quarta-feira, agosto 30, 2023

 

A Mente que mente

A mente é simplesmente um biocomputador. Quando a criança nasce, ela não tem mente, nenhuma tagarelice é processada nela. Leva praticamente de três a quatro anos para que seu mecanismo comece a funcionar. E é possível perceber que as meninas começam a falar mais cedo do que os meninos. Elas são as maiores tagarelas. Elas têm um biocomputador de melhor qualidade.

São necessárias informações para alimentar a mente, e é por isso que, quando a pessoa tenta se lembrar de sua vida no passado, ela emperra em algum lugar na idade de quatro anos, se for homem, ou na idade de três anos, se for mulher. Para além disso dá um branco.

A mente acumula seus dados a partir dos pais, da escola, de outras crianças, de vizinhos, de parentes, da sociedade, das igrejas... há fontes em tudo ao redor.

Você pode ligar e desligar qualquer computador, mas não pode desligar a mente. O interruptor não existe. Não há referência sobre quando Deus fez o mundo, e fez o homem, de ele ter feito um interruptor para a mente, de modo que a pessoa pudesse ligá-la e desligá-la. Não há nenhum interruptor, portanto, a mente permanece ligada do nascimento até a morte.

Dê um descanso à mente. Ela precisa disso. E é tão simples: basta que você seja apenas uma testemunha para a mente, através da meditação. Pouco a pouco a mente começa a aprender a se aquietar. E uma vez consciente de que, mantendo-se em silêncio, torna-se poderosa, as palavras dela não serão apenas palavras, elas terão um fundamento, uma riqueza e uma qualidade que nunca tiveram antes. Elas ignoram as barreiras lógicas e alcançam o próprio coração. Assim, a mente é um bom servo, de imenso poder, nas mãos do silêncio.

E o ser é o mestre, e o mestre pode usar a mente sempre que for necessário e desligá-la  sempre que não houver necessidade.

A mente está sempre pedindo mais. É um mendigo.

Você não conseguirá satisfazer a si mesmo se ouvir a mente; no entanto, se não ouvir a mente, nesse exato momento a satisfação será toda sua. Pode-se escolher entre o sofrimento da mente... porque a mente permanecerá sempre infeliz, pedindo cada vez mais, pois esse desejo é interminável.

Se a mente da pessoa a domina, mesmo no paraíso ela vai comentar: "Este é o paraíso? Deve haver algo mais!" Todas as coisas parecem muito velhas, podres e usadas, porque estão lá uma eternidade. Todas as pessoas parecem tão tristes e tão sérias, pois também estão lá uma eternidade. Tanta poeira se acumulou sobre elas, que não tem nada para fazer lá, perderam a própria dignidade. Embora tenham alcançado o paraíso, perderam sua condição humana, não podem sorrir.

O riso é proibido no paraíso, sabia?

[continua] 

Fonte: Osho, O livro do ego: Liberte-se da ilusão, Editora BestSeller, Rio de Janeiro, 2022. ISBN: 978-85-7684-710-6.

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