sexta-feira, janeiro 26, 2018

 

O Guardião do Sétimo Portal


Trechos deste livro [1] de Maura de Albanesi.

Tudo em nós é aproveitado para o nosso crescimento e o dos outros. Sempre serviremos com o que temos para servir. Nada é desperdiçado. Até os maus servem à lei, mesmo sem o saberem. O que fazemos para o outro também fazemos para nós. Essa é a lei da reciprocidade.

No astral existiam corpos mergulhados no limo sujo, gosmento, despontando somente cabeças de pessoas com os olhos esbugalhados e fixos no nada. Ele sentiu o frio invadir o seu corpo. De repente, um movimento em seus pés chamou-lhe a atenção. Para seu espanto, ele estava pisando numa cabeça que chorava alucinada. A religião é a maior fonte formadora de culpas.

A felicidade real vem do pouco que se tem. Quando a felicidade se baseia no muito que se conquistou, ficamos abalados por qualquer infortúnio. São os valentes e os brutos que o céu aguarda. Só os valentes terão a coragem de enfrentar o mal e seguir. Faça seu trabalho. Mas faça para o bem. A morte é apenas do corpo. Nosso espírito é imortal. O corpo é apenas um instrumento necessário para as tarefas que o espírito precisa realizar na Terra. Você se sente fraco  quando seu corpo está envelhecido e, ao morrermos, ficamos somente com o corpo etérico, que guarda as memórias do corpo físico.

Nós vamos à Terra sempre com duas missões: uma pessoal, que visa adquirir sabedoria, conhecimento e também, quando estamos prontos, reavaliar nosso carma; a segunda missão é  coletiva, que está a serviço de uma contribuição com o desenvolvimento da Terra e do povo que lá está encarnado. Ambas se interligam para que possamos evoluir nas leis do amor. Estamos em desenvolvimento. Nossas escolhas nos colocam em situações das quais nos arrependemos depois, mas sempre conseguimos tirar grandes lições de nossos erros. Só nós mesmos temos a condição de nos fazer mal. O mal que acreditamos fazer é o mal que infligimos em nós mesmos, assim como o bem que fazemos ao próximo é o bem que fazemos a nós mesmos. Lembre-se disso e não caia na tentação de se estagnar na culpa. É curando que se é curado.

Após o almoço (em um mosteiro terrestre), todos retornaram ao dormitório por quarenta minutos para o repouso do corpo e a digestão dos alimentos comidos. Quem não consegue controlar o corpo, nunca conseguirá controlar a mente. O corpo responde a impulsos e reflexos imediatos do desejo do que virá, e a alma responde a impulsos de desejo do que realmente é. Se não estiverem equalizados a alma e o corpo, o que se quer e o que se tem realmente, perde-se a função dos dois, ocasionando dor ao corpo. Dor no corpo é dor da alma em dessincronia com o corpo. É quando se valoriza mais o ter em vez do ser. Assim como a árvore está fixa sem estar parada, nós também estamos em movimento mesmo quando nosso corpo não se movimenta. Apesar de a árvore estar parada, há uma movimentação. A seiva que sobe pelo caule, os nutrientes da terra, a fotossíntese realizada pelas folhas, o crescimento e desenvolvimento da árvore. Se não houvesse movimento, como poderia haver tamanha transformação? Há sempre algo sendo movimentado (nas coisas vivas) e, mesmo que invisível aos nossos olhos, é perceptível ao nosso sentimento. Para tudo há um devido tempo e cada um tem o próprio desenvolvimento. Nunca se deve comer por comer, pois o alimento tem a função única e exclusiva de nutrir o corpo. 

Treinar e obter conhecimentos têm de andar lado a lado. Se um desponta mais, o outro perde o sentido. O conhecimento teórico aguça a intuição. A intuição só se mantém com o treino e a prática intensa. Somente assim entramos na estabilidade espiritual. O queixume enfraquece o espírito. Se você não encontrar o fácil, sempre viverá o difícil. A culpa não faz andar para frente. Não há culpa nem punição. Apenas agem as leis de causa e efeito que a todo instante incidem sobre todos os seres. O sofrimento é um simples processo de lapidação da alma. Não há julgamentos, a própria alma é que se julga e se recrimina e a culpa a adoece. Nunca há força energética exterior que cause isso. A liberdade se estende até onde o espírito é capaz de ir e este limite tem a ver com seu crescimento, aceitação, compreensão de um todo e, acima de tudo, com sua capacidade de amar.

