terça-feira, abril 16, 2024

 

As Leis da Vida - 2

 Fonte: Luiz Gasparetto e Lúcio Morigi, Calunga revela As Leis da Vida, Gráfica Vida e Consciência, 2015. ISBN: 978-85-7722-443-2

2. Lei da Transformação: TUDO MUDA

Nada é estático no universo. Nada é constante no universo. A única coisa constante é a Lei. Tudo se transforma, tudo está em movimento, tudo é sempre novo. Quer você queira quer não, tudo vai mudar na sua vida, seja o momento bom ou seja ele ruim. Tudo é momentâneo, tudo é circunstancial.

Se tudo é único e tudo muda, o que passou passou. Sinto muito, mas aquele momento maravilhoso que você teve foi único e não vai se repetir. Aquele sofrimento não vai mais acontecer daquela forma. Poderá ser semelhante, se você não mudar suas crenças e atitudes, mas não será igual.

O que isso quer dizer? Que o novo sempre vem, que o passado já era, que o passado virou ilusão. Por isso o lamento faz tão mal. Quem canta seus males espanta e quem lamenta seus males aumenta.

E por essa razão a saudade é tão prejudicial. Ter uma boa lembrança de momentos da infância ou da juventude, beleza. Você se sente bem, conta para os outros e até ri.

Mas ficar sofrendo de saudade? Ficar se lamentando daquilo que ocorreu? Sabe aquela pessoa que adora contar um drama por que passou? Quem gosta de ficar enaltecendo o passado está preso lá. E quem está preso não vai pra frente. Assim, o presente, que é real, onde podemos realmente transformar, construir algo positivo, é anulado, e o futuro, que depende do presente, estará comprometido.

Tudo muda. Você já não é mais o mesmo de um minuto atrás. O universo todo é só movimento. Se tudo muda, a memória é apenas uma ilusão. O que você guardou de ruim ou de bom da infância não conta mais nada, a não ser que você fique alimentando aquilo com o lamento, aí conta para o pior. Você guardou o fato com a cabeça que tinha na ocasião, nas circunstâncias que havia na época.

Hoje, porém, a sua cabeça é outra, as circunstâncias são outras e nada daquilo existe mais, a não ser na sua memória, como um arquivo de computador, tomando o espaço destinado a novos projetos. Mande tudo isso para a lixeira e delete também o que estiver na lixeira. Esvazie a memória para dar lugar ao novo.

Você quer guardar alguma coisa do passado? Então, guarde só as fotografias, que é para de vez em quando você se reunir com as amigas e morrer de rir das roupas, dos cabelos, de como você era magra.

A cabeça que você tinha no passado era para ser exatamente aquela que foi. Tudo o que você fez ou deixou de fazer foi perfeito. Você fez o que sabia. Não era para ser diferente. Então, é insensatez ficar se lamentando, pois, por se tratar de uma ilusão, perjudica o presente e, consequentemente, seu avanço.

Há um motivo para você querer repetir. É para se sentir segura. Quando se conhece o terreno em que se está pisando, há mais segurança. Na verdade é uma falsa segurança, porque o terreno não é mais o mesmo, já mudou. Então, você vai repetir e vai se dar mal porque vem a desilusão.

Perceba a grande variabilidade, a grande diversidade da vida, e você quer repetir? Não quer mudar? Tem gente que muda para melhorar e tem gente que não muda para não piorar.  A situação não está boa, mas é melhor não mexer porque pode piorar. Em qual dos casos você se encaixa? O acomodado, o avesso a mudanças, sempre vai ter uma vida medíocre.

Outra grande ilusão é querer planejar o futuro. Isso é tão ilusório quanto viver do passado. Hoje você tem uma cabeça, no próximo mês ela não será mais a mesma.

Quando percebemos que tudo é único, que tudo muda, não vamos mais nos segurar em nada nem em ninguém. Desapego não é dispor de bens materiais. Desapego é não se prender a ideias, a nada, a ninguém. Quem se apega fica parado, presa e não progride em nenhuma área da vida.

Desapego é a faculdade de não se prender às ideias, não tem nada a ver com a utilização de bens materiais. Sem dúvida, é preciso ter bom senso para lidar com as posses materiais para que elas não o dominem. Porém, não é o fato de ter posses que caracteriza o apego, mas o fato de estar preso ao mental da coletividade, ao mental inferior, onde ressoam muitas crenças de pessoas segundo as quais a materialidade é tudo, desconsiderando a existência do espiritual.

