segunda-feira, dezembro 28, 2009
Exercícios e Saúde
Tenho tentado enfatizar em minhas postagens que a Preguiça, caracterizada pela tendência a minimizar os movimentos corporais, é um dos Pecados Capitais mais danosos à nossa saúde. Nas férias (ou na lua-de-mel...), quando geralmente nos movimentamos um pouco mais, normalmente sentimo-nos mais bem dispostos. A prática da Bondade também exige uma minimização da preguiça. No artigo abaixo [1] apresenta-se uma base científica ligando a nossa saúde com a movimentação física do corpo.
Exercícios físicos previnem envelhecimento das células
Estudo mostra efeito sobre os telômeros, estrutura relacionadas à reprodução celular
Novos dados explicam o funcionamento molecular dos efeitos protetores da atividade física sobre várias doenças, como o câncer
A prática regular de exercícios previne o encurtamento dos telômeros, estrutura da célula envolvida na reprodução celular. O achado é de um estudo alemão, publicado no periódico científico "Circulation".
Quanto mais longo o telômero, mais eficaz essa reprodução. Quanto menor, há menos capacidade de divisão da célula, até que ela, por fim, morre. Os telômeros representam a parte terminal dos cromossomos. Seu papel é preservar com a maior fidelidade possível o código genético.
"Com o passar do tempo e a divisão sucessiva das células, os telômeros tendem a reduzir de tamanho, perdendo o efeito protetor do código genético", diz Antonio Herbert Lancha Jr., fisiologista do Laboratório de Nutrição e Matabolismo da Escola de Educação Física da USP.
Segundo ele, o encurtamento dos telômeros faz com que a célula perca suas características e uma das consequências é o envelhecimento dessa estrutura (constituindo, portanto, "a maldição do sedentarismo").
"O telômero mostra o grau de saúde da célula, quanto mais saudável, mais longe da morte. Essas células provavelmente vão envelhecer bem mais tarde", diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Esse estudo alemão mostrou que o exercício físico em atletas profissionais leva à ativação da enzima telomerase, responsável por estabilizar o telômero.
"A importância desse achado é que, ao preservar a integridade dos telômeros, é como se estivéssemos preservando a nossa informação genética. Assim impediríamos que mudanças estruturais ocorressem, prevenindo algumas doenças, como o câncer", diz Lancha Jr.
Para chegarem a esse resultado, os pesquisadores compararam leucócitos (células do sangue) de quatro grupos de voluntários. Um era composto por 32 corredores profissionais jovens, com idade média de 20 anos. Outro era formado por atletas profissionais mais velhos, com idade média de 51 anos, com um histórico de atividade física regular.
Ambos foram avaliados e comparados com um grupo de pessoas saudáveis, não-fumantes, porém sedentárias, de várias idades. Não houve grande diferença no tamanho dos telômeros entre os atletas jovens e os sedentários jovens. Porém, eles eram significativamente mais longos nos mais velhos (não-sedentários).
A análise das amostras colhidas revelou uma ativação da enzima telomerase nos atletas - nos jovens e nos mais velhos - em comparação com os sedentários.
Segundo os pesquisadores, a ativação da enzima telomerase, a longo prazo, diminui o encurtamento dos telômeros.
Para os autores do estudo, os dados melhoram o entendimento molecular dos efeitos protetores do exercício sobre doenças relacionadas ao envelhecimento.
"As células têm apoptose, a morte programada, e o estudo reforça a idéia que outros fatores podem alterar essa programação, como os hábitos de alimentação e a atividade física", diz Zogaib.
Referência:
[1] Gabriela Cupani, Jornal Folha de S. Paulo, Seção Saúde, pg. C7, 28 de dezembro de 2009.
A prática regular de exercícios previne o encurtamento dos telômeros, estrutura da célula envolvida na reprodução celular. O achado é de um estudo alemão, publicado no periódico científico "Circulation".
Quanto mais longo o telômero, mais eficaz essa reprodução. Quanto menor, há menos capacidade de divisão da célula, até que ela, por fim, morre. Os telômeros representam a parte terminal dos cromossomos. Seu papel é preservar com a maior fidelidade possível o código genético.
"Com o passar do tempo e a divisão sucessiva das células, os telômeros tendem a reduzir de tamanho, perdendo o efeito protetor do código genético", diz Antonio Herbert Lancha Jr., fisiologista do Laboratório de Nutrição e Matabolismo da Escola de Educação Física da USP.
Segundo ele, o encurtamento dos telômeros faz com que a célula perca suas características e uma das consequências é o envelhecimento dessa estrutura (constituindo, portanto, "a maldição do sedentarismo").
"O telômero mostra o grau de saúde da célula, quanto mais saudável, mais longe da morte. Essas células provavelmente vão envelhecer bem mais tarde", diz o fisiologista Paulo Zogaib, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Esse estudo alemão mostrou que o exercício físico em atletas profissionais leva à ativação da enzima telomerase, responsável por estabilizar o telômero.
"A importância desse achado é que, ao preservar a integridade dos telômeros, é como se estivéssemos preservando a nossa informação genética. Assim impediríamos que mudanças estruturais ocorressem, prevenindo algumas doenças, como o câncer", diz Lancha Jr.
Para chegarem a esse resultado, os pesquisadores compararam leucócitos (células do sangue) de quatro grupos de voluntários. Um era composto por 32 corredores profissionais jovens, com idade média de 20 anos. Outro era formado por atletas profissionais mais velhos, com idade média de 51 anos, com um histórico de atividade física regular.
Ambos foram avaliados e comparados com um grupo de pessoas saudáveis, não-fumantes, porém sedentárias, de várias idades. Não houve grande diferença no tamanho dos telômeros entre os atletas jovens e os sedentários jovens. Porém, eles eram significativamente mais longos nos mais velhos (não-sedentários).
A análise das amostras colhidas revelou uma ativação da enzima telomerase nos atletas - nos jovens e nos mais velhos - em comparação com os sedentários.
Segundo os pesquisadores, a ativação da enzima telomerase, a longo prazo, diminui o encurtamento dos telômeros.
Para os autores do estudo, os dados melhoram o entendimento molecular dos efeitos protetores do exercício sobre doenças relacionadas ao envelhecimento.
"As células têm apoptose, a morte programada, e o estudo reforça a idéia que outros fatores podem alterar essa programação, como os hábitos de alimentação e a atividade física", diz Zogaib.
Referência:
[1] Gabriela Cupani, Jornal Folha de S. Paulo, Seção Saúde, pg. C7, 28 de dezembro de 2009.
Marcadores: envelhecimento, enzimas, exercícios, preguiça, saúde, telomerase, telômeros