no além, geralmente percebem quantas besteiras fizeram enquanto possuíam um corpo físico [1].

A verdadeira revolução não derrama sangue e foi deflagrada há quase dois mil anos. A não-violência (adotada por Martin Luther King e mahatma Gandhi) é o único caminho, embora mais longo. Quando tivermos que erguer a cabeça contra o poder corrupto, contra a tirania, contra o despotismo, não nos esqueçamos de que a tirania, o despotismo e o poder corrupto são doenças. Evidentemente, se alguém tem um acesso de loucura que ameaça destruir bens e seres humanos, é preciso contê-lo, mas é necessário que o amemos. Conter os loucos não é violentá-los nem matá-los.

Os sistemas autoritários de todos os tempos têm como pretexto para sua implantação a segurança. Essa é a palavra chave de todos eles. A propósito de segurança, eles impõem a insegurança e o medo. A segurança deles se nutre de insegurança daqueles a quem dominam. Os sistemas autoritários, reinem eles nos países ou nas famílias, têm como protótipos o medo e a insegurança, principais responsáveis por sua implantação. 

Decepcionar é, também, cometer violência. É possível matar sem dar um tiro e sem provocar uma lesão no corpo. O assassínio também se verifica quando destruímos a fé, quando falseamos a verdade em nosso proveito, quando não somos fiéis a nós mesmos. 

Hipocrisia é também uma forma de violência; tripúdio sobre os sentimentos alheios é, igualmente, uma das formas mais repulsivas de violência. E a não-violência é o mais difícil, é o mais longo, mas é o único e o melhor dos caminhos. 

Há, no plano espiritual que cerca os mundos, um nível em que são registrados pensamentos, palavras e emoções dos habitantes desses mundos. Os ocultistas chamam a esse nível de registro acásico, memória da natureza, o nome não importa. No além, um orador, inflamado, era sustentado por entidades tenebrosas que, igualmente, lhe usavam as forças para a vampirização e toda espécie de malefícios, inclusive a incrementação de profundas discórdias sociais e a potencialização de vírus maléficos, que provocavam doenças. As forças expedidas pelo orador casam-se às forças semelhantes a ele. Essas energias combinam-se e constituem uma psicosfera carregada de negatividade, de ódio. Toda essa dinâmica do mal provoca verdadeiras catástrofes, convulsões sociais, guerras, e até fenômenos naturais de consequências funestas que têm, como contribuição e componente, essas forças que partem da alma humana. A palavra, o pensamento e a emoção podem matar, podem arruinar e podem destruir.

O homem realizou maravilhosas conquistas na área da tecnologia e, sob alguns aspectos, no campo social, mas nada avançou no que se refere ao seu lado transcendente e espiritual. Os monstros por ele gerados, ontem, continuam vivos hoje no cerne do seu ser, e ele não se aplicou ao trabalho alquímico da transmutação dessas energias; por isso, elas o perseguem. Ele terá que se haver com elas para transmutá-las e não para lhes ceder campo. Se essa segunda coisa acontece, ele retém sua marcha evolutiva, retarda-se, porém não recua (não retrocede); vai recapitular, recapitular, até aprender. Os enigmas que você traz em sua alma, só você pode decifrá-los; as charadas que você construiu para si mesmo, só você pode resolvê-las; ninguém as resolverá por você. Nos bancos escolares da vida espiritual, não existe a cola, e ai daquele que, por travessura estudantil, tente recorrer a ela! Será compelido, pelo azorrague da vida e da Lei, a avançar, porque não avançar seria morrer, e a morte é  uma palavra que não existe no dicionário cósmico. 

O esquecimento do passado é uma bênção, quando ainda não se está suficientemente maduro para compreendê-lo e ultrapassá-lo. O que está dentro de nós não morre, transforma-se! 

O totalitarismo é a presença absoluta do estado não só na economia, mas nas consciências. É a sufocação de todas as liberdades em função de uma só ideologia e de um só modo de viver. Às vezes até de um só modo de se vestir. O totalitarismo pretendia que alguns cidadãos constituíssem uma espécie de elite, não a propósito de suas virtudes ou da sua sabedoria, mas a propósito de sua inteligência e de seu poder; essa elite devia dominar as massas. Saiba que, quanto mais livre for sua alma, tanto mais rapidamente ela evoluirá. O totalitarismo, na maioria dos casos, muda de direção; quando não consegue oprimir pelo estado, oprime pelas grandes corporações.

Aos tiranos, lembrai-vos de que vossos pretensos serviçais vos temem, vos bajulam, mas vos odeiam. Não digo que vos amam, afirmo que vos odeiam. Sem o saberdes, estais sendo apunhalados pelas costas por aqueles que dizem obedecer-vos, porque ninguém suporta o jugo de uma tirania. Apercebei-vos de vossa própria escravidão e não mais escravizareis os outros. Que os violentos de todas as procedências ouçam a voz que, há dois mil anos, se levantou no monte, afirmando: "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra". Que sejamos felicitados pela nossa paz e que não nos esqueçamos de que a não-violência é o mais longo, é o mais difícil de todos os caminhos, mas é o único caminho. 

Os xenófobos são bitolados, a ninguém mais vêem senão ao seu povo: "Tudo pelo meu país, o resto que se arranje". Os apátridas são soltos, desenraizados, não se prendem a nada, porque tanto se lhes dá. O seu egoísmo não lhes permitem olhar senão para si mesmos. Os patriotas ou nacionalistas, os "verdadeiros nacionalistas e patriotas", cultuam o universo a partir do seu quintal, porque sabem que matar um povo ou uma cultura é matar a humanidade. Os xenófobos são doentes, porque nada vêem senão o seu próprio umbigo cultural e se apegam às suas pátrias, não tanto pela cultura, mas pelas riquezas de que possam desfrutar, por serem filhos dessas pátrias. Soltos, os apátridas estão desorientados. Quem é solto vai para onde o vento o leva, não tem destino certo; seu destino não é o da evolução, mas o da dispersão. Ao contrário, os verdadeiros patriotas ou nacionalistas sabem desferir altos vôos, porque se lembram de onde aprenderam a construir as suas próprias asas, sabem compartilhar com os outros aquilo que é só seu, sabem ser livres, sendo ao mesmo tempo solidários.

Que sejamos felicitados pela paz. Oremos pelo país e pelo mundo.

Que a paz esteja convosco!

Referência:
[1] Luiz Antônio Millecco (1932-2005), Políticos no Além, Editora Lachâtre, 2018.

Marcadores: , , , , , , , ,


Comments: Postar um comentário

<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?