Cada dimensão requer uma frequência vibracional. Se o corpo etérico de algum espírito não se adequa perfeitamente àquela vibração, é preciso usar certas "capas energéticas". Os carmas só são purificados na Terra. É necessária uma nova ação concreta baseada na lei do amor. No mundo espiritual realizamos o que sabemos, ampliam-se conhecimentos que devem ser testados e provados na carne, mas não se adquirem novas habilidades (no mundo espiritual). O nascimento na Terra é o caminho para a evolução do espírito. A Lei do Carma é o conjunto de todas as suas ações em vida e suas consequências. Não importa o que o outro faça a você, mas como cada um reage diante dos acontecimentos. A Lei do Carma atua na ação tomada pelo espírito. Se uma criança já aprende como se dá o manuseio da faca e, ainda assim, opta por ferir pessoas com este instrumento, aí sim ela desencadeia rachaduras em sua alma, pois, quando ferimos o outro com consciência, ferimos a nós mesmos. E este processo de ferimento em si e no outro é que dá início à roda cármica. Muitos conhecimentos se adquirem no mundo espiritual. A Terra é para sedimentar no espírito os verdadeiros conhecimentos. Só assim eles farão parte essencial do espírito. Conhecimento sem prática é o grande laboratório de carma. Conhecimento adquirido na Terra penetram eternamente no espírito. Conhecimentos adquiridos no mundo espiritual devem ser praticados na Terra para firmarem no espírito. Não veja o carma como punição, já que nada se pune, pois é a consequência natural dos atos e sua repercussão na alma. Assim que você fecha uma ferida, sua vibração muda drasticamente e, desta forma, você ajudará os outros. 

Na morte nos desfazemos apenas do invólucro corpóreo. Seu corpo físico morreu, mas o seu espírito continua vivendo. Dependendo do grau de evolução de conhecimento e sabedoria, é permitido ao espírito escolher em qual dimensão quer atuar, auxiliando no equilíbrio e bem-estar dos demais. O amor sempre está presente, de um jeito ou de outro, pois essa energia permeia tudo. Uma pequena gota de amor move oceanos. Na Terra sempre há alguém por perto servindo de canal para o amor celestial. Esse é o grande círculo da vida! Tudo gira em torno do amor. A doença abre as portas da fé, facilitando a assimilação de energia.

Como nos libertamos das redes cármicas? Tendo ações concretas, repletas de amor. É o amor que neutraliza o carma. Quando em vida infligimos a dor a alguém ou a nós mesmos, intensificamos o nosso carma, pois encarnamos para agir dentro da lei evolucional do amor: amar ao próximo como a si mesmo. O caminho evolutivo não é linear, é feito de subidas e descidas. O sofrimento e a dor servem para despertar o amor e não é preciso submeter o outro a nenhuma dose a mais do que o próprio sofrimento que cada um já carrega. Como é possível se libertar das redes cármicas? Basta usar o livre-arbítrio e executar ações que comprovem a consciência adquirida. Falar, desejar, se lamentar e pensar não é suficiente. É preciso agir diferente para que aos poucos a pressão dessas redes afrouxe e a pessoa consiga se desvencilhar, não porque alguém a deixou sair, mas porque sua própria frequência não é mais compatível com a rede em questão. Esta é a cegueira em que vivem os humanos: a ilusão de que estão separados de um Todo Unificado e que suas ações não comprometem a todos. Os humanos vivem sustentados por mentiras criadas por eles mesmos. Os humanos, com sua facilidade em criar verdades ilusórias e segui-las com afinco, tornam-se alvos da escuridão. 

Todo poder é separatista e se opõe à unicidade na qual vivemos, permeados pelo amor que não pune. Libertar-se deste emaranhado de correntes a que encarnados e desencarnados estão afiliados desde o início de seu caminho na Terra é um desafio individual e coletivo. Os que se libertarem conseguirão fazer grandes mudanças, contanto que não se iludam novamente, pois a sensação logo após sair das redes é de perda de poder. A consciência traz a clareza, a ação traz o compromisso de agir segundo essa nova consciência. É preciso força, pois para ingressar no novo é necessário abdicar totalmente do velho, sem olhar para trás. No pós-morte humano, tudo se materializa de forma intensa e total, pois não há as distrações que o mundo terreno propicia. Portanto, as consequências aqui são imediatas. Existe um sentido maior a todo sofrimento e dor. Não há valor algum no dinheiro e ninguém deve deter o que não é seu. Dinheiro e ouro são energias que devem fluir. O ódio e as brigas são coisas inúteis. O processo de evolução é como um rio. Todos são levados pela correnteza. Alguns se prendem em alguma pedra por determinado período, mas o fluxo é certo para todos. 

Você morre quando seu corpo não tem mais forças para manter seu espírito. Se o homem viver na Terra sabendo da vida pós-Terra, ele será mais cauteloso em cada atitude que tomar. Não desperdiçará o tempo da Terra. O homem precisa acordar para o amor. Não há outro caminho de salvação a não ser o amor. Liberte-se do desejo de poder, pois ele lhe rouba o verdadeiro poder, que é amar. Não há nenhuma lei que o punirá. A lei serve para conduzí-lo ao caminho do bem. Desperte para o amor. Cessem as guerras na Terra e o inferno não terá como se alimentar e também cessará. Cesse o ódio e dê lugar à paz.

Referência:
[1] Maura de Albanesi, O Guardião do Sétimo Portal, Vida & Consciência Editora, São Paulo, 2015. ISBN: 978-85-7722-439-5.

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