sábado, fevereiro 03, 2018

 

A Cura pela Água - 3

 Trechos deste livro [1] de Louis Kuhne (1835-1901)

A doença é a presença de substâncias estranhas no corpo. As substâncias estranhas se apresentam nele desde o nascimento ou nele se introduzem pela admissão de substâncias prejudiciais ao corpo. O corpo procura expulsá-las pelo intestino, pelos pulmões, pelos rins e pela pele; e, se não logra seu intento, deposita-as por toda parte. É assim que se alteram as formas do corpo, coisa que se nota melhor no lugar mais estreito: no pescoço e no rosto. O foco da fermentação das substâncias estranhas se acha no nosso baixo-ventre.

Febre é uma fermentação produzida em nosso corpo. A fermentação é oriunda de substâncias estranhas que se depositaram no corpo. A causa disso é uma digestão insuficiente, ou melhor, a introdução excessiva de alimento insuficiente. Chamo também de alimentação insuficiente o ar insalubre, misturando-se com gases deletérios. As substâncias em fermentação ocupam muito maior espaço do que antes de fermentarem. Esta fermentação não é outra coisa senão uma esfregadura (atrito) que produz necessariamente o calor. O estado produzido pela fermentação chamamos de febre. A febre pode ser cortada pelo seguinte processo: deve-se fazer tudo por abrir os poros da pele; é preciso fazer com que o corpo transpire: assim cessará imediatamente a febre. Mas, ao mesmo tempo, é preciso libertar o calor por um processo refrescantes (banhos frios). As substâncias estranhas são eliminadas pelos órgãos excretórios naturais, via urina e suor (e expiração), pelos intestinos e pela transpiração. Depois dos banhos frios, deve-se fazer com que a pessoa sue. Deve-se abrir as janelas de dia e de noite para que na casa haja sempre ar fresco. Durante o tratamento há necessidade de se guardar uma dieta adequada, pois os alimentos excitantes e muito temperados com sal e pimenta, de carne, etc. favorecem a quentura e impedem o seu desaparecimento.

A pele é um órgão de excreção importante; tem ela principalmente a missão de expulsar as substâncias mórbidas que se acumulam na superfície do corpo. O suor outra coisa não é senão a substância estranha que foi expulsa do interior pela fermentação. A pele deve funcionar constantemente para que o corpo não adoeça. Toda a pessoa com saúde tem a pele quente e úmida. A pele seca e fria denota um sintoma de doença. Durante todo o tempo em que não há defecações suficientes  (condição de prisão de ventre), a natureza emprega a pele como principal órgão de excreção. Somente quando se torna impossível efetuar a transpiração de outra maneira é que se torna necessário recorrer aos processos artificiais, dando às crianças até banhos de vapor no corpo inteiro. Durante o tempo em que a criança estiver acamada a janela deve permanecer um pouco aberta tanto de dia como de noite a fim de manter constantemente um ar fresco. Por assim dizer, a cabeça é o ponto final do corpo. Postas em movimento, as massas em fermentação sempre encontram na cabeça um limite insuperável. As substâncias em fermentação tendem constantemente a subir e, se a cabeça opõe óbice a seu livre desenvolvimento, elas atuam especialmente sobre estes últimos obstáculos. Quando se trata de cerveja ou do vinho, todos sabem que a fermentação se desenvolve com maior dificuldade e com maior lentidão na temperatura baixa da adega. As substâncias estranhas que se encontram no corpo obedecem também a esta lei da natureza. Um aumento de calor favorece toda fermentação, ao passo que o frio a impede, detém e destrói por completo. 

Aplicamos  com êxito contra a varíola tão temida igual método curativo que o aplicado contra as demais doenças. Isto só é possível quando a doença tem causa igual às anteriores, isto é, a acumulação de substâncias estranhas no corpo, o que é o que realmente acontece. A vacina poucas garantias oferece contra a varíola. A vacinação introduz artificialmente e de modo direto substâncias estranhas no sangue. Quando carece o saber, facilmente se crê nos prodígios...

A tosse, seja ela como for, deve ser encarada como sinal de doença grave, porque o homem sadio não deve tossir nem cuspir. A tosse só se produz quando a pressão das substâncias estranhas se dirige para cima, por estar bloqueada a saída natural por baixo. Ou a pele funciona mal ou os rins e os intestinos não desempenham perfeitamente suas tarefas.

As crianças atacadas de coqueluche apresentam os sintomas tão conhecidos da fermentação; isto é, têm também febre. As massas querem sair pelo pescoço e cabeça, embora nestas partes o corpo não tenha órgãos excretórios. A primeira coisa que se deve fazer é deixar que o doente sue logo. Logo que o suor se manifesta, a tosse se acalma consideravelmente; e se a digestão melhora, a tosse desaparece por completo num espaço de tempo indeterminado. Todas as febres agudas não são mais do que um esforço curativo do corpo, que trata de expulsar as substâncias estranhas. Por conseguinte, deveríamos saudar com regozijo cada uma dessas febres agudas (crises curativas).