Desapego é a faculdade de mudar a frequência do aparelho mental, do mental inferior para o Mental Superior.  A alegria é a boa sintonia da frequência da Alma. O desânimo e a tristeza são decorrentes de pensamentos e ideias características do mental inferior, onde abundam as ilusões.

Apegada é a pessoa que está dominada pelo senso comum, pela mente coletiva, pelo mental inferior, como por exemplo a que cultiva as seguintes ideias: só o que conta é o material; sou mulher, portanto posso isso, não posso aquilo; isso é imoral, aquilo não; sou pai, por isso devo proceder assim; sou casado, por isso não posso isso, aquilo; sou empresário, por isso tenho que me comportar assim, assim; sou religioso, por isso devo e não devo fazer isso, aquilo.

Quando você estiver num momento bom, curta aquilo intensamente, porque vai mudar. Quando estiver passando por um momento ruim, relaxe, porque aquilo também vai mudar. Logo, querer controlar é pura falta de bom senso, pois como é possível controlar algo que, com certeza, vai mudar?

Então largue, relaxe. Largue o passado para não sofrer de angústia. Largue o futuro para não ter ansiedade. Tudo isso interfere negativamente no presente e atrapalha o processo de materialização daquilo que você tanto deseja. O passado é coisa da mente que atrapalha o espírito a agir.

O espírito só entra em ação no processo de materialização quando a mente não interfere. Espírito e mente não ocupam o mesmo espaço. Os dois não se misturam. Ou é um ou é outro. O espírito sempre obedece. Como ele é sutil, sempre cede espaço para algo mais denso. Dessa forma, largue, ceda, não resista, para que seu espírito possa agir.

Se tudo se transforma, se tudo muda, qual a razão de você se apegar a alguém, a algo, aos fatos, às ideias? Não faz nenhum sentido, não é mesmo? Apego é só uma ilusão na sua fantasia. É querer tornar sua uma coisa que não é. Você não tem nada, senão aquilo que está dentro de você.

Quando a gente gosta de alguém ou de algo, é a alma de verdade gostando desse alguém ou de alguma coisa. A alma sente um fenômeno de identificação. Eu sou a coisa e a coisa sou eu, de tão familiar que é o sentimento de gostar, o sentimento do amor. É tão familiar que a alma acha que é essa coisa.

Então, ela sente que tem ou faz todo o esforço para ter, mas como não tem, como isso não é possível, porque tudo passa, tudo é independente, a gente tem sempre uma grande desilusão. Desse modo, não confunda o sentimento de empatia com o objeto ou a pessoa amada, com posse. Você só tem o sentimento, a empatia. Você não pode nem nunca poderá ter nada.

Todas as coisas materiais que você usufrui são temporárias, porque tudo se decompõe, tudo se transforma, ainda mais com a aceleração da tecnologia. Na hora está aqui, tem seu valor e você usufrui. Você tem um aparelho que toca música. Você tem o uso dele até o dia em que o aparelho não for mais utilizável. Aí acabou. Só fica o resto do sabor, e este também acaba.

O que fica? Ficam as transformações que o sabor lhe fez. Você ficou mais suave por causa da música, você desenvolveu sensibilidade, desenvolveu aspectos do seu espírito. Há um acréscimo de habilidades. Essas habilidades você tem. Como as desenvolveu, não tem nem mesmo memória, pois ela fica corrompida e perdida, porque tudo passa. A consciência só tem consistência no aqui e agora, depois ela dissolve, deixando o espaço para o novo (para evitar cristalizar conceitos errados?). Nunca mais seremos os mesmos. Não há jeito de voltar, de segurar. 

Ninguém é filho de ninguém, e ninguém é de ninguém. Tudo é passageiro e circunstancial. Todos somos apenas companheiros de jornada. Tudo muda e você quer continuar segurando. Porém, tem um lado bom disso tudo: seja qual for a sua dor, saiba que ela vai acabar, que ela vai se transformar.

"Ah, mas pode ficar pior". Geralmente, não! Geralmente vai ficar melhor. Quando a função disciplinar da dor acaba, transforma você, então ela deixa de existir. As coisas boas também. Elas fazem as coisas que precisam fazer em você e somem. Aquela alegria, o amor por alguém vão embora, porque você se enjoa daquilo, pois a mesmice deixa tudo muito igual. Somem pelo fato de não haver mais diferenças, contrastes.

