segunda-feira, janeiro 17, 2011
Harmonia de Corpo, Mente e Alma
Seu corpo é energia, sua mente é energia, sua alma é energia. Onde está a diferença entre essas três coisas? Está só no ritmo, na frequência, no comprimento de onda. O corpo é denso, e é uma energia que funciona de um modo visível.
A mente é apenas um pouco mais sutil, mas não muito mais, porque é possível fechar os olhos e ver os seus pensamentos passando. Eles não são visíveis como o corpo, que é público. Seus pensamentos são particulares, ninguém mais pode vê-los, só você ou pessoas que tenham experiência de ver pensamentos. A terceira e última camada dentro de você é a sua consciência (associada à alma), que não é visível nem mesmo para você. Ela não pode ser reduzida a um objeto, ela é inteiramente subjetiva.
Quando essas três energias funcionam em harmonia, você é uma pessoa saudável e inteira. Se elas não funcionarem em sintonia e de acordo umas com as outras, você fica doente, você deixa de ser inteiro. E ser inteiro é ser puro.
Todo o meu empenho é no sentido de ajudá-lo para que seu corpo, sua mente e sua consciência possam todos dançar num só ritmo, numa comunhão, numa profunda harmonia - nunca em conflito, mas em cooperação.
Consciência é energia, a mais pura energia. A mente não é tão pura e o corpo é menos puro ainda. Mas você só pode conhecer essa consciência se fizer dessas três camadas um cosmos, não um caos. As pessoas estão vivendo o caos: o corpo delas diz uma coisa, quer ir numa determinada direção; a mente está completamente esquecida do corpo porque, durante séculos, ensinaram que ele é um inimigo pecaminoso que deve ser destruído.
Essas idéias o impedem de perceber seu corpo numa dança ritmada consigo mesmo. Essas são idéias tolas, estúpidas, prejudiciais e venenosas, mas vêm sendo ensinadas há tanto tempo que se tornaram parte da mente coletiva.
Por isso a minha insistência na dança e na música, porque somente na dança será possível sentir seu corpo, sua mente e você funcionando em conjunto. Há uma alegria infinita quando todos eles funcionam em conjunto, uma riqueza imensa.
A consciência é a forma mais elevada de energia. Quando todas essas três energias funcionam em conjunto, a quarta vem à tona. A quarta está sempre presente quando essas três funcionam juntas - ela nada mais é do que essa unidade orgânica.
No Oriente, simplesmente chamamos essa quarta energia de "a quarta" - turiya. Não damos qualquer outro nome. As três outras têm nome, a quarta não tem. Conhecer essa quarta é conhecer a Deus. Deus existe quando você está numa unidade orgânica orgástica. Deus não existe quando você está em caos, em desarmonia, em conflito. Quando você é uma casa que se volta contra si mesma, não há Deus algum presente.
Quando você está extremamente feliz consigo mesmo, feliz com o que é, extasiado com o que é, grato pelo que é, todas as suas energias estão dançando juntas; quando você é uma orquestra de todas as suas energias, Deus existe. Esse sentimento de total unidade é Deus. Deus não é uma pessoa em algum lugar, é a experiência das três energias formando uma unidade de tal modo que surja uma quarta. E a quarta é mais do que a soma das outras partes.
Se você dissecar uma pintura, só se deparará com a tela e as várias cores de tinta, mas uma pintura não é simplesmente a soma da tela e das cores, é algo mais. Esse "algo mais" é expresso por meio da pintura, da cor, da tela, do artista - esse "algo mais" é a beleza. Disseque um botão de rosa e encontrará todas as substâncias químicas que o constituem, mas a beleza desaparecerá. A beleza não é constituída apenas pela soma das partes, é algo mais.
O todo é mais do que a soma das partes. Ele se expressa por meio das partes, mas é mais que isso. Deus é aquilo que está além, é esse acréscimo. Não é uma questão de teologia e não pode ser decidido pela argumentação lógica. É preciso sentir a beleza, a música, a dança. No limite, é preciso sentir a dança no seu próprio corpo, na sua mente, na sua alma. Aprenda a tocar essas três energias para que se tornem uma orquestra e Deus se fará presente. Aprenda a fundir corpo, mente e alma, descubra formas de funcionar como uma unidade.