Banhos de sol diários realizam verdadeiros prodígios em combinação com os banhos de assento com fricção. O calor do corpo humano é o melhor suporífero e o melhor calmante.  A frialdade nas extremidades e uma sensação de frio em todo o corpo torna a doença perigosa; com efeito, isso é prova de que as partes externas do corpo perderam grande parte de sua força vital e ativa pela enorme sobrecarga de substâncias estranhas e de que no interior predomina uma febre devoradora. Neste caso as partes externas do corpo e sobretudo os extremos mais finos dos vasos sanguíneos estão obstruídos pelas substâncias estranhas, de modo que o sangue não pode circular até as partes extremas da pele, o que produz uma sensação de frio. 

Em todos os sintomas mórbidos ocorre uma das duas coisas: sobrecarga de calor ou aumento de frio. Ambos os sintomas são da febre e por isso devem ser combatidos de maneira idêntica. Todas estas diferentes formas de sintomas mórbidos são tendências curativas do corpo. As doenças sufocadas ou reduzidas a estado latente acarretam doenças sempre mais graves e difíceis de curar, porque a substância mórbida nunca permanece inativa no corpo; pelo contrário, é submetida a contínuas alterações e transformações engendrando assim, sem cessar, novas doenças.

Dado que o corpo trabalha muito interiormente (quando doente), é preciso cansá-lo o mínimo possível com a digestão. Portanto, o princípio fundamental consiste em dar ao doente pouco alimento, sem jamais obrigá-lo a comer e beber senão quando ele próprio pede. Uma doença aguda (como varíola, escarlatina, difteria, cólera, sarampo, sífilis, etc) não é mais do que um estado de fermentação no corpo, o qual se esforça por expulsar as substâncias estranhas. Essas substâncias estranhas mudam de forma, segundo a fermentação, apresentando-se como bacilos, bactérias, micróbios e demais micro-organismos tão temidos, que são todos produto da fermentação.

O ato de infecção não é mais do que uma vacina da substância mórbida em fermentação sobre outro corpo pelas vias naturais e numa diluição natural. A substância mórbida específica não pode produzir a fermentação se não encontra no outro corpo uma quantidade suficiente de substâncias estranhas em estado latente. Consequentemente, o perigo de infecção por uma doença aguda só ameaça quem já está suficientemente sobrecarregado de substâncias estranhas, ou seja, aqueles que têm em si próprios predisposição à doença.

Como todos os remédios alopáticos, o veneno inoculado em doses alopáticas atua de maneira paralisadora da força vital do corpo; isto é, tira deste a força de que precisa para expulsar as substâncias estranhas numa doença aguda (crise curativa, febre) e até aumenta a quantidade de substâncias, produzindo um estado morboso crônico ainda mais perigoso. Verifica-se um aumento cada vez maior de todas as enfermidades crônicas (câncer, etc) desde que se passou a aplicar as vacinas. Todos os remédios alopáticos paralisam todos os esforços curativos do corpo e logram unicamente a paralisação do fermento, mas não a expulsão das substâncias estranhas. Daqui é que se originam estas doenças, em outros tempos tão raras, como o câncer, a neurose em alto grau, a loucura, a sífilis, etc. No começo, todo novo medicamento paralisa a força vital, mas o corpo se debilita de tal modo a ponto de só raciocinar com o remédio, até que por fim não pode ser impedida a fermentação das substâncias estranhas e destrói-se a vida.

Se a temperatura (externa, por exemplo) excita igualmente a força vital do corpo, o corpo se esforçará também com intenção curativa do mesmo gênero (febre) para desfazer-se das substâncias estranhas. Quando existe sobrecarga bastante uniforme em certo número de indivíduos, a mesma causa produzirá o mesmo efeito simultaneamente em muitos (já) doentes; e é assim que se geram as epidemias.

O ar puro deve constituir a primeira condição da moradia de um doente. Todos os perfumes ("bom ar") e desinfetantes aplicados no interior da moradia não expulsam as substâncias estranhas presentes; pelo contrário: simplesmente contribuem para que o ar seja ainda pior e mais impuro. Além disso, estes desinfetantes exercem simultaneamente uma ação paralisadora sobre o guardião de nossa saúde, o "nariz", tornando-o insensível às mais  nauseabundas emanações dos doentes: agem, pois, exatamente como os medicamentos supracitados, não para fazerem bem, mas para provocar uma piora.

O corpo recebe, do meus banhos frios, um aumento da força vital que o torna capaz de expulsar, em seguida, o veneno das doenças. Sem substâncias estranhas, nada de doenças, nada de infecção! Quem sabe manter seu corpo limpo interiormente e não somente no exterior, está a salvo de toda infecção. Portanto, a limpeza é a mãe da saúde. Com isso se vê claramente que não há nada de mais insensato do que as medidas de segurança que a medicina escolástica toma contra as doenças contagiosas.

Referência:
[1] Louis Kuhne, Cura pela Água: A Nova Ciência de Curar, Hemus Editora, 7ª Edição, 1996.

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