A lei é o agora. Quanto mais sua mente estrutura seu funcionamento dentro da lei, mais sábio você se torna, mais poderoso, mais firme e mais forte para fazer o que você quer. Essa é a evolução. Quanto mais desapegado você for, mais amoroso, mais generoso você se torna. Amor é uma coisa de dentro para fora. Você gosta por gostar, porque o gostar já está na sua alma. É espntâneo. O gostar não depende de nada exterior a você. "Ai, eu gosto de gostar!"

Ao se prender aos fatos, às pessoas, às ideias, você está impedindo seu espírito de realizar aquilo que você quer. Você sai da lei do destino, qual seja, que há um propósito divino em cada um, pleno de realizações. Então, deixe ir, deixe passar. Aquelas circunstâncias não exitem mais. São tão-somente uma interpretação sua.

A realidade está fluindo de acordo com as pessoas e as crenças delas, nas pessoas em grupos afinizados, como na família (daí as "doenças hereditárias"...), numa cidade, num país. As afinidades constroem uma realidade que faz as pessoas se unirem a ela desta ou daquela maneira.

Na Terra, em que todo mundo é fruto do coletivo, poucos são os que têm força de ser originais, de ser si mesmos. O mundo é dos fortes. Forte não é aquele que sabe dar porrada. Forte é aquele que tem capacidade de bancar e tem firmeza. Quem é assim escreve seu destino.

Toda transformação ocorre em ciclos. Como tudo é periódico, os  ciclos são evolutivos, como se fossem ciclos superpostos que não se encontram, como numa espiral. A transformação é que gera os ciclos. Ela impulsiona para as desigualdades. Por isso o clima mudou. O ciclo é outro. Vai mudar, nunca vai se repetir. Esse ciclo parece que é igual, mas nunca é, é só semelhante.

As transformações seguem. Você está se transformando. Por isso, se você quer que as transformações fluam com graça, com leveza, com prazer, e que se desenvolvam, não tente mudar. Quando você tenta mudar, você atrapalha o fluxo natural. Tudo que é forçado emperra. As mudanças vêm naturalmente.

Se, por um lado, a diferença pode prevalecer, por outro, nossa tentativa é de permanecer. A gente quer permanecer para se sentir segura. A gente não quer que nada mude para ficar segura, mas é uma falsa segurança. Segurança verdadeira é caminhar com as mudanças.

Quer ficar segura? Caminhe com as mudanças. Jamais se prenda a nada, jamais fique demais com uma ideia, jamais fique demais com uma pessoa, a não ser que esteja ganhando. Varie. Você pode gostar e viver com certa frequência, mas varie. Flua com os instintos. Flua com o novo. Quanto mais você permitir ver tudo novo, mais você vai fluir com suavidade nas transformações. Isso significa juventude.

A juventude pode estar num idoso, naquele que tem disposição, um mecanismo físico em ordem, uma saúde que não precisa de cuidados médicos. Esse tipo de indivíduo, embora tenha sofrido as transformações normais da matéria, sofreu-as com suavidade.

Há idoso com 90, 100, 105 anos que continuam fumando e permanecem inteiraços. O que é isso? É a juventude. O conceito verdadeiro de juventude é a capacidade de se transformar, de seguir as transformações com tal abertura e leveza, que se renova constantemente.

O que falta nesses idosos que estão doentes é motivação, é dança, é ação, é alegria, é interesse, é largar o que acreditaram e começar a aprender tudo de novo. Uma nova paixão é extraordinária, um novo interesse, nem que seja pelos gatos, rejuvenesce.

Portanto, tudo que a pessoa experimenta de novo a mantém fluindo com suavidade. Fluir no tempo com suavidade é juventude interior, e o interior reflete no exterior. Quando alguém morre e vai para o astral num bagaço, por causa da vida que teve, chegando lá com lucidez, melhora. A transformação que a morte produz é sempre uma experiência que ajuda muito a se renovar. Por que?

Porque tem que largar tudo, tem que repensar uma série de dúvidas,porque a vida continua. Então, a pessoa vai se renovando, senão o espírito vai se apagando. Dessa forma, a gente sente que o melhor é fluir com as mudanças.

Por outro lado, aquela pessoa que fica encalhada vai se cansando, vai se deformando, envelhecendo e perdendo a aparência jovem. O povo, em geral, não gosta do novo. Gosta de novidade que não mexa com ela, porque distrai,mas mudar sua rotina, não.

Só se dá bem na vida quem segue o exemplo dela, qual seja, a constante renovação, a constante transformação, a apreciação do novo, pois a vida abomina a mesmice, e quem não estiver de acordo com ela está contra ela. A mesmice é amiga da indiferença, que anula os contrastes, e sem contrastes não há consciência, não há vida.

