segunda-feira, janeiro 09, 2012

 

Sociedade e Alegria


A sociedade tem criado uma mente repressiva, uma mente negativa em relação à vida, uma mente contrária à alegria. A sociedade é muito contrária ao sexo. Por que a sociedade é tão contrária ao sexo? - porque se você permite que as pessoas tenham prazer sexual, não consegue transformá-las em escravos. É impossível - uma pessoa alegre não pode ser transformada em um escravo. Esse é o truque. Apenas as pessoas tristes podem ser escravas. Uma pessoa alegre é livre; tem um tipo de independência de si mesma.

Você não pode recrutar pessoas alegres para a guerra. Impossível. Por que elas deveriam ir para a guerra? Mas se uma pessoa reprimiu sua sexualidade, ela está pronta para ir à guerra porque não consegue gostar da vida. Ela se tornou incapaz de gostar, assim é incapaz de ser criativa. Agora, ela só consegue fazer uma coisa: destruir. Todas as suas energias se tornaram venenosas e destrutivas. Está pronta para ir à guerra - não apenas pronta, mas está esperando para ir. Ela quer matar, quer destruir. Na verdade, enquanto destruir seres humanos, ela sentirá uma grande alegria de entrada. Essa entrada poderia ser no amor, e teria sido bela. Quando você penetra no corpo de uma mulher ao fazer amor, é uma coisa. É espiritual. Mas quando as coisas dão errado e você penetra o corpo de alguém com uma espada, é feio, é violento, é destrutivo. Mas você está procurando um substituto para a penetração.

Se a sociedade pode ter total liberdade em relação à alegria, ninguém será destrutivo. As pessoas que amam de modo bonito nunca são destrutivas. E as pessoas que puderem amar de maneira bonita e ter a alegria de viver não serão competitivas. Esses são os problemas.

É por isso que as pessoas primitivas não são tão competitivas. Elas estão aproveitando suas vidas. Quem se importa em ter uma casa maior? Quem se importa em ter mais dinheiro no banco? Para que? Você está feliz com sua mulher ou com seu homem e está tendo alegria na vida. Quem quer se sentar no mercado de trabalho por horas e horas, dia após dia, ano após ano, esperando que, um dia, tenha um bom dinheiro na conta para poder se aposentar e viver a vida? Esse dia nunca chegará. Não poderá chegar, porque durante toda a sua vida, você se manteve um cético.

Lembre-se de que as pessoas de negócios são céticas. Elas dedicaram tudo ao dinheiro. Mas um homem que conhece o amor, a emoção do amor e o êxtase dele não será competitivo. Ele será feliz se puder ter seu pão de cada dia. É esse o sentido da oração de Jesus: "O pão nosso de cada dia dai-nos hoje". Isso é mais do que suficiente. Mas Jesus parece tolo. Ele deveria ter pedido: "Dai-nos uma conta bancária com mais dinheiro". Ele só pede o pão de cada dia? Um homem alegre nunca pede mais do que isso. A alegria é muito compensadora.

Apenas os seres não-realizados são competitivos, porque eles pensam que a vida não é aqui, é lá. "Eu preciso chegar a Brasília para me tornar o presidente", ou à Casa Branca para me tornar isso ou aquilo. "Preciso chegar lá, a alegria está lá" - porque eles sabem que não existe alegria aqui. Por isso, eles não param. Estão sempre tentando, e nunca alcançam. E o homem que conhece a alegria, está aqui. Por que ele deveria ir a Brasília? Para quê? Ele está muito feliz onde está. Suas necessidades são muito pequenas. Ele não tem desejos. Certamente tem necessidades, mas não desejos. As necessidades podem ser realizadas, os desejos, nunca. As necessidades são naturais, os desejos são pervertidos.

Essa sociedade toda depende de uma coisa, e é a repressão sexual; caso contrário, a economia será destruída, sabotada.

A guerra desaparecerá, e com ela todo o arsenal de guerra, e a política se tornará sem sentido, e os políticos não serão mais importantes. O dinheiro não terá valor se as pessoas puderem amar. Como elas não podem amar, o dinheiro torna-se o substituto, o dinheiro torna-se o amor delas. Então existe uma estratégia sutil. O sexo deve ser reprimido, caso contrário, toda a estrutura da sociedade desabará.

Apenas o amor solto no mundo trará a revolução adequada. O comunismo não deu certo, o fascismo não deu certo, o capitalismo não deu certo. Todos os "ismos" falharam porque, no fundo, todos eles reprimem o sexo. Neste ponto, não há diferença - nenhuma diferença entre Washington e Moscou, Beijing e Délhi - nenhuma diferença. Todos eles concordam com uma coisa: que o sexo tem de ser controlado, que as pessoas não têm a permissão de ter uma alegria inocente no sexo. Para mudar o equilíbrio, vem o tantra; o tantra é um remédio, por isso ele enfatiza tanto o sexo. As tão conhecidas religiões dizem que o sexo é pecado, e o tantra diz que o sexo é o único fenômeno sagrado. O tantra é um remédio. O zen não é um remédio. O zen é o estado em que a doença já desapareceu - e é claro, com a doença, o remédio também. Quando você está curado de sua doença, você não continua carregando a prescrição e o frasco de remédio por aí. Você os joga fora. Eles vão para o cesto de lixo.

A sociedade comum é contra o sexo. O tantra vem pra ajudar a humanidade, para devolver o sexo à humanidade. E quando o sexo é devolvido, o zen aparece. O zen não tem qualquer atitude. O zen é saúde pura.

Fonte: Osho, Entregue-se ao amor, Editora Celebris, 2006. ISBN 85-89219-59-3.

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