Praticantes de corrida, às vezes, passam por uma grandiosa experiência de meditação. Se você já se deliciou com uma corrida de manhã cedo, quando o ar está fresco, puro e todo mundo está acordando, despertando, e você está correndo... Seu corpo funciona belamente, o ar está fresco, um novo dia nasce depois da escuridão da noite e tudo canta à sua volta. Você se sente tão vivo... Chega um momento em que o corredor desaparece, só fica a corrida. O corpo, a mente e a alma começam a funcionar juntos; de repente, um orgasmo interior acontece.
Aqueles que correm podem, portanto, ter acidentalmente a experiência da quarta energia, da turiya. Se estiverem atentos, os corredores podem chegar perto da meditação com mais facilidade do que qualquer outra pessoa. Correr ou nadar podem ser de extrema ajuda quando essas atividades são transformadas em meditação. Esqueça as antigas idéias sobre meditação, esqueça que sentar sob uma árvore numa postura de ioga é meditação. Esse é só um dos jeitos e pode ser bom para algumas pessoas, mas não para todas. Para uma criancinha, isso não é meditação, é uma tortura. Para um jovem animado, vibrante, isso é uma repressão e não meditação. Talvez para um homem velho, muito vivido, cujas energias estejam em declínio, isso possa ser meditação.
As pessoas são diferentes. Para alguém que tem um nível mais baixo de energia, sentar-se embaixo de uma árvore, numa posição de ioga, pode ser a melhor meditação, porque é a que menos despende energia. Quando a coluna vertebral está ereta, num ângulo de 90 graus com relação à terra, seu corpo gasta a menor quantidade de energia possível. Se você pender para um dos lados ou para a frente, seu corpo começa a gastar mais energia, porque a gravidade começa a puxá-lo para baixo. Você precisa se segurar para não cair. Isso gasta energia. Sentar-se com as mãos unidas sobre o colo também é muito útil para pessoas de baixa energia porque, quando as mãos estão se tocando, a eletricidade do corpo começa a se propagar em círculos, movendo-se dentro de você.
A energia está sempre saindo pelos dedos, ela nunca é liberada a partir de coisas com o formato bem arredondado (isso é conhecido pelos cientistas - físicos e engenheiros elétricos - como poder das pontas). Por exemplo, sua cabeça retém bem a energia elétrica. A energia é liberada pelos dedos dos pés e das mãos (que constituem "pontas" do seu corpo, assim como o pênis). Numa determinada postura de ioga, os pés ficam juntos, de modo que a energia sai por um pé e entra pelo outro; uma mão libera a energia que entra pela outra mão que esteja em contato. Você é abastecido por sua própria energia, forma um círculo interno de energia. Isso é muito tranquilizante.
A postura de ioga é a mais relaxante que existe. É até mais relaxante do que o sono porque, quando você dorme (na posição horizontal), todo o seu corpo sente uniformemente a atração da gravidade. A posição horizontal relaxa o corpo de uma maneira totalmente diferente, pois o leva de volta aos tempos antigos, quando você era um animal e vivia constantemente nessa posição.
É por isso que, deitado, você não consegue pensar direito. Experimente. Você pode sonhar com facilidade, mas não pode pensar com facilidade. Para pensar, você precisa estar sentado. Quanto mais ereto você se sentar, maior a possibilidade de pensar. Pensar é um advento tardio na história humana, que só ocorreu quando o homem passou a andar na vertical. Enquanto ele estava acostumado com a postura horizontal, apenas sonhava. Então agora, ao deitar, você começa a sonhar e pára de pensar. É um tipo de relaxamento, porque o pensamento pára, você regride em termos de consciência.
A postura de ioga é uma boa meditação para aqueles que têm pouca energia, que estão doentes, velhos, que já viveram toda uma vida e agora estão se aproximando da morte.
Correr pode ser uma meditação - praticar jogging, dançar, nadar, sexo, qualquer coisa pode ser uma meditação. Minha definição de meditação é a seguinte: sempre que o corpo, a mente e a alma estão funcionando juntos, no mesmo ritmo, trata-se de uma meditação, porque isso provoca o aparecimento da quarta energia. E, se você está consciente de que faz essa atividade como uma meditação - não como parte dos Jogos Olímpicos -, isso é extremamente belo.
Qualquer que seja a meditação, o princípio básico precisa preencher sempre este requisito: o corpo, a mente e a consciência, todos os três, têm de funcionar numa unidade. De repente, a quarta energia aparece: pode chamá-la de Deus, nirvana, Tao, como você preferir.
Fonte: Osho, Corpo e Mente em Equilíbrio, Editora Sextante, 2008. ISBN 978-85-7542-349-3.
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