Sobre o arrependimento de ter feito (ou não) algo no passado: Tudo se transforma no universo. Não há nada estático, mas as pessoas insistem em segurar um passado que já virou ilusão, o qual as impede de progredir na vida, porque aquilo fica lá tomando espaço para o novo se estabelecer. Não há como voltar ao passado para refazer o que foi feito. Então, o jeito é largar o passado pra lá, mesmo porque, segundo a lei da perfeição, tudo que foi feito foi perfeito.

Sobre preocupação com o futuro: Preocupar-se com o futuro faz tão mal quanto ficar ligado no passado. O espaço no subconsciente que a pessoa precisa para plantar o novo e edificar um bom presente, e assim ter um futuro melhor, é tomado por essas crenças ilusórias de que o futuro precisa ser garantido hoje. A pessoa que vive no futuro, prejudica o seu presente. Nada é garantido pela sua mente. Não são os pais que vão garantir o futuro dos filhos. Os filhos terão o futuro deles de acordo com as crenças e escolhas deles.

Tudo muda, tudo se transforma, porque o arbítrio, as escolhas mudam a todo instante e são elas que vão moldar o futuro. A atitude tem que ser exatamente o contrário, se a pessoa quiser ter um futuro melhor que o presente. É viver no aqui e agora, sentir o presente e não se pré-ocupar. Desta forma, o presente fica bom e o futuro também fica bom. É preciso deixar o futuro nas mãos do espírito e confiar, porque o espírito, esse sim, garante tudo, já que ele tem todas as respostas e todas as soluções.

Sobre não gostar de mudanças e o novo trazer insegurança: A pessoa que tem esse tipo de atitude, que no fundo é uma crença muito negativa, não tem o direito de esperar nada de bom da vida. É uma adepta da mesmice, do conformismo. Essa sensação de segurança é totalmente falsa, ilusória. Ela não sabe, mas já está desistindo de viver.

A visita do tédio não demora, depois vem o sentimento de inutilidade, em seguida a depressão, e vai precisar compensar isso com psicotrópicos. Ela fica de frente contra a lei da transformação, em que nada é estático, tudo muda, tudo se transforma e o novo sempre vem. Essa pessoa é uma verdadeira estátua.

A vida só segue aquilo que a gente manda. Só se sente seguro quem se adapta ao novo, às mudanças (aprender a usar um computador, por exemplo), porque o espírito é um eterno insatisfeito. Ele sempre quer o melhor do melhor do melhor. E para melhorar é preciso mudar.

Sobre a pessoa apegada às coisas, aos filhos, à família: Quando tomamos consciência de que nada é estático, de que tudo muda e se transforma, de que tudo é único, não vamos mais nos segurar em nada, nem em ninguém.

No entanto, as pessoas têm um conceito equivocado sobre o desapego. Desapego não é dispor de bens materiais, dispor de companhias agradáveis, de coisas prazerosas da vida, do conforto. Aliás, ter tudo isso é um sinal de prosperidade.

Desapego é não se prender a idéias, a nada, a ninguém. Quem se apega fica parada, presa e não progride em nenhuma área da vida, já que tudo muda. Desapego é a faculdade de não se prender às ideias. O pensamento vive de ideias e imagens. O ser humano não é uma ideia e nem uma imagem.

Desapego não tem nada a ver com a posse e o manejo de bens materiais. Sem dúvida, é preciso ter bom senso para lidar com as posses para que elas não dominem a gente.

Não é o fato de ter posses que caracteriza o apego, mas o fato de estar presa ao mental da coletividade, o mental inferior, onde ressoam muitas crenças de pessoas, segundo as quais a materialidade é tudo, desconsiderando a existência do espiritual.

O apego se caracteriza pela submissão da pessoa à mente coletiva, como a que cultiva idéias como: "só o que conta é o material; sou mulher, portanto posso isso, não posso aquilo; isso é imoral, aquilo não; sou pai, por isso devo proceder assim; sou casado, por isso não posso isso, aquilo".

Tudo são ideias, pensamentos. Se perguntarem às pessoas quem elas são, vão dizer um monte de pensamentos a respeito delas mesmas: "Sou isso porque faço isso, nasci em tal família, estudei aquilo, trabalho lá, tenho tal religião". Acham que têm um elo com o que fazem, com o que foram, com a família, com o trabalho, mas é tudo ilusão.

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