segunda-feira, julho 22, 2024

 

Dúvida e Crença

A maneira como a ciência aborda a existência e a maneira como a religião faz isso eram, no passado, duas perspectivas separadas e inconciliáveis. Isso acontecia devido à insistência das velhas religiões em superstições, sistemas de crença, negação dos questionamentos e da dúvida. Na realidade, não existe nada de inconciliável entre ciência e religião, nem existe separação entre elas. Mas a religião insiste na crença - e a ciência não pode aceitá-la.

 A crença está encobrindo a sua ignorância. Ela nunca revela a você a verdade; ela só lhe dá certos dogmas, certos credos, e você pode criar uma ilusão de conhecimento por meio deles. Mas esse conhecimento não passa de uma ilusão. Qualquer coisa quw se baseie apenas na crença é falsa. Como as religiões insistem continuamente na crença e o método básico da ciência é a dúvida, aconteceu a separação e elas se tornaram inconciliáveis. Tudo continuará desse jeito se a religião não enfrentar o desafio da dúvida.

Na minha maneira de ver, só existe a ciência, com duas dimensões. Uma dimensão enfoca a realidade exterior e a outra dimensão enfoca a realidade interior. Uma é objetiva, a outra é subjetiva. Os dois métodos não são diferentes, assim como não são as suas conclusões. E ambos têm a dúvida como ponto de partida.

A dúvida tem sido tão condenada que você se esqueceu da beleza que ela tem, da riqueza que ela tem.

A criança não nasce com nenhuma crença, ela nasce com uma consciência curiosa, incrédula, cética. A dúvida é algo natural, a crença não é. A crença é imposta pelos pais, pela sociedade, pelos sistemas educacionais, pelas religiões. Todas essas pessoas estão a serviço da ignorância, e têm feito isso há milhares de anos. Têm mantido a humanidade na escuridao e havia uma razão básica para isso: se a humanidade viver na escuridão, se nada souber sobre a realidade, é muito fácil explorá-la, escravizá-la, ludibriá-la, condená-la à miséria e à dependência.

As velhas religiões não estavam preocupadas com a verdade. Elas falavam sobre ela, mas estavam mais interessadas em manter a verdade longe dos olhos das pessoas. Até pouco tempo atrás elas tiveram êxito, mas agora todas estão agonizando. E quanto mais rápido perecerem, melhor. Afinal de contas, por que você precisa de uma crença? O saber dispensa a crença. Mas o cego acredita na luz; ele tem de acreditar, pois não enxerga. E a crença também mantém a pessoa religiosa cega. No momento em que você enxerga a luz, você não precisa mais acreditar nela; você a vê, sabe que ela existe. A crença só mostra a sua ignorância, a sua cegueira - mas, no entanto, lhe dá uma noção falsa de que você sabe algo.

[continua]

Fonte consultada:  Osho, O Livro da sua Vida - Crie o seu próprio caminho para a liberdade, Editora Pensamento-Cultrix, 2019. ISBN: 978-85-316-0975-6

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