terça-feira, setembro 19, 2017

 

Platão e Aristóteles


Platão e Aristóteles defendiam coisas diferentes, pela qual uma negava a outra. Começando pelo primeiro, Platão defendia que absolutamente tudo que pertence ao "mundo dos sentidos" é feito de materiais que o tempo trata de desfazer mas, por sua vez, todas as coisas materiais nascem de uma "forma" atemporal, que é tanto eterna quanto imutável.

Para Platão, aquilo que é eterno e imutável não é nenhuma "substância fundamental" que pertence ao mundo físico, mas sim modelos ou padrões espirituais ou abstratos dos quais derivam todos os outros fenômenos.

Por exemplo: o cavalo, ele envelhece, passa a mancar, adoece e morre, mas a verdadeira "forma do cavalo" é eterna e imutável. A essas formas Platão deu o nome de ideias. Atrás de todo cavalo, porco ou ser humano existe um "cavalo ideal", um "porco ideal" ou um "ser humano ideal".

Em síntese, Platão quis dizer que deve haver uma realidade própria atrás do "mundo dos sentidos". A essa realidade ele chamou de "mundo das idéias". Lá estão os modelos, eternos e imutáveis, por detrás dos diferentes fenômenos que presenciamos na natureza; é no mundo da ideias que se enraíza a natureza humana.

Aristóteles, em determinado momento de sua vida, e que era seguidor de Platão, passou a contradizê-lo e deixou de seguir seus ideais. Isto porque Aristóteles era um famoso naturalista, e como tal, observador perspicaz da natureza, passou a enxergar nela a verdade e o local onde deveria o homem procurar a máxima, e, deste modo, a mesma estaria no mundo tangível e não naquele defendido por Platão.

Seu adágio era de que não havia ideias natas. Para Platão, o mais alto grau da realidade está naquilo que pensamos com a razão. Para Aristóteles, ao contrário, o mais alto grau da realidade está naquilo que sentimos com os sentidos. Daí que começa a disputa entre racionalistas (razão como verdade) e empiristas (sentido como verdade). Tem-se assim o mundo concreto dos sentidos, defendido por Aristóteles e o mundo inefável das ideias, defendido por Platão.

Kant juntou a divisão entre Platão (racionalista) e Aristóteles (empirista), demonstrando que ambas estão corretas, tendo positividades e negatividades.

O cérebro esquerdo, que a grande maioria utiliza com mais magnificência do que seu oposto, está associado à parte lógica, analítica e estruturada. Já o hemisfério direito, condiz com a imaginação, criatividade, etc. Platão trabalhava mais com o cérebro direito (criativo, abstrato) e Aristóteles mais com o esquerdo (raciocínio lógico e analítico). Por isso, cada um defendia seu ponto de vista como o correto, sem se darem conta que era com a união dos dois que grandes pensadores fariam jus de suas obras, pois colocariam os dois hemisférios em prática.

A partir do momento que o ser humano está inserido no seu devido presente na matéria, a única maneira de acessar o "mundo das ideias" defendido por Platão, ironicamente, é através daquilo que ele negava como fonte de verdade, ou seja, é pelo "mundo dos sentidos" de Aristóteles. Para Platão, todos os fenômenos na natureza não passavam de uma sombra das formas ou ideias eternas, não descortinando para a verdadeira contemplação de como as coisas da natureza realmente são por trás das coisas.

O conhecimento sensível pode deixar de ser limitado ao ir para o campo da ideia, pois a ideia é ilimitada; isso faz com que a egrégora continue sendo alimentada, sempre tendo novos conhecimentos agregados, sendo então sempre crescente.

Fonte: Bruno Borges, TAC: Teoria de Absorção do Conhecimento, Arte e Vida - Infinity Editorial, 2017. ISBN: 978-85-69359-04-